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quarta-feira, 26 de junho de 2019

LEONARDO DA VINCI de Walter Isaacson

Livro 61


Trata-se de valiosa obra biográfica de Leonardo da Vinci, que abrange 556 páginas do texto da vida do mestre da Renascença - que pode ser qualificada como uma época de avanço das artes, de progressos materiais e das ciências - um leitura longa mas muito agradável porque o Autor falando da vida de Leonardo, não poucas vezes se refere aos costumes de Florença e Milão nos séculos XV e XVI. (*)

Leonardo nasceu em abril de 1452 em Vinci, localidade próxima de Florença, dai o seu nome, falecendo, doente, aos 67 anos, em maio de 1519. Era filho bastardo, mas seu pai Piero da Vinci um tabelião próspero, o ajudaria seguidas vezes na obtenção de comissões pelo seus trabalhos de pintor.

Leonardo foi aprendiz de Verrocchio, exímio pintor e escultor que num dado momento reconheceu que seu pupilo o superara na arte da pintura com aqueles sombreamentos e detalhes que pareciam dar vida, movimento às personagens retratadas.

O Autor entusiasta de suas principais obras, principalmente os quadros Mona Lisa (contração de maddona / madame) e a Virgem e o Menino com Santa Ana tanto que recomenda olhar com atenção algumas vezes os quadros para notar a impressão de mudança na expressão dos restos pintados.

Há quantos especialistas que lamentam, e muito, que Leonardo, embora comissionado, não começou ou não concluiu obras como  "A Batalha de Anghiari" e a "Adoração dos Magos", que poderiam se constituir em outras obras primas, como foram, além dessas peças citadas,  "A Ultima ceia".

Quanto a esta última ("A última ceia"), pintada na parede do refeitório do convento de Santa Maria delle Grazie, fora ela restaurada mais de uma vez porque a tinta começou a descascar e perder aquele "poder" original (ver no quadro abaixo).

É considerada, essa obra, e também Mona Lisa, "obras da humanidade".







Mona Lisa








Neste meu canto de encantos e desencantos, me impressiona muito a pintura "Virgem dos rochedos" a versão que está em Londres.






Virgem dos rochedos












Mas, Leonardo, num dado momento de sua vida, à medida que ia amadurecendo, "não pegava num pincel" —  salvo em situações muito particulares, como no caso da pintura de Mona Lisa —,  estudando com afinco os efeitos da ótica,  geometria, engenharia mecânica, matemática, música.

Ele pesquisou muito o corpo humano, dissecando cadáveres para descobrir músculos e veias, o funcionamento do coração -,

De todas as máquinas que imaginou e desenhou (máquinas de guerra, máquinas voadoras - estudando o voo dos pássaros -, etc.), nenhuma foi efetivamente fabricada mas seus esboços ultrapassaram os séculos e se apresentaram como premonição de helicópteros e armas de defesa.

Mesmo sendo vegetariano por amar todas as criaturas, uma arma de guerra que projetara tenha efeitos se cruéis adotada porque dividia ao meio as vítimas atingidas por ela, O Autor que diz tudo de Leonardo, o reverencia, deixa escapar que,

"Talvez isso seja mais  um vislumbre de sua mente perturbada. Dentro de sua caverna escura residia uma imaginação demoníaca".

E o pior é que hoje as armas de guerra são de letalidade apocalíptica. Talvez ele tenha vislumbrado avançando no tempo.

Ele era apaixonado pela água, do seu fluxo, a ponto de indagar porque nas margens dos rios, elas fazem redemoinhos.

E nesse interesse por tudo, ele se debruça sobre o "homem vitruviano" um modelo de medidas do corpo humano que guardam proporcionalidades,  proposto por Marcos Vitrúvio Polião, que nascera por volta dos anos 80 AC.

Vitrúvio apresentara essas proporções do corpo humano, por exemplo, a extensão dos braços abertos, corresponde à altura do indivíduo, o cumprimento dos pés, corresponde a 1/6 de sua altura (Leonardo corrigiu para 1/7 da altura).

Essas proposições de Vitrúvio, despertaram o interesse de Leonardo que em tudo queria aprender e apreender, ele desenha sua versão, um desafio matemático da quadratura do círculo, a analogia entre o microcosmo do homem e o macrocosmo da terra...

Homem vitruviano

Não bastasse a sua genialidade por tantos temas que interessavam à época ou apenas a ele, era também talentoso "animador da corte", produzindo de "efeitos especiais" nos espetáculos teatrais que geria, agradando seus promotores.

O "Homem tudo", Leonardo, uma celebridade do seu tempo reverenciado pela sua genialidade, era homossexual, sendo denunciado por essa condição, mas as denúncias não prosperaram porque não houve testemunhas que confirmassem. 

No livro, seu relacionamento com mulheres se resumiu aos quadros geniais que pintou.

Descrito como um homem bonito, alto, musculoso, cabelos cacheados andava por Florença ou Milão com roupas extravagantes pendendo para a cor rosa.

Seu pupilo suportado, porque era um "diabinho" fora Salai que pode ter sido mais que um aprendiz. Fora beneficiado pelo testamento de Leonardo.  Outro aprendiz, Francisco Melzi esteve muito com o mestre tanto que também foi beneficiado no seu testamento.

Homossexuais eram, também, Michelângelo, o mestre religioso que pintou o teto da Capela Sistina — há figuras polêmicas nessa obra —, que se comportava com o que seria um "hippie" hoje, com poucos banhos, "desafeto" de Leonardo, a quem chegou a importunar. Botticelli contemporâneo também apontado como homossexual pintou obras primas, uma delas, O Nascimento de Vênus.

Leonardo não deixou nada publicado apenas nos seus cadernos de anotações, que eram muitos. Neles todas suas anotações, tudo o que imaginava, conclusões de pesquisas, desenhos, principalmente de órgãos humanos que fazia após as muitas dissecações de corpos masculinos e femininos e, nessas, para desvendar o seu funcionamento, suportava o odor do putrefação.

Já na velhice dos seus 60 anos (faleceu aos 67) demonstrava mais idade do que tinha.

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Deixou ele muitos projetos inexequíveis para sua época mas que se constituem propostas surpreendentes por terem sido pensados exatamente, na sua época, por ele, Leonardo.

Muito do que descobriu e deixou registrado nos seus cadernos se confirmariam séculos depois.

O Autor deixe entrever na sua admiração pelo gênio Leonardo, alguma decepção por não ter ele concluído pinturas iniciadas e que poderiam se constituir, hoje, obras de admiração e estudos, como as outras que concluiu.



CÓDIGO DA VINCI de Daw Brown

O Autor faz referência ao Livro de Daw Brown que desenvolve sua história no personagem de São João na obra "A última ceia" de Leonardo que seria um personagem andrógino que representaria, então, Maria Madalena, a fiel seguidora de Jesus e, segundo aquele Autor do bestseller - que virou filme de sucesso - seria ela mesmo sua esposa.
Na obra esse personagem está à esquerda quase apoiado naquele que seria Pedro bem ao lado de Jesus, abrindo-se um espaço em V entre ele e Jesus, "cortado" na vertical por uma guarnição da janela.



Seria, essa interpretação de Brown, uma "teoria da conspiração".

Isaacson rejeita essa "interpretação" informando que Leonardo tinha talento para desenhar figuras andróginas que "começam com o anjo em O batismo de Cristo, de Verrocchio [são duas crianças, não aparentando que uma delas tenha feições andróginas!] e continuam até São João Batista pintado em seus últimos anos". 

Não há referências de que Leonardo fora Grão-Mestre do Priorado de Sião. 

Li as 556 páginas com muito prazer, leitura leve, texto simples que, creio, é também um mérito do tradutor. O livro não é para uma única leitura.


(*) O livro é composto no total de 633 páginas que incluem além do texto propriamente dito da vida e obra de Leonardo, "abreviações de fontes citadas no livro", "notas" referenciadas no texto e "índice".


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