LIVRO 98
Esse livro é ou não é infantil? Ele foi escrito em 1865. A história inspirou filmes e desenhos animados. (*)
O enredo descreve um sonho infantil e com ele, no desenvolvimento, o que há de confuso, de fantasias (aqueles imagens oníricas). O sonho de Alice apresenta "aventuras" próprias de sua idade naqueles idos há quase 160 anos e ela acaba por ter algumas lições de vida. A história tem forte apelo ecológico, mesmo que o Autor no seu tempo não tivesse se dado conta disso.
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Os sonhos me empolgam e me desafiam. Quem "escreve" os enredos do que assistimos e participamos durante o sono - não apenas reflexos do cotidiano? Aquelas situações desencontradas: num pântano aparece um braço estendido, esse braço é puxado, parece que alguém foi salvo, mas quem e do quê? "Viajando" a um local remoto, precário, rodeado de pessoas amáveis ou reticentes sem saber como voltar para o "lar"...onde deixei o carro? "E onde encontramos os mortos" (**).
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Bom, se algum interessado chegou até aqui, certamente não está interessado nas variáveis dos sonhos que explano.
Então, Alice começou a se cansar do livro lido por sua irmã que não tinha gravuras.
Ela estava sobre um galho de uma árvore com sua gatinha Dinah e de repente vê um coelho apressado com um relógio repetindo apressado, "estou atrasado..."
Surpresa, ela persegue o coelho até sua toca e quando lá entra, cai suavemente num vosso até alcançar o mundo das maravilhas.
Nesse mundo assim que chega chora copiosamente preocupada em não sair dali a ponto de alagar tudo em sua volta.
E todos molhados, Alice começa a se relacionar com um rato e com outros animais de modo harmônico. Principalmente com o dodô. No livro a ave é tratado no masculino, o Dodô.
Dodô, uma ave da "família" dos pombos que não voava que vivia na Ilha Maurício - localizada no Oceano Índico - e não fugia dos seres humanos porque não ameaçada por predadores (logo de quem essas aves não fugiam!). Presas fáceis dos marinheiros holandeses famintos que se alimentavam de suas carnes, "saborosas", cruéis, sem qualquer ato de preservação essas aves foram extintas pelos idos de 1668.
Então, o que faz o dodô na história, ave extinta há cerca de 200 anos antes da publicação do livro?
A lembrança dum personagem num sonho bom? Uma homenagem do Autor à ave indefesa extinta pela insânia do homem?
Mas, é com o gato Cheshire que Alice recebe, digamos, uma lição de determinação, mas não tanto "filosófica".
O diálogo:
- Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui? pergunta Alice.
- Isso depende muito de para onde que ir - respondeu o gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o gato.
- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice para se explicar melhor.
- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.
Afinal de contas, qual caminho, mesmo aquele que leve a algum lugar determinado ou não, não exige longa caminhada? E quantos sem saber qual caminho trilhar não chegaram a algum lugar compensador?
Alice naquele país dos sonhos, mudava de tamanho e passou a controlar sua altura a conselho da lagarta, com pedaços de cogumelo que de um dos lados dele aumentava sua altura e do outro lado, a diminuía.
Essa lagarta, lacônica meio arrogante era fumante de um ...narguilé...
E assim vai Alice se relacionando com diversos animais amistosos: com dois coelhos, cachorro, com uma pomba preocupada com seus ovos achando que a menina fosse uma cobra e os devoraria, com um porco, com a "lebre de março" e o chapeleiro, num chá maluco...
Com o grifo (uma figura mitológica - metade águia metade leão), com a "tartaruga falsa" e a "quadrilha" das lagostas.
Então, Alice adentra no "reino" das cartas (de baralho) e se depara com a rainha e o rei de Copas. A rainha, muito mandona, a qualquer contrariedade, não perdoava a vítima e gritava aos guardas:
- Cortem-lhe a cabeça.
Assim com os jardineiros que pintavam de vermelho rosas brancas que a rainha não gostava.
Mas, claro, tudo um sonho.
Nos contatos com a rainha, Alice foi colocada a jogar croquet num campo cheio de protuberâncias e buracos. As bolas eram ouriços vivos e os bastões flamingos vivos. A menina teve muita dificuldade em controlar tanto o seu "bastão" como a "bola".
No reino das cartas, a própria Alice foi condenada pela pena máxima ao criticar os procedimentos do tribunal que julgava o roubo de tortas (?) - presidido pelo rei - houve risos. A rainha furiosa grita:
- Cortem-lhe a cabeça.
Mas, Alice desprezou a ordem da rainha:
- Vocês não passam de cartas de baralho!
E acordou de um sono pesado aos apelos de sua irmã.
E Alice:
- Nossa tive um sonho tão esquisito.
No geral, esse o sonho da Alice no país das maravilhas, um sonho como todos os sonhos, geralmente, confusos, sem sentido que, de regra se o esquece assim que se acorda.
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O Autor Lewis Carroll, inglês, nasceu em 1832 e faleceu em 1898.
As ilustrações da edição são originais de autoria do inglês John Tenniel (1820-1914).
Referências
(*) Para mencionar, o desenho animado de 1951 de Walt Disney bem feitinho. Não sei se nos dias de hoje, as crianças para as quais foi o filme produzido há mais de 70 anos, despertaria interesse. O filme tem duração de 75 minutos. Há outros filmes.
(**) Marguerite Yourcenar no livro "Memórias de Adriano". Acessar:
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