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terça-feira, 10 de setembro de 2024

A ORIGEM DAS ESPÉCIES de Charles Darwin

 LIVRO 127

AOS QUE ME HONRAREM COM A LEITURA DESTA RESENHA ME CORRIJAM ESTABELENDO-SE UM DIÁLOGO CONSTRUTIVO SOBRE ESTE TEMA TÃO CONTROVERTIDO.












Este livro, clássico da ciência biológica, do evolucionismo das espécies é muito difícil, creio que mesmo para quem afeito à matéria é muito mais para o leigo que se mete a tentar ler o grosso volume. O exemplar que está comigo tem o tamanho fora dos padrões, 350 páginas, impresso em fonte miúda. Tudo muito complicado.

O livro foi publicado a primeira vez em 1859 na Inglaterra.

Por que me propus a desvendar essa obra do sábio? Porque precisava entender qual tese defendera ele em suas exaustivas pesquisas e, afinal de contas, onde incursionara ele em negar ou não negar o criacionismo, isto e, as páginas da criação bíblica das espécies.

A minha conclusão é que Darwin ignora essa construção religiosa, mas não nega a presença de Deus na criação até porque na evolução das espécies pela seleção natural há dúvidas e situações inexplicáveis que nem ele nem os muitos estudiosos que se debruçaram sobre o tema, mencionados no livro, explicaram.

Ele pode ter defendido que algumas crenças não têm rigor científico, mas esse fato não as desmente, me parece assim, não as ataca:

"Na hipótese da criação independente de cada ser, podemos apenas notar esse fato, acrescentando que aprouve ao Criador constituir todos os animais e todas as plantas de cada classe sobre um plano uniforme, porém não é explicação científica".

E há essa pergunta que me assalta: todas essas espécies primitivas, as mais elementares estudadas por Darwin, tiveram qual impulso da criação original não explicado cientificamente?

Muito bem, espécies evoluem obtendo alterações físicas para se adaptarem a um novo ambiente, em novos desafios de sobrevivência e, nesses casos, podem se distanciar ao longo do tempo, dos caracteres dos ascendentes podendo mesmo os substituir com e aquisição de novas aptidões que se incorporam ao seu modo de vida.

Darwin, sobre os seres humanos e os macacos diz pouco, não incluiu as espécies sequer como "parentes". Porque é corrente a indagação da estreita proximidade do DNA entre os homens e os chimpanzés sugerindo que o homo sapiens descende dos macacos.

Do ponto de vista das teorias de Darwin, tal qual outros animais e plantas semelhantes, eles derivam de troncos comuns especialmente quando se trata de duas espécies que caminham segundo seu ciclo de vida, os homo sapiens fazendo escolhas enquanto que os primatas nas suas centenas de espécies que povoam no seu habitat natural agem pelos instintos.

Tem-se visto amiúde chimpanzés domesticados que assumem atitudes muito próximas dos humanos, são inteligentes, praticam pequenas tarefas, mas são limitados porque lhes falta aquele pouco do DNA.

Se de algum modo os primatas se transformam um humanos pela sua evolução? Não por meios naturais encontrados neste planeta. Que se diga como um fenômeno inexplicado que eclode num outro plano de criação, entre tantas outras constatações inexplicadas citadas por Darwin.

E, ademais, nem se pode afirmar se fossem idênticos os DNAs dos chimpanzés ou qualquer primata se agiriam como o homo sapiens!

Sobre homens e macacos o posicionamento de Darwin:

"Enfim, mais de um autor tem perguntado por que, em alguns animais mais do que em outros, o poder mental adquiriu um grau mais elevado de desenvolvimento, quando o desenvolvimento oferecia vantagem para todos. Por que os macacos não adquirem as aptidões intelectuais do homem? Poder-se-ia indicar diversas causas, mas é inútil expô-las porque não passam de simples conjecturas; além do mais, não podemos apreciar à sua probabilidade relativa. Não se poderia esperar resposta definida à segunda questão, porque ninguém solucionará o problema bastante simples porque, dadas duas raça de selvagens uma atingiu um grau mais elevado que a outra na escala de civilização, fato que parece contornar um aumento das forças cerebrais."

Melhor que o sábio apenas dissesse que não tem como explicar esse "aumento das forças cerebrais"!

E a frase:

"Estou convencido de que a seleção natural tem sido o agente principal das modificações, mas jamais o foi exclusivamente só".

Sobre a lei da sobrevivência ou a lei do mais forte

 ► Os seres organizados em algumas fases da sua vida... "devem lutar pela sobrevivência e permanecer exposto à destruição". Mas, sem medo, desconhecido, mesmo com a morte geralmente pronta, "os seres vigorosos, sadios e afortunados sobreviverão e se multiplicarão".

 ► "No estado da natureza, pelo contrário, a menor diferença de conformação ou de constituição basta para fazer pender a balança na luta pela vida e assim perpetuar-se".

 ► A seleção natural pode fazer uma planta produzir sementes em maior quantidade que são disseminadas pelo vento, um fácil processo de aperfeiçoamento.

 ►"Um veado desprovido de chifres ou um galo desprovido de esporas teriam poucas possibilidades de constituir descendentes".

 ► "A seleção natural atua exclusivamente  no meio da conservação e acumulação das variações que são úteis a cada indivíduo nas condições em que pode encontrar-se situado em todos os períodos da vida". 

 ► Há espécies que em nada se alteram mesmo vivendo em condições adversas de ambiente cujas causas "absolutamente ignoramos".

 ► À aceitação da conformação de espécies híbridas não parecidas com os pais mas a outras espécies, "é querer, enfim, escarnecer da obra de Deus".

 ► O conhecimento dos pintainhos em bicar os ovos, se livrarem dessa casca e desde logo se alimentarem dos grãos encontrados no chão, A explicação mais plausível  "é que o hábito adquirido pela prática numa idade mais avançada, se tenha transmitido por hereditariedade, à idade mais precoce".

 ► (...) os animais domésticos reduzidos à domesticidade perderam alguns instintos naturais e adquiriram outros, tanto pelo hábito como pela seleção e a acumulação que fez o homem, durante gerações sucessivas..."

 ► "Com efeito, o desenvolvimento pela seleção natural, de um conjunto de formas, todas oriundas de um ascendente único, deve ter sido muito longo, e as espécies primitivas devem deve ter vivido muitos séculos de sua descendência transformada", 

 ► Pela teoria da seleção natural, "as espécies novas formam-se porque possuem algumas vantagens sobre as mais antigas",

 ► "Concluímos (...) que as sementes de 14 entre 100 das plantas de uma região qualquer podem  ser arrastadas durante vinte e oito dias pelas correntes marítimas sem perder a faculdade de germinar", em outra localidade ou ilha. As aves podem também disseminar sementes fora de seu habitat natural.

 ► "Em síntese, vimos que seleção natural, que se origina da luta pela sobrevivência e que implica quase inevitavelmente a extinção das espécies e a discordância dos caracteres entre os descendentes de uma mesma espécie-mãe..."

 ► "Pode-se dizer que a natureza se esforça por nos revelar, por meio dos órgãos rudimentares, bem como pelas conformações embrionárias e homólogas, o seu plano de modificações que nos recusamos obstinadamente a compreender".

 ► "Como a seleção natural atua somente acumulando variações pequenas, sucessivas e favoráveis, não podem produzir modificações notáveis ou súbitas; só podem agir a passos lentos e curtos. Esta teoria torna fácil de compreender o axioma: Natura non facit saltus..." (A Natureza não dá saltos).

E uma das últimas afirmações de Darwin já no final do volume — que até agora não se realizou depois de 165 anos da publicação de sua obra clássica: a evolução material é imensa, descobriram-se fenômenos impensáveis do Universo, mas as origens do homem continuam sem respostas e, pior, na sua insanidade está devastando o planeta que mal conhece. A frase que selecionei para finalizar e esta:

 ► "Entrevejo, num futuro remoto, caminhos abertos a pesquisas muito mais importantes ainda. A psicologia será solidamente estabelecida sobre a base não bem definida por Mr. Herbert Spencer (*), isto é, sobre a aquisição  necessariamente progressiva de todas as faculdades e de todas as aptidões mentais, o que lançará uma nova luz sobre a origem do homem e sua história". 


CONCLUINDO

Na difícil leitura da obra concluo que poucos a conhecem e a mencionam por "ouvir dizer" de modo mais destacado em ambientes religiosos, emitindo conceitos equivocados.

(*) Wikipedia: Herbert Spencer foi um filósofo, biólogo e antropólogo inglês, bem como um dos representantes do liberalismo clássico. Spencer foi um profundo admirador da obra de Charles Darwin. É dele a expressão "sobrevivência do mais apto", e em sua obra procurou aplicar as leis da evolução a todos os níveis da atividade humana.

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Sapiens - uma breve história da humanidade