Este livro inspirou
série de TV.
Escrito numa linguagem
direta, a obra adota linha com poucos desvios na narrativa, isto é, o Autor não
deu espaço a descrições, por exemplo, de locais dos eventos, se havia sol ou
não. os detalhes da beleza de uma árvore. Aquela intervenção meio poética encontrada na maioria das
obras.
Assim, a narrativa
avança com facilidade mesclando ficção e realidade.
A ficção se refere às
ações policiais, destacando-se os atos do comissário incorruptível Alberto
Mattos que começa a investigar o assassinato brutal do empresário Paulo Machado
Aguiar Gomes, cuja esposa apaixonara-se pelo empresário Pedro Lomagno.
Mattos tinha uma
avançada úlcera estomacal com risco de agravamento pela eclosão de hemorragia.
Sofria muito com a doença.
Lomagno era casado com
antiga namorada do comissário, Alice, que o abandona passando a viver nos
últimos tempos no apartamento de Alberto Mattos.
Mas, este, tinha Salete
que o amava, mas sustentada por outro personagem. Com o tempo, Mattos começou a
reconhecer que também gostava dela e a preferia e não Alice, que tinha alguns distúrbios
mentais.
As pesquisas
criminológicas concluíram que o assassino do empresário Aguiar Gomes seria um
homem negro.
No começo o comissário
pensou que o assassino fosse o guarda-costas de Getúlio Vargas, Gregório
Fortunato (personagem real, histórico para dar mais autenticidade à ficção) mas depois percebeu o engano.
Alberto Mattos,
considerando as condições precárias das celas em sua delegacia, libertava no
seu turno os presos recolhidos no turno anterior.
Essas celas ficaram de
tal modo lotadas, muito além de sua capacidade até que, num certo dia, já decidido
a deixar de ser policial para voltar a advogar, libertou todos, mesmo os já
condenados.
É que as celas exalavam
odor insuportável, mistura de suor, hálito e sujeira das celas.
Pelo modo como agia em
suas investigações, indispôs-se com um banqueiro do jogo do bicho que, não
aceitando a humilhação que a ele impusera o policial, contratou pistoleiro para
assassiná-lo.
Voltou atrás por
pressão de outros banqueiros do bicho, mas não conseguiu encontrar o
pistoleiro.
Este chega ao
apartamento do policial, mas é detido por ele e preso.
Depois, o pistoleiro
seria assassinado por outro policial que não deixou vestígios do crime, somente
a desconfiança de Mattos.
Mattos, na continuidade
de suas investigações chegou ao senador Freitas, um homossexual exacerbado que
poderia ser o mandante do crime do empresário Aguiar Gomes. Havia negociatas envolvendo o senador que o empresário sabia. Sabia demais.
Clemente, secretário do
senador contrata um pistoleiro para “liquidar” o comissário.
Já não mais policial
após libertar todos os presos, com o agravamento de sua úlcera, chamara Salete
para levá-lo ao hospital. Nesses preparativos, batidas na porta do apartamento.
Salete abre a porta e se depara com um homem negro, forte.
Era o pistoleiro.
Era o pistoleiro.
Antes que agisse,
Mattos lhe entrega um anel com a letra F que retivera quando estivera na cena
do crime do empresário Aguiar Gomes.
O pistoleiro Chicão reconhece
como seu o anel de ouro e volta a colocar no dedo.
Não poupa nem o comissário e nem Salete, assassinando os dois.
Na ficção há muitos
outros personagens e episódios interessantes. A leitura fácil, com capítulos
bem divididos entre a ficção e a realidade, incentivam conhecer o desfecho da
trama.
No trato da parte histórica, o agosto
de 1954 ficou marcado pelo suicídio de Getúlio Vargas.
A origem do agravamento da crise
política se dera com o atentado a Carlos Lacerda na rua Tonelero no dia 5 que
recebeu um tiro no pé mas um outro fora fatal, atingindo o major-aviador Rubens
Florentino Vaz. O militar fazia a segurança de Lacerda.
Lacerda, opositor ferrenho de
Getúlio, pelo seu jornal, demolidor nos seus discursos não poderia continuar
vivendo e criticando o presidente como fazia.
Com o atentando que resultou na morte
de um militar as Forças Armadas que se mantinham acompanhando os eventos
políticos, garantindo a ordem constitucional, assumiram o inquérito juntamente com
a polícia.
Tudo levava a crer que o atentado
partira do Catete, por ordem de Getúlio. Falava-se de um “mar de lama” no
palácio.
Mas, as investigações levaram aos culpados.
O plano fora estabelecido por Gregório Fortunato, fidelíssimo chefe da
segurança de Getúlio que contratou alguns capengas. O 'pistoleiro', um marceneiro desempregado Alcino João Nascimento que disparou os tiros. O major Vaz foi alvejado porque avançara contra o pistoleiro, segurando a arma. E nessa ação, foi atingido por dois tivos. Envolvido, também, diretamente no atentado, um certo Climério de Almeida membro da guarda de segurança de Getúlio.
Todos foram presos e condenados.
Nesse meio tempo, porém, os militares
às vezes um pouco indeciso resolveram que Getúlio deveria renunciar.
A solução fora o afastamento
temporário de Getúlio, assumindo o vice Café Filho. Mas, se sabia que esse
afastamento, na realidade, significava a deposição do presidente.
Getúlio dizia que só sairiam do
Catete morto.
No dia 10 com um tiro no peito,
praticou o suicídio.
Houve distúrbios populares, jornais
depredados, vandalismos, a ação policial severa no Rio de Janeiro.
O Autor, no relato desses episódios,
insere detalhes pouco explorados, como discursos a favor e contra Getúlio,
tornando a leitura atraente. Afinal, aqueles episódios dos primeiros 15 dias de
agosto de 1954 seriam peça de ficção bem engendrada, não fossem reais.