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sexta-feira, 24 de junho de 2022

O VERMELHO E O NEGRO de Stendhal


LIVRO 95

O AUTOR

Stendhal é o pseudônimo do escritor francês Marie-Henry Beyle (1783-1842)

O LIVRO

Lançado em 1830 há quase 200 anos e está sendo publicado até hoje. A edição que tenho é de 1981, bem caprichada, pela Abril Cultural.

Em fonte minúscula (tamanho das letras), difícil de ler, então,  essa edição contém 488 páginas, Se adotada a fonte 11 ou 12, o tamanho normalmente utilizada em edições a quantidade de páginas alcançaria, calculo, cerca de 700.

O livro tem páginas maçantes, até contraditórias às vezes, mas o Autor o escreveu, pelo que pesquisei, com pena de ganso. É muita coisa!

O livro me interessou para tentar desvendar alguma coisa dos costumes da época, sem eletricidade, poucos divertimentos. Então, o que mais li foram "tédio", bailes, óperas, reuniões. Nos dias quentes à noite algumas horas nos jardins nas casas de gente abastada. Sob o luar...

Ninguém nunca me disse, mas eu faço uma trilogia desse livro com outros dois, a saber:

● O Vermelho e o Negro de Stendhal (1830)

● Madame Bovary de Gustave Flaubert (1856) (*)

● Anna Karenina de Liev Tolstoy (1877) (**)

A trilogia trata do adultério com final trágico. Esses três livros acima, todos 

publicados no século XIX como se vê.


O TEMA

O romance, posso dizer, chega a ser tumultuado.


Tudo se passa na cidade fictícia de Verrières, O prefeito da cidade, Sr. de Rênal, por indicação do cura da cidade, o padre Chelan que estava sendo afastado da cidade, indicou um jovem latinista - recitava em latim o novo testamento -  noviço ou seminarista, mas nunca além disso, de nome Julian Sorel filho de um carpinteiro que muito o maltratava na serraria.

Julian foi contratado como um tipo de preceptor dos três filhos do prefeito para viver na mesma residência suntuosa passando a ter contato com todos da famílias, com a Sra. de Rénal, muito bonita e mais a criadagem.

O Autor descreve Julian com um jovem muito bonito, depressivo, angustiado pelas diferenças que se dava (ou ainda dá) pelo seu nível social, obrigado a conviver com aquelas pessoas abastadas, com outros costumes, modo, interesses e... a hipocrisia.

Os filhos dos Rénal se afeiçoaram muito a Julian, mas não só eles. Também a mãe, a Sra, de Rénal.

Aquela convivência diária, encontros constantes pela casa, à noite após o jantar, os passeios nos jardins nem mesmo a luz de velas, o luar muitas vezes, um roçar nos braços, nas mãos, chegando ao ponto de que ambos assumiram uma paixão desbragada.

E a paixão incontida costuma não ter limites. Ela clama pela intimidade e, a partir dai, mais paixão, até mesmo assumindo riscos que podem pôr tudo a perder tanto nos laços familiares como sociais.

Num dado momento da obra, Julian e a Sra. de Rénal passam a se encontrar no quarto dela, porque o marido dormia num quarto ao lado.

A paixão se torna voluptuosa.

Mas, esse relacionamento chama a atenção da camareira Elisa, que recebera uma herança e tinha pretensões de se casar com Julian.

Vendo frustrada sua pretensão, ela relata ao sr. Valenod, rival do prefeito inclusive quanto à sua esposa a quem assediara no passado, o suposto adultério da Sra. de Rénal com Julian.

Dai uma carta anônima inevitável. O prefeito perturbado a lê, perde o senso, desconfia, a esposa se sentindo uma pecadora diante da febre alta de seu filho mais velho, imaginando um castigo divino tenta confessar ao marido a traição mas ele não leva a sério a cena emocionada que criara a mulher.

Com o tempo, sendo transferido como seminarista para Besançon e depois num em Paris, por intervenção do Abade Pirard ele foi aceito passando a secretariar o rico Marques de La Mole.

O Marques, além da esposa, Sra. de La Mole, tinha dois filhos, Norbert, um jovem educado e a lindíssima Matilde,  Srta. de La Mole.

Mas, nesse meio tempo, Julian volta a casa da Sra. de Rénal, à noite e por uma escada alcança seu quarto... 

Numa segunda vez, ela o rejeita mas acaba por ceder ao amor. Na fuga, Julian é confundido com um ladrão e quase alvejado pelos criados da casa.

No castelo dos La Mole Julian começou a desenvolver para o Marquês um trabalho eficiente, escrevendo cartas, passando a conviver naquele ambiente sofisticado, participando de conversas, frequentando óperas, passeios a cavalo com Norbert mas sempre se sentindo depressivo pela sua origem.

E havia no seu contato diário, a linda Srta. de La Mole, que tratava Julian com indiferença até porque recebia com frequência pretendentes muito ricos. Quem era, afinal, Julian que não um serviçal de seu pai?

Mas, com o tempo ela se encanta e se apaixona por ele, desprezando todos os pretendentes.

Aqui também uma escada leva o amante ao quarto dela.

E então, mesmo com esses encontros o Autor não se cansa de remeter a pergunta que ambos fazem, "ela me ama", "ele me ama".

Num certo dia ela revela sua gravidez e por carta informa esse estado ao seu pai, dizendo amar Julian e que fora ela quem o seduzira.  O Marques de La Mole se desespera.

Eram trocadas cartas mesmo morando na mesma moradia...

Procura informações de Julian diretamente com a Sra. de Rénal que por carta relata o romance adúltero que tivera com o ele.

Matilde, diante do desaparecimento de seu pai depois dessa carta, chama Julian que estava em Strasburgo e ao saber que fora autora sua ex-amante, resolve assassiná-la em plena missa em Verrières.

Dois tiros não fatais: somente um tiro atinge a Sra, de Rénal no ombro que logo se cura.

Julian é preso e confessa a premeditação. Em meio a muita emoção, o júri de Besançon o condena à morte na guilhotina.

Recusa-se a recorrer da sentença de morte. Mas, depois recorre (?)

Matilde e Sra. de Rénal o visitam gerando ciúmes da primeira que tudo faz para libertá-lo.

Julian, desesperado, pede à Sra. de Rénal que cuide de seu filho porque acreditava que, com sua morte, Matilde o abandonaria.

Até que chega o dia da execução que se consuma. O Autor nada fala do recurso. 

Matilde retém a cabeça do amado e na presença de Fouqué, amigo leal de Julian, que tudo acompanha, a sepulta numa gruta que mandara enfeitar.

O Autor sobre Sra. de Rénal dá um final inesperado. Três dias depois da morte do amado, ela também falece, mas não por suicídio porque prometera a Julian não executar esse ato extremo. 


► O livro não é só isso. Há muito mais em suas quase 500 páginas que como disse, na edição em meu poder foi composto em fonte minúscula

Referências

(*) Acessar: MADAME BOVARY


(**) Acessar: ANNA KARENINA