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quarta-feira, 17 de junho de 2020

SENHORA de José de Alencar

Livro 72





















É o segundo livro que leio do Autor. O primeiro foi Til. (*)
"Senhora" foi publicado em 1875.

Resolvi "encará-lo" para sair daquilo que já chamei nestes comentários e resenhas, de livros "cabeça".


"Senhora" é um romance de "amor" cheio de voltas e o casamento dos apaixonados Seixas e Aurélia demora o livro todo para se consumar.


Fernando Seixas não era rico, mas frequentava a alta sociedade do Rio de Janeiro. Era honesto mas não se descuidava em levar alguma vantagem em operações pouco ortodoxas.

Ajudava a família, querido pela mãe e irmãs mas havia um distância entre a vida delas, muito humildes e ele assíduo frequentador dos salões de baile costume que exigia estampa, boas roupas e relacionamentos.

Uma frase bem atual ainda nesses tempos, referente a 12 contos de réis que sobrara à viúva encerrado o inventário de seu falecido marido:

"Partilhados os bens, D. Camila, a mãe de Seixas, por conselho de amigos, pôs o dinheiro a render na Caixa Econômica, donde ia tirando os juros semestrais com que acudia os gastos da casa, ajudada dos aluguéis de dois escravos e também de algumas costuras dela e das duas filhas."

Nesse romance pouco de comenta da escravidão: esse trecho acima foi um das poucos, esse dos dois escravos "alugados".

A escravidão notória naqueles tempos fora "escondida" pelo autor, realçando apenas a felicidade da classe alta nas suas festas e bailes.

Mas, e a Aurélia, quem era?

Uma menina lindíssima, filha de dona Emília, mulher pobre e doente, que fora casada com Pedro, um estudante que se apaixonara por ela.

Pedro, embora tivesse uma vida simples no Rio de Janeiro, era filho "natural" de fazendeiro rico.

Tiveram dois filhos, Emílio e Aurélia.

Pedro foi chamado pelo fazendeiro Lourenço, ao saber que seu filho se relacionava com uma "rapariga" no Rio de Janeiro, obrigando-o a que voltasse à fazenda do pai.

Ele deixa Emília e o filho mas promete voltar e todo o tempo remeteu meios para a manutenção da família.

Quando voltou por um tempo, nasceu Aurélia.

Ao retornar à fazenda por imposição do pai acabou falecendo por uma "febre cerebral".

Emília e seus filhos passaram muita privações.

Já crescidos, Emílio revelou-se um jovem frágil e de pouca inteligência e morreu logo. Aurélia, ajudava a mãe. Esta se preocupava muito com o futura da filha, tanto que queria vê-la casada.

E a incentiva a se por na janela e ser admirada pelos jovens em idade de casamento situação que Aurélia que a constrangia.

E aí aparece o Fernando Seixas que a pede em casamento mas não consuma o matrimônio porque se encantou com um dote de 30 contos que o pai de Adelaide lhe oferecera se se casasse com sua filha.

Aurélia sofreu muito com o rompimento de Seixas.

Nem com Adelaide Seixas se casou não muito explicado no livro.

Mas, então o sogro descobriu em documentos do filho que o casamento Emília-Pedro era de papel passado.

Vai, então conhecer a família de Pedro e se encanta com ela.

Passado um tempo, morre sua mãe e Aurélia fica órfã e vai morar com uma tia.

Morre o avô que lhe deixa uma fortuna em testamento. E Aurélia assume grande riqueza e passa a frequentar a sociedade do Rio de Janeiro. 

Lindíssima, era cortejada por muitos "partidos", mas ela ironizava, não esquecia Seixas.

Obriga seu tio e tutor Lemos, a oferecer um dote a Seixas para que com ela se casasse, sem que noivo "comprado" soubesse quem seria a noiva.

Não muito explicado, porque Lemos já se encontrara com Seixas nos tempos do noivado quando Aurélia era pobre. Então não poderia haver nada muito secreto.

O acordo do dote é fechado em cem contos.

Dá-se o casamento mas ele só se consuma porque Aurélia passa a humilhar o marido "comprado".

Dá-se troca de farpas que se estende por páginas e páginas. Aurélia até oferece a liberdade a Seixas pelo divórcio mas ele se mantem firme porque havia um contrato a cumprir. Ele não assume a riqueza da mulher, continuando seu trabalho numa "repartição".

Cenas de ciúmes ocasional de parte a parte.

Mais para o final do romance Seixas obtém o valor de quinze contos de operação financeira que havia esquecido e com reserva de seu trabalho completa 20 contos - porque havia pedido adiantamento dessa quantia quando do acordo do dote para resolver pendência de sua própria família - não tendo apresentado o cheque de 80 contos (e Aurélia não se deu conta disso?), devolve os cem contos do dote e pede para recuperar sua liberdade livrando-se do casamento não consumado e da humilhação. E porque a riqueza de Aurélia seria um impedimento permanente para se obter uma relação conjugal aceitável, feliz.

Mas, então, Aurélia, que ansiava por sinais de que Seixas a amava, nesse momento de entendimento, ela revela de joelhos que o testamento que assinara designava o marido como seu herdeiro universal.

E ai entre beijos e declaração de amor, depois de 11 meses, "as cortinas cerraram-se, e as auras da noite, acariciando o seio das flores, cantavam o hino misterioso do santo amor conjugal".

Até que enfim, após 11 meses nas suas 277 páginas.




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