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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

TIL de José de Alencar

LIVRO 49

O Livro foi escrito em 1872. Til é romance “regionalista” do Autor cuja história ocorre no interior de São Paulo, precisamente na região de Piracicaba, nas proximidades da confluência do Rio Piracicaba com Atibaia, na fazenda “das Palmas”.

Recebi mais tarde está informação preciosa:

"José de Alencar esteve em Piracicaba, residindo uma temporada na Usina Monte Alegre, onde criou a base para seu livro "Til", publicado em 1872. O título, aliás, é uma homenagem à forma sinuosa do Rio Piracicaba."

Quanto ao "til" referindo-se à sinuosidade do Rio Piracicaba, o livro não confirma essa informação como explico abaixo.

Os caipiras molharam a garganta “com um copázio da boa cachaça de Piracicaba...”
O Autor faz referência também a Santa Bárbara (d’Oeste?­) e Tanquinho um bairro rural de Piracicaba. E, também, Campinas.
Cearense de Fortaleza, sendo o interior de São Paulo o palco da história, há referência à força paulista, em meio à mata virgem, descortinando o deserto e rasgando a terra virgem desconhecida, “partindo pelos caminhos dágua as expedições que os arrojados paulistas levavam às regiões desconhecidas de Cuiabá”...  em busca do ouro.
O Autor sempre teve aquela fama de romancista meloso até porque Til fora escrito na primeira metade do século 19.
Então todo o recato, embora nas linhas da obra sobressaem cenas de sensualismo entre jovens namorados e numa outra cena, meio confusa há algum sentido de incesto "ilegítimo", claro que não consumado.
Uma descrição de corpo de adolescente se tornando mulher. Descrição recatada
“As formas da graciosa pubescência que um corpinho justo debuxaria em doce e palpitante relevo...”
E também a descrição de Berta sobre a amiga Linda:
“Quando ela ri faz cócegas no coração! Do corpinho nem se fala. Que cinturinha de abelha!” (?)
Til, é aquele sinal da língua portuguesa (~) que Braz, um deficiente mental, adolescente, se encantara quando tentado que aprendesse o alfabeto e a ler. E o til o fazia agir de modo insano já não bastassem outras ações próprias de sua doença:
“Súbito no mato soou um grito bravio, e logo após a voz estranha...
- Til!..  Til!..  Til!.. Oh!  Til!..”

 Gostei do livro pelo enredo que de certo modo me surpreendeu. 











A história tem um personagem principal: BERTA
Ela nascera de uma violência sexual.
Besita, mãe de Berta, era muito bonita mas desprezada por Luiz Galvão porque era ela pobre e porque seu pai não admitiria o casamento.
Besita casa-se com Ribeiro que nem se encerram as festas do casamento viaja para resolver negócios importantes. E fica muito tempo afastado do lar.
Uma noite, batem à porta de Besita, entra o “vulto” que ela pensou fosse seu marido mas era Luiz Galvão que a violaria.
Ao voltar o marido, à espreita, constata que a esposa tinha uma filha no colo.
Revoltado mata a mulher e tenta matar a criança, no caso Berta.
A escrava Zena ao ver a cena enlouquece.
Mas Berta bebê é salva por Jão.
A partir dali Jão, o Bugre, o capanga se torna alguém violento e é contratado por um assecla de Ribeiro para matar Luiz Galvão.
Ele, Jão, fora criando na fazenda Pilões, de Afonso Galvão, pai de Luiz Galvão.
Ao saber quem seria a vitima tenta desistir da incumbência, embora odiasse Luiz Galvão porque violentara Besita e por isso fora morta por Ribeiro.
Luiz Galvão era casado com Ermelinda e tinham filhos gêmeos Linda e Afonso.
Berta, criada por Nhá Tudinha, viúva, convivia com Miguel, filho dela. Eles eram apaixonados.
Mas, Berta com muita bondade, encaminhou Miguel para Linda que também amava o jovem, embora pobre.
Afonso se aproxima de Berta mas o romance não prospera porque, afinal, eram irmãos por parte de pai embora isso fosse um segredo.
Berta controla Jão e impede que ele mate Luiz Galvão.
Ela também ajudava muito o deficiente mental (idiota) Braz, sobrinho de Luiz Galvão, cuja mãe falecera de desgosto pelo seu marido e pelo filho que gerara.
Num dia em que estavam Linda, Afonso e Berta na casa dos pais dos gêmeos, Braz arremessou um cascavel pela, janela, no quarto daquela.
Mas, nas brincadeiras amorosas, Berta se esconde no quarto de Linda e se depara com a cascavel, mas o réptil não ataca a menina. Roça nas pontas dos seus dedos, avança sobre os braços da menina, sente cobra a sua maciez e Berta a doçura de uma carícia.
Aí, uma cena “sobrenatural”?
Outra cena não bem ordenada se refere ao ataque dos queixadas (espécie de porco selvagem) ferozes. Lá está Jão e Berta.
Jão sustem a menina em seus braços para preservá-la do ataque dos animais sentindo, então, todo o seu corpo jovem.
Quando conseguem se libertar, Jão controla um terrível “assalto” aos seus sentidos, o que poderia ser considerado uma tentação de natureza incestuosa.
E por quê?
Porque fora ele quem dela cuidara sempre e ela o aconselhava e o impedia de praticar ações violentas.
Mas, Jão, à ameaça que pesava sobre Berta, acabou assassinando Ribeiro sendo terrivelmente repreendido por ela pelo crime.
Ela não soube dos motivos dessa luta violenta.
Quando revelara a paternidade de Berta Luiz Galvão tudo fizera para reconhecê-la como filha. E com a concordância de sua esposa Ermelinda, que tempos antes passara a desconfiar de um segredo de seu marido até que tudo fosse revelado por ele.
Mas, ela recusou voltando-se para Jão que fora realmente o seu pai.
A partir daí, Jão passou a trabalhar na roça, serviço que não admitia porque era atribuição dos escravos.
A cena final do livro: Miguel está partindo para São Paulo para estudar - depois de dois se casaria com Linda.
Na despedida, Berta está abraçada a ele, que se afasta ao ver Braz atirado ao chão com convulsões. Diz:
- Não Miguel. Lá todos são felizes. Meu lugar é aqui, onde todos sofrem.
Aos soluços.