O Livro foi escrito em
1872. Til é romance “regionalista” do Autor cuja história ocorre no interior de
São Paulo, precisamente na região de Piracicaba, nas proximidades da
confluência do Rio Piracicaba com Atibaia, na fazenda “das Palmas”.
Recebi mais tarde está informação preciosa:
"José de Alencar esteve em Piracicaba, residindo uma temporada na Usina Monte Alegre, onde criou a base para seu livro "Til", publicado em 1872. O título, aliás, é uma homenagem à forma sinuosa do Rio Piracicaba."
Quanto ao "til" referindo-se à sinuosidade do Rio Piracicaba, o livro não confirma essa informação como explico abaixo.
Os caipiras molharam a
garganta “com um copázio da boa cachaça de Piracicaba...”
O
Autor faz referência também a Santa Bárbara (d’Oeste?) e Tanquinho um bairro
rural de Piracicaba. E, também, Campinas.
Cearense
de Fortaleza, sendo o interior de São Paulo o palco da história, há referência
à força paulista, em meio à mata virgem, descortinando o deserto e rasgando a
terra virgem desconhecida, “partindo
pelos caminhos dágua as expedições que os arrojados paulistas levavam às
regiões desconhecidas de Cuiabá”... em busca do ouro.
O
Autor sempre teve aquela fama de romancista meloso até porque Til fora escrito
na primeira metade do século 19.
Então
todo o recato, embora nas linhas da obra sobressaem cenas de sensualismo entre
jovens namorados e numa outra cena, meio confusa há algum sentido de incesto "ilegítimo", claro que não consumado.
Uma
descrição de corpo de adolescente se tornando mulher. Descrição recatada
“As formas da graciosa pubescência que um corpinho justo
debuxaria em doce e palpitante relevo...”
E
também a descrição de Berta sobre a amiga Linda:
“Quando ela ri faz cócegas no coração! Do corpinho nem se
fala. Que cinturinha de abelha!” (?)
Til,
é aquele sinal da língua portuguesa (~) que Braz, um deficiente mental,
adolescente, se encantara quando tentado que aprendesse o alfabeto e a ler. E o
til o fazia agir de modo insano já não bastassem outras ações próprias de sua
doença:
“Súbito no mato soou um grito bravio, e logo após a voz
estranha...
-
Til!.. Til!.. Til!.. Oh! Til!..”
A história tem um
personagem principal: BERTA
Ela nascera de uma
violência sexual.
Besita, mãe de
Berta, era muito bonita mas desprezada por Luiz Galvão porque era ela pobre e porque
seu pai não admitiria o casamento.
Besita casa-se com
Ribeiro que nem se encerram as festas do casamento viaja para resolver negócios
importantes. E fica muito tempo afastado do lar.
Uma noite, batem à
porta de Besita, entra o “vulto” que ela pensou fosse seu marido mas era Luiz
Galvão que a violaria.
Ao voltar o
marido, à espreita, constata que a esposa tinha uma filha no colo.
Revoltado mata a
mulher e tenta matar a criança, no caso Berta.
A escrava Zena ao
ver a cena enlouquece.
Mas Berta bebê é
salva por Jão.
A partir dali Jão,
o Bugre, o capanga se torna alguém violento e é contratado por um assecla de
Ribeiro para matar Luiz Galvão.
Ele, Jão, fora
criando na fazenda Pilões, de Afonso Galvão, pai de Luiz Galvão.
Ao saber quem seria
a vitima tenta desistir da incumbência, embora odiasse Luiz Galvão porque
violentara Besita e por isso fora morta por Ribeiro.
Luiz Galvão era
casado com Ermelinda e tinham filhos gêmeos Linda e Afonso.
Berta, criada por
Nhá Tudinha, viúva, convivia com Miguel, filho dela. Eles eram apaixonados.
Mas, Berta com
muita bondade, encaminhou Miguel para Linda que também amava o jovem, embora
pobre.
Afonso se aproxima
de Berta mas o romance não prospera porque, afinal, eram irmãos por parte de pai
embora isso fosse um segredo.
Berta controla Jão
e impede que ele mate Luiz Galvão.
Ela também ajudava
muito o deficiente mental (idiota) Braz, sobrinho de Luiz Galvão, cuja mãe
falecera de desgosto pelo seu marido e pelo filho que gerara.
Num dia em que
estavam Linda, Afonso e Berta na casa dos pais dos gêmeos, Braz arremessou um cascavel
pela, janela, no quarto daquela.
Mas, nas
brincadeiras amorosas, Berta se esconde no quarto de Linda e se depara com a
cascavel, mas o réptil não ataca a menina. Roça nas pontas dos seus dedos, avança
sobre os braços da menina, sente cobra a sua maciez e Berta a doçura de uma
carícia.
Aí, uma cena “sobrenatural”?
Outra cena não bem
ordenada se refere ao ataque dos queixadas (espécie de porco selvagem) ferozes.
Lá está Jão e Berta.
Jão sustem a
menina em seus braços para preservá-la do ataque dos animais sentindo, então, todo
o seu corpo jovem.
Quando conseguem
se libertar, Jão controla um terrível “assalto” aos seus sentidos, o que
poderia ser considerado uma tentação de natureza incestuosa.
E por quê?
Porque fora ele
quem dela cuidara sempre e ela o aconselhava e o impedia de praticar ações
violentas.
Mas, Jão, à ameaça
que pesava sobre Berta, acabou assassinando Ribeiro sendo terrivelmente
repreendido por ela pelo crime.
Ela não soube dos
motivos dessa luta violenta.
Quando revelara a
paternidade de Berta Luiz Galvão tudo fizera para reconhecê-la como filha. E
com a concordância de sua esposa Ermelinda, que tempos antes passara a
desconfiar de um segredo de seu marido até que tudo fosse revelado por ele.
Mas, ela recusou
voltando-se para Jão que fora realmente o seu pai.
A partir daí, Jão
passou a trabalhar na roça, serviço que não admitia porque era atribuição dos
escravos.
A cena final do
livro: Miguel está partindo para São Paulo para estudar - depois de dois se
casaria com Linda.
Na despedida, Berta
está abraçada a ele, que se afasta ao ver Braz atirado ao chão com convulsões.
Diz:
- Não Miguel. Lá
todos são felizes. Meu lugar é aqui, onde todos sofrem.
Aos soluços.