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sábado, 28 de abril de 2018

AS CIÊNCIAS SECRETAS DE HITLER de Nigel Pennick

Livro 43














Não se trata de um livro comentado ou referência para explicar o nazismo do ponto de vista das “ciências secretas.”

Concentra, porém, muitas informações sobre as práticas ocultistas e crenças ditas místicas adotadas pelo nazismo, tendo como principal adepto Heinrich Himmler, destacado comandante nazista.

Com a SS (“Tropa de Proteção”) que comandou, caminhou por campos considerados sagrados, mas não do ponto de vista religioso, mas pagão.

Por exemplo, a ruinas de Stonehenge, um monumento megalítico misterioso, pré-histórico, situado nas proximidades de Londres se alinharia em linha reta com outros monumentos e templos considerados “sagrados”. 

Seriam as linhas geomânticas. E a crença nas forças telúricas.

Então Himmeler tomou posse do castelo de Wewelsburg e ali praticava rituais de espirituais, de magia negra  e na Catedral de Quedlinburg “até a queda do Terceiro Reich”, ele “ia todos os anos, à meia-noite, até aquela cripta (que fizera construir) para meditar silenciosamente em comunhão com o antigo monarca saxão” no caso Henrique, o Passarinheiro que “reconstruíra a Alemanha” sem faltar homenagens à esposa até mesmo à esposa dele, a rainha Mathilde. Fora esse monarca, segundo Himmler, o fundador do Primeiro Reich, havia 1000 anos antes.

No que se refere às referências ocultistas, tudo que se coadunasse com a "raça superior", ariana, era aproveitado.

Então, havia referências desde os ensinamentos de Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica e mesmo de Aleister Crowley. Este último, aspecto não explanado pelo autor, é considerado um ocultista da magia negra. Há uma lenda que numa de suas cerimônias ocultistas (atrair seu anjo da guarda), teria atraído espíritos malignos que influenciariam o que de pior houve na vida da Terra.

Libertino, ele dizia: "faça o que quiser".

Muitos desses místicos se instruíram em conventos tibetanos que no passado praticavam um tipo de magia branca ou negra considerada inimaginável. Sobre o Tibete, indico Mistérios e Magias do Tibete” a resenha nº 10 desta série.

Quanto à inquestionável presença de Hitler à pergunta dos motivos da crença na Alemanha e no Führer: “Porque acreditamos em Deus, acreditamos na Alemanha que ele criou neste mundo e no Führer, Adolf Hitler que por Ele nos enviou”.

E ele, como agia com os poderes mágicos?

O exército alemão, num erro metereológico fatal, invadiu a Rússia com roupas absolutamente incompatíveis com o frio intenso naqueles dias de inverno rigoroso, não previsto. Quando informado que seus soldados morriam de frio dissera simplesmente "quanto ao frio, eu cuido disso".

Pensava que aqueles supostos "poderes mágicos" pudessem alterar o clima. 

Começou aí a perder a guerra de modo irreversível.


Muitos desses estudos ocultistas "saíram de moda" perderam adeptos nestes tempos de comunicação instantânea. Nas antigas catedrais da idade média havia os mistérios de figuras nelas inseridas, uma forma de transmitir mensagens ocultas...



A origem da suástica remonta a um passado remoto. Desde esses tempos remotos era um símbolo de “boa fortuna” ou “tudo está bem”.

Era um símbolo sagrado do Oriente. "Nos templos tibetanos é comum encontrarmos esse símbolo gravado nos portais ou nas pedras da maioria dos mosteiros".

O que o nazismo fez foi tomar a figura da suástica positiva mas a inclinou 45 graus, "tornando-a um símbolo maléfico" (*) 

Proviria de uma cruz cujos braços foram esticados e retorcidos, aparecendo a suástica, que simbolizaria, segundo um estudioso do símbolo, os “quatro grandes construtores do universo”.

E a origem da raça ariana?


Uma versão aceita é aquela em que seus ascendentes seriam sobreviventes da destruída Atlântica que rumaram para as terras da Índia e lá, instituíram as castas na sociedade reconstruída. Depois teriam se deslocado para o Irã.


Não é essa a única versão.

Com a divisão de castas da sociedade indu teria gerado o sentido da raça superior dos nazistas e, nesse caso, os judeus seriam a raça inferior a ser exterminada.

Para esse objetivo devidamente assumido, os vencedores da concorrência apresentaram “um crematório de alta capacidade que poderia queimar 2000 corpos a cada 12 horas". Usava, como combustível gordura humana.

E havia outras fórmulas de extermínio, como as câmaras de gás. E a barbárie institucionalizada.

Para reunir a herança ancestral alemã, havia a organização Deutsche Ahnenerbe que tinha por objetivo como explica o livro:
Investigar a extensão territorial e espiritual da raça nórdica indo-germânica; estudos das tradições populares alemãs e contar com os denominados "amigos do povo" para auxiliar nesse trabalho.

Mas, nem tudo se resumia a essas tradições. Pois foi dirigido à organização, o pedido de crânios humanos - dos judeus é claro - para os devidos estudos. Para isso, a SS poderia remediar essa carência capturando judeus. "Um médico removeria então a cabeço do corpo, despachando-a, numa lata especialmente desenhada para tal, à Universidade de Estraburgo". 
 As latas logo começaram a chegar...

Para garantia da raça pura a SS entendia que em cemitérios selecionados havia a concentração de espíritos dos mortos ali sepultados. A revista da SS encorajava os seus membros a “procriar reencarnações de antigos heróis germanos através de relações sexuais” nesses antigos cemitérios alemães.  

Mas, a SS de Himmeler para alcançar seus ideais de raça pura, aceitou em seus quadros indivíduos não necessariamente nazistas assumidos, incluindo representantes de países derrotadas pelas forças de Hitler. O que estava reservado a esses "estranhos" quando o 3º Reich se consolidasse?

 O texto do livro é denso o que não prejudica o seu conteúdo que é extenso, mas senti um certo superficialismo. 



 (*) "Mistérios e Magias do Tibet" de Chiang Sing.


quinta-feira, 5 de abril de 2018

OTELO, O MOURO DE VENEZA de William Shakespeare

Livro 42

O que mais dizer dessa tragédia humana de Shakespeare tantas e tantas vezes encenadas nos teatros do mundo. No cinema entre outros fico com a versão de Orson Welles, diretor e ator naquele preto e branco sombrio, de 1952.

















A peça foi escrita lá pelos começos dos anos 1600.

A versão que tenho em mãos é de 1956 (2ª edição) e foi traduzida por Onestaldo de Pennafort a pedido da companhia teatral Tonia-Celli-Altran que a encenou a partir de março daquele ano, no Rio de Janeiro.

Há algo que não poderia deixar de mencionar sejam as observações ditas preconceituosas. Corro o risco.

Otelo era negro, mas segundo o Doge (líder da república veneziana então), ao se dirigir ao pai desesperado de Desdêmona que fugira para se casar com o Mouro:

- Se o emblema da virtude é a alvura, eu asseguro, senhor, que o vosso genro é mais branco que escuro.

Quando já envenenado pela falsa traição de Desdêmona, Otelo chega a admitir que a esposa poderia voar ao sabor da aventura, “em busca de outros céus... Talvez por eu ser negro”. 

Ninguém nunca disse que eu saiba, até porque não creio que houvesse racismo nos anos 1.600, mas nada impede que da peça Shakespeariana extraia da afirmação “por eu ser negro” a causa dos ciúmes cego do Mouro.

Esse timbre, o da cor negra de Otelo se repetirá no decorrer da obra universal de Shakespeare.

De Emília, já no fim da tragédia: “Ela (Desdêmona) era um anjo tão certo como sois um diabo negro!”

Iago, o vilão, o falso, odiava Otelo porque fora preterido na ascensão para seu “Lugar-tenente” que preferira o Mouro Miguel Cassio.

E também: ”O Mouro eu o detesto. É voz corrente por aí que ele fez as minhas vezes dentro dos meus lençóis. Se é verdade não sei.”

Rodrigo, rico veneziano, tinha desejos sexuais ao pensar em Desdêmona sendo influenciado no pior dos atos por Iago.

Ambos alertam o pai de Desdêmona, Brabâncio, de que fora ela desonrado pelo Mouro de Veneza e vivia em sua alcova.

Desesperado, Brabâncio avança contra o Otelo e então descobre que sua filha com ele se casara, o amava muito, encantada com as aventuras que dele ouvira em suas batalhas e sendo mesmo submetido à escravidão.

Otelo correspondia ao amor de Desdêmona.

Brabâncio, surpreso, aceita o casamento de sua filha do modo como se deu, porque fugira do refúgio do pai mas observa:

- Abre teus olhos Mouro, e sê bem cauteloso: se ela enganou o pai, pode enganar o esposo.

Iago ajeita um entrevero noturno entre Rodrigo e Cassio, após fazer com que ele bebesse mais vinho do que o normal. Nesse entrevero sem pedir se envolve Montano que sai ferido.

Otelo que governava Chipre pelas suas vitórias, destitui Cassio de suas funções de Lugar – tenente.

Desdêmona tinha um carinho especial por Cássio, aquela amizade “que Deus permite” porque em nada afetava sua fidelidade ao Mouro, insiste que o marido o reintegre ao posto.

Começa aí as intrigas de Iago, muito querido pelo Mouro que acreditava nele. Nesse processo lento vai despertando a dúvida da fidelidade de Desdêmona que teria Cássio como amante.

Começam as "lições" de falsidade, desonestidade e, no tocante ao Mouro, a revelação de sua fraqueza interior! 

Num dado momento, Desdêmona perde o lenço, primeiro presente de Otelo considerado por ele muito precioso.

Emília, acha o lenço e pretende copiá-lo por causa de sua beleza. Mas, Iago a obriga a o entregar para em seguida deixá-lo nos aposentos de Cássio.

Os ciúmes de Otelo chegam ao extremo. Ele agride a esposa causando espanto a todos porque sempre demonstrara serenidade mesmo nos momentos mais críticos.

E Iago continua a infernizar a mente do Mouro a ponto de decidir estrangular a esposa.

E assim faz, sendo ofendido por Emília, aia de Desdêmona, que revelara todas as mentiras de Iago. Revelou que achara o lenço e que Iago dela o subtraíra para engendrar seu plano de falsidades.

Iago a esfaqueia. Antes de morrer Emília grita:

“- Ela era casta, Mouro! E te amava, cruel. Não quero ir para o Céu, se não falo a verdade. Por falar a verdade estou morrendo...”

Acuado em seus aposentos, já destituído de sua autoridade, Otelo se esfaqueia:

- Dei-te um beijo ao matar-te e ora desejo, ao me matar, morrer dando-lhe um beijo.
(Cai sobre o corpo de Desdêmona e morre).



Iago por seus crimes seria submetido aos mais duros castigos, espécie de tortura, "que seja a mais cruel".