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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

A PESTE de Albert Camus

 LIVRO 128












O livro foi publicado em 1947.

O francês Camus recebeu o premio Nobel em 1957.

O livro foi inspirado na invasão nazista à França.

A narrativa do livro leva a essa conclusão porque o Autor se refere a covas coletivas, grandes fornos de incineração para resolver as milhares de vítimas do flagelo. E há esta menção quando a doença fora vencida: ... no fim da tarde, em meio aos sinos, ao canhão, às músicas e aos gritos ensurdecedores.

Mas, o livro está repleto de ternuras e solidariedades no meio da tragédia.

Tudo começa, subitamente, com imenso volume de ratos mortos que surpreende a cidade de Oran, pacata e progressiva com porto movimentado,

À medida que os ratos foram aparecendo, teve inicio um surto de febre que para alguns afetados foi fatal. Aqueles gânglios inchados e dolorosos...

Até que foi pronunciado o nome da doença após vacilações: a peste.

A partir dai da cidade ninguém entra e ninguém sai,

Todos se poupam, saem pouco de casa, apenas os cafés recebem algum publico à noite tendo-se a esperança que um soro sendo preparado pelo dr. Castel contenha a doença.

Cães e gatos começam a ser mortos.

[Muitas situações contadas no livro, lembram os tempos da covid-19 que eclodiu no planeta em 2022. Mas, no romance havia a esperança no soro em preparação e não houve quem negasse sua eficácia mesmo na fase experimental].

No pico da doença, muitos foram os mortos: o cemitério esgotado e, na angústia de resolver sobre os cadáveres, a prefeitura recuperou fornos incineradores.

A desorientação de todos fez com que os cafés anunciassem que "quem vinho bebe, mata a febre", incentivando o consumo da bebida e a presença dos "concidadãos". 

São Personagens da "crônica" como qualifica o Autor:

Dr. Bernard Rieux: o médico dedicado, visitante que se desdobrou na cura dos doentes mas se mantinha sereno às dezenas de morte que passavam pelos seus cuidados sem possibilidade de cura. A mãe vivia com ele e a esposa estava fora da cidade, para tratamento de saúde, longe da contaminação, mas que viria a falecer.

Joseph Grand: funcionário público, amigo e colaborador de Rieux um dia chorou porque sua esposa o abandonara antes da eclosão da peste.

Rambert: jornalista que estava a trabalho em Oran, nela teve que permanecer porque a doença não permitiu que ele deixasse a cidade. Com saudades da noiva, tentou sair subornando guardas que controlavam a saída da cidade, mas resolveu ficar e ajudar o medico Rieux. Com a cura da peste, sua noiva se reuniu com ele na cidade.

Cottard: representante  de vinhos, tentou o suicídio, foi salvo e se tornou amigo do médico e de Jean Torrow. Ele era atormentado porque naquela crise de saúde era  contrabandista. Parecia recear que a peste fosse vencida. No final, com a cidade em festa pela cura, ele se armou e começou a atirar a esmo de seu apartamento sendo contido pela polícia.

Jean Tarrow: Estava na cidade pensando em negócios, se uniu à luta contra a doença, sempre aliando das vítimas a partir de um julgamento quando seu pai, por dever de oficio acusou severamente um criminoso. Dizia que buscava a santidade e a paz a serviço dos homens. Aliou-se ao Dr. Rieux. Mas, não teve tempo de alcançar a santidade...

Padre Panelaux: fez sermão severo sobre a doença: "irmãos, caístes em desgraça, irmãos, vos o mereceste", mas logo lembrou que a peste fora uma das pragas anunciadas por Moisés ao faraó se se recusasse a obedecer os desígnios de Deus. O padre também foi vítima da doença.

Frases:

● O mal que existe no mundo provém quase sempre da ignorância, e a boa vontade, se não for esclarecida, pode causar tantos danos quanto a maldade.

● A peste é preciso que se diga, tirara a todos o poder do amor e até mesmo a amizade. Porque o amor exige um pouco de futuro e para nós só havia instantes.

● Depois de um silêncio, o médico perguntou a Tarrow se ele tinha ideia sobre o caminho que era preciso para se chegar à paz. Torrow: — Tenho. A simpatia.


O livro é bom, dá para refletir, especialmente porque descreve situações assemelhadas com os tempos da covid-19 de 2022.






terça-feira, 10 de setembro de 2024

A ORIGEM DAS ESPÉCIES de Charles Darwin

 LIVRO 127

AOS QUE ME HONRAREM COM A LEITURA DESTA RESENHA ME CORRIJAM ESTABELENDO-SE UM DIÁLOGO CONSTRUTIVO SOBRE ESTE TEMA TÃO CONTROVERTIDO.












Este livro, clássico da ciência biológica, do evolucionismo das espécies é muito difícil, creio que mesmo para quem afeito à matéria é muito mais para o leigo que se mete a tentar ler o grosso volume. O exemplar que está comigo tem o tamanho fora dos padrões, 350 páginas, impresso em fonte miúda. Tudo muito complicado.

O livro foi publicado a primeira vez em 1859 na Inglaterra.

Por que me propus a desvendar essa obra do sábio? Porque precisava entender qual tese defendera ele em suas exaustivas pesquisas e, afinal de contas, onde incursionara ele em negar ou não negar o criacionismo, isto e, as páginas da criação bíblica das espécies.

A minha conclusão é que Darwin ignora essa construção religiosa, mas não nega a presença de Deus na criação até porque na evolução das espécies pela seleção natural há dúvidas e situações inexplicáveis que nem ele nem os muitos estudiosos que se debruçaram sobre o tema, mencionados no livro, explicaram.

Ele pode ter defendido que algumas crenças não têm rigor científico, mas esse fato não as desmente, me parece assim, não as ataca:

"Na hipótese da criação independente de cada ser, podemos apenas notar esse fato, acrescentando que aprouve ao Criador constituir todos os animais e todas as plantas de cada classe sobre um plano uniforme, porém não é explicação científica".

E há essa pergunta que me assalta: todas essas espécies primitivas, as mais elementares estudadas por Darwin, tiveram qual impulso da criação original explicado cientificamente?

Muito bem, espécies evoluem obtendo alterações físicas para se adaptarem a um novo ambiente, em novos desafios de sobrevivência e, nesses casos, podem se distanciar ao longo do tempo, dos caracteres dos ascendentes podendo mesmo os substituir com e aquisição de novas aptidões que se incorporam ao seu modo de vida.

Darwin, sobre os seres humanos e os macacos diz pouco, não incluiu as espécies sequer como "parentes". Porque é corrente a indagação da estreita proximidade do DNA entre os homens e os chimpanzés sugerindo que o homo sapiens descende dos macacos.

Do ponto de vista das teorias de Darwin, tal qual outros animais e plantas semelhantes, eles derivam de troncos comuns especialmente quando se trata de duas espécies que caminham segundo seu ciclo de vida, os homo sapiens fazendo escolhas enquanto que os primatas nas suas centenas de espécies que povoam no seu habitat natural agem pelos instintos.

Tem-se visto amiúde chimpanzés domesticados que assumem atitudes muito próximas dos humanos, são inteligentes, praticam pequenas tarefas, mas são limitados porque lhes faltariam aquele pouco do DNA.

Se de algum modo os primatas se transformam um humanos pela sua evolução? Não por meios naturais encontrados neste planeta. Que se diga como um fenômeno inexplicado que eclode num outro plano de criação, entre tantas outras constatações inexplicadas citadas por Darwin.

E, ademais, nem se pode afirmar se fossem idênticos os DNAs dos chimpanzés ou qualquer primata se agiriam como o homo sapiens!

Sobre homens e macacos o posicionamento de Darwin:

"Enfim, mais de um autor tem perguntado por que, em alguns animais mais do que em outros, o poder mental adquiriu um grau mais elevado de desenvolvimento, quando o desenvolvimento oferecia vantagem para todos. Por que os macacos não adquirem as aptidões intelectuais do homem? Poder-se-ia indicar diversas causas, mas é inútil expô-las porque não passam de simples conjecturas; além do mais, não podemos apreciar à sua probabilidade relativa. Não se poderia esperar resposta definida à segunda questão, porque ninguém solucionará o problema bastante simples porque, dadas duas raça de selvagens uma atingiu um grau mais elevado que a outra na escala de civilização, fato que parece contornar um aumento das forças cerebrais." (*)

Melhor que o sábio apenas dissesse que não tem como explicar esse "aumento das forças cerebrais"!

E a frase:

"Estou convencido de que a seleção natural tem sido o agente principal das modificações, mas jamais o foi exclusivamente só".

Sobre a lei da sobrevivência ou a lei do mais forte

 ► Os seres organizados em algumas fases da sua vida... "devem lutar pela sobrevivência e permanecer exposto à destruição". Mas, sem medo, desconhecido, mesmo com a morte geralmente pronta, "os seres vigorosos, sadios e afortunados sobreviverão e se multiplicarão".

 ► "No estado da natureza, pelo contrário, a menor diferença de conformação ou de constituição basta para fazer pender a balança na luta pela vida e assim perpetuar-se".

 ► A seleção natural pode fazer uma planta produzir sementes em maior quantidade que são disseminadas pelo vento, um fácil processo de aperfeiçoamento.

 ►"Um veado desprovido de chifres ou um galo desprovido de esporas teriam poucas possibilidades de constituir descendentes".

 ► "A seleção natural atua exclusivamente  no meio da conservação e acumulação das variações que são úteis a cada indivíduo nas condições em que pode encontrar-se situado em todos os períodos da vida". 

 ► Há espécies que em nada se alteram mesmo vivendo em condições adversas de ambiente cujas causas "absolutamente ignoramos".

 ► À aceitação da conformação de espécies híbridas não parecidas com os pais mas a outras espécies, "é querer, enfim, escarnecer da obra de Deus".

 ► O conhecimento dos pintainhos em bicar os ovos, se livrarem dessa casca e desde logo se alimentarem dos grãos encontrados no chão, a explicação mais plausível  "é que o hábito adquirido pela prática numa idade mais avançada, se tenha transmitido por hereditariedade, à idade mais precoce".

 ► (...) os animais domésticos reduzidos à domesticidade perderam alguns instintos naturais e adquiriram outros, tanto pelo hábito como pela seleção e a acumulação que fez o homem, durante gerações sucessivas..."

 ► "Com efeito, o desenvolvimento pela seleção natural, de um conjunto de formas, todas oriundas de um ascendente único, deve ter sido muito longo, e as espécies primitivas devem ter vivido muitos séculos de sua descendência transformada", 

 ► Pela teoria da seleção natural, "as espécies novas formam-se porque possuem algumas vantagens sobre as mais antigas",

 ► "Concluímos (...) que as sementes de 14 entre 100 das plantas de uma região qualquer podem  ser arrastadas durante vinte e oito dias pelas correntes marítimas sem perder a faculdade de germinar", em outra localidade ou ilha. As aves podem também disseminar sementes fora de seu habitat natural.

 ► "Em síntese, vimos que seleção natural, que se origina da luta pela sobrevivência e que implica quase inevitavelmente a extinção das espécies e a discordância dos caracteres entre os descendentes de uma mesma espécie-mãe..."

 ► "Pode-se dizer que a natureza se esforça por nos revelar, por meio dos órgãos rudimentares, bem como pelas conformações embrionárias e homólogas, o seu plano de modificações que nos recusamos obstinadamente a compreender".

 ► "Como a seleção natural atua somente acumulando variações pequenas, sucessivas e favoráveis, não podem produzir modificações notáveis ou súbitas; só podem agir a passos lentos e curtos. Esta teoria torna fácil de compreender o axioma: Natura non facit saltus..." (A Natureza não dá saltos).

E uma das últimas afirmações de Darwin já no final do volume — que até agora não se realizou depois de 165 anos da publicação de sua obra clássica: a evolução material é imensa, descobriram-se fenômenos impensáveis do Universo, mas as origens do homem continuam sem respostas e, pior, na sua insanidade está devastando o planeta que mal conhece. A frase que selecionei para finalizar e esta:

 ► "Entrevejo, num futuro remoto, caminhos abertos a pesquisas muito mais importantes ainda. A psicologia será solidamente estabelecida sobre a base não bem definida por Mr. Herbert Spencer (**), isto é, sobre a aquisição  necessariamente progressiva de todas as faculdades e de todas as aptidões mentais, o que lançará uma nova luz sobre a origem do homem e sua história". 


CONCLUINDO

Na difícil leitura da obra concluo que poucos a conhecem e a mencionam por "ouvir dizer" de modo mais destacado em ambientes religiosos, emitindo conceitos equivocados.

REFERÊNCIAS

(*) Uma explicação "não científica" mas da "ciência oculta": "Ao invés de serem os progenitores das espécies superiores, os monos (designação aos macacos em geral) são os atrasados que ocupam os exemplos mais degenerados daquilo que foi antes forma humana. Em lugar de ser o homem que ascendeu dos antropoides, o contrário é que é verdade: os antropoides são uma degeneração do homem. A ciência materialista, que trata só da Forma, equivocou-se e tirou do assunto conclusões errôneas". (Max Heidel  - "Conceito Rosacruz do Cosmos")

(**) Wikipedia: Herbert Spencer foi um filósofo, biólogo e antropólogo inglês, bem como um dos representantes do liberalismo clássico. Spencer foi um profundo admirador da obra de Charles Darwin. É dele a expressão "sobrevivência do mais apto", e em sua obra procurou aplicar as leis da evolução a todos os níveis da atividade humana.

Tema correlato, acessar:

Sapiens - uma breve história da humanidade