Talvez nem sempre
seja bom a releitura de livro de mais de 500 páginas como é o Moby Dick. Na
edição que reli, a fonte é minúscula, gerando o desconforto de maior atenção ao texto e, assim sendo,
o aumento do tédio em paginas e páginas que enfeitam a obra consagrada mas que
não tem significado relevante ao enredo da história. Explico: há descrições de operações e trabalhos a bordo que são incompreensíveis. Não? Descreva como se dá um nó numa gravata... sem a gravata...
O livro emblemático de Herman Melville foi escrito em 1850. Teria sido inspirado em afundamento verdadeiro do navio Essex por uma baleia, em 1820.
O Autor trata da
matança sistemática naqueles idos do final do século 19 e começo do século 20 de
um ponto de vista “profissional” embora fossem os baleeiros chamados de carniceiros:
“Mas”, disse o Autor, “não obstante o mundo nos despreze a nós,
caçadores de baleia, ele nos presta involuntariamente a maior homenagem: sim,
uma adoração exagerada!, pois quase todos os círios, lamparinas e velas que
ardem em volta do mundo ardem, como diante de tantos relicários, para nossa
glória.”
Pois o óleo obtido
de cada um desses animais do mar, em grande quantidade, impropriamente chamado
de “espermacete” servia principalmente para iluminação, entre lamparinas e
velas.
A descrição dos
métodos de abate daqueles “peixes” que e o Autor chama de Leviatãs – nome dado a
peixe mitológico feroz citado na Bíblia em Jó 41 -, é de emocionar de
tão cruel que é.
Mas, o Autor, em
muitos momentos se resigna, como neste trecho:
“Sem dúvida o homem que matou pela primeira vez um
boi foi tido como assassino; talvez tenha sido enforcado; se houvesse sido
julgado por bois, sem dúvida teria sofrido essa pena, por certo merecida, se
qualquer assassino a merece. Ide ao mercado de carne num sábado à noite e vede
as chusmas de bípedes vivos olhando as longas fileiras de quadrúpedes mortos.
Tal espetáculo não acorda o canibal? Canibal? Quem não é canibal? Digo-vos que
será mais tolerável o Dia do Juízo para o fidjiano (selvagens das Ilhas Fiji) que
salgou um missionário magro na despensa, para prevenir-se da fome à vista, do
que para ti, meu civilizado e esclarecido guloso, que prendes os gansos ao chão
e regalas-te com seus fígados inchados em teu paté de foie
gras”.
O Autor descreve
cada tipo da "família" das baleias.
Faz, também, verdadeira dissecação do cachalote descrevendo a sua cabeça quando decepada, os olhos, a cauda, o esqueleto...
Então, desde o
embarque de Ismael e seu amigo íntimo, o “canibal” Quiqueg, exímio arpoeiro, no
navio Pequod o desfecho da história
se dá a partir da pagina 500.
Moby Dick é o nome
dado a um cachalote branco (seria albino?) muito grande que atacava baleeiras
que o agrediam com arpões na tentativa de matá-lo para as vanglórias da vitória
e obter o óleo precioso.
Os heróis da história
são Ismael seu narrador, Quiqueg seu amigo íntimo, o capitão Acab - em busca de
vingança porque o grande cachalote branco numa reação a ataque sofrido no
passado, decepara sua perna – os imediatos Starbuck, Stubb e Flask.
Um episódio interessante do livro: Moby Dick fora, também, causa da perda de um braço do capitão do navio inglês "Samuel Enderby". Há o encontro desse navio com o Pequod e o capitão Acab se excita ao saber que Moby Dick continuava reinando nos mares.
Um episódio interessante do livro: Moby Dick fora, também, causa da perda de um braço do capitão do navio inglês "Samuel Enderby". Há o encontro desse navio com o Pequod e o capitão Acab se excita ao saber que Moby Dick continuava reinando nos mares.
O capitão Acab, mesmo
nos desabafos ao imediato Starbuck reconhecia que sua vida se perdia num navio –
as viagens de caça à baleia duravam três, quatro anos – situação piorada pelo
seu espírito de vingança contra a grande baleia branca, o seu desejo de matá-la.
Starbuck apelava para
que Acab abandonasse esse sentimento ruim e voltassem todos para casa felizes,
no caso a cidade de Nantucket.
Num certo momento o
cachalote branco reaparece.
E, então, começa a
batalha.
Os arpões vão sendo atirados, atingindo o corpo da baleia que sangra – “...a baleia tem, como o homem, pulmões e sangue quente”. Ela reage, e vira os barcos que a atacam, destruindo-os e atingindo mortalmente alguns dos seus agressores.
Mesmo assim, continuamente
ferido, o grande cachalote branco ataca o próprio Pequod
que tomba de modo violento e afunda rapidamente.
Do naufrágio, só
sobrevive o narrador Ismael que abraça um ataúde – construído para Quiqueg que
esteve a beira da morte, doente – transformado em salva-vidas improvisado.
Na última página do
livro, que trata do “Autor e sua obra”, tem esta ‘preciosidade’: “Poucos foram capazes de entender a riqueza
do seu conteúdo (a busca da perfeição humana, o eterno embate do bem contra o
mal, este simbolizado na monstruosa baleia branca.)”
Está claro que o
autor dessas linhas fez a baleia o Moby Dick “eterno mal” mesmo sendo atacada
sem dó, até por vingança, ódio, como descreve o livro.
Ora, o narrador se
reconhece “carniceiro” embora ofereça com o óleo da baleia para velas e
lamparinas...
E no evento morte após inúmeros ferimentos de arpões a tragédia relatada no livro, afetando seus momentos de vida e paz:
“Como quando o cachalote ferido, que desenrolou da tina centenas de braças de arpoeira, depois de um profundo mergulho flutua de novo e mostra a corda frouxa e torcida erguendo-se a boiar e espiralando-se rumo á tona, assim Starbuck viu longos rolos do cordão umbilical de Madame Leviatã, com o qual o filhotinho ainda parecia amarrado à mãe. Não raro, nas rápidas vicissitudes da caça, esse cordão natural, com a extremidade materna solta, enrola-se na arpoeira de cânhamo, de modo que o filhote é assim capturado.”
(...)
No que se refere às tetas na fase da amamentação, “preciosas numa fêmea que aleite, são cortadas pela lança do caçador, o sangue e o leite que correm da mãe mancham à porfia o mar, por quinas de metros. O leite é muito doce e forte, tem sido provado pelo homem, iria bem com morangos.”
(...)
No que se refere às tetas na fase da amamentação, “preciosas numa fêmea que aleite, são cortadas pela lança do caçador, o sangue e o leite que correm da mãe mancham à porfia o mar, por quinas de metros. O leite é muito doce e forte, tem sido provado pelo homem, iria bem com morangos.”
Mas, não parece
correta essa interpretação.
Talvez porque Melville chamasse as baleias de “Leviatã” que na Bíblia seria um monstro de cujo “nariz procede fumo, como duma panela fervente, ou duma grande caldeira”. O seu hálito faria acender os carvões e da sua boca sai chama.” (Jó 41.20-21).
Talvez porque Melville chamasse as baleias de “Leviatã” que na Bíblia seria um monstro de cujo “nariz procede fumo, como duma panela fervente, ou duma grande caldeira”. O seu hálito faria acender os carvões e da sua boca sai chama.” (Jó 41.20-21).
É demais para uma
linda baleia fazendo malabarismo com seus chafarizes e sons de pacificação em
alto mar.
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