Translate

quarta-feira, 1 de maio de 2024

O DIÁLOGO POSSÍVEL de Francisco Bosco

LIVRO 121




EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA 

Estas impressões não objetivam fazer uma crítica desarrazoada do livro até porque nem de longe teria capacidade de escrever um volume desse porte, com centenas de citações e bibliografias.

Mas, são essas referências que confundem: elas se misturam com a eventual opinião do Autor e, em muitos textos, não se identifica bem o que é do Autor ou do referenciado.

Há trechos do livro em que a citação de um obra de apoio vai ao detalhe de verdadeira resenha.

O Autor é eclético: ele se refere a Nistzsche - aquele filósofo anti-solidariedade - a Homero - deste valendo-se de um episódio da Odisseia: Proteu e Eidoteia - que na verdade não consegui achar o sentido com o texto do capítulo.

O capítulo 5 tem o título de "A hera dos direitos". Que hera é essa, a da mitologia, a planta trepadeira ou a ERA mal grafada?

Finalmente, o título: "O Diálogo Possível" e o subtítulo: "Por uma reconstrução do debate público brasileiro".

Não atinei com a proposta de um diálogo possível, poque o Autor não apresentou  suas conclusões, suas recomendações para o diálogo destacado no título do livro.

Havia, quanto a uma efetiva proposta de "diálogo possível", a expectativa das páginas finais do "Epílogo" mas nesse fecho, o Autor se referiu à terceira via que nada tinha com o grosso do texto do seu livro. Então, "... este livro não é uma defesa da terceira via, tal como a expressão vem sendo empregada no Brasil..."

ALGUNS COMENTÁRIOS A PROPÓSITO DE POSIÇÕES DO AUTOR:

Pobreza e desigualdades

Faz o Autor longa análise sobre essas diferenças que são um características do Planeta, nos vários continentes.

Tenho que esse problema praticamente insolúvel, pode até ser situado no âmbito metafísico, porque este é o planeta das diferenças, da riqueza e dos esquecidos.

A pobreza não é, pois, vítima da sociedade, mas precisa ser ajudada para diminuir a tragédia que tantas vezes ela revela. Então, não há como incluir o filósofo Nistzsche nessa proposição de ajuda.

E sobre isso tenho me perguntado: quais países não há tais diferenças? Nos países escandinavos? Na Finlândia?

Sabe-se que esses países são de alto desenvolvimento humano e a ação do Estado na busca do bem-estar de seus cidadãos.

Mas, olhemos para  África, para as Américas e mesmo para o resto da Europa... Onde a igualdade?

Diz o Autor que nos governos Lula houve o combate à pobreza mas o resultado nunca foi significativo, mas foi tentado.

Pelo que entendi, o Autor conta com uma reforma tributária para diminuir essas desigualdades...

Preconceito racial 

O Autor explana muito sobre ser o Brasil um país mestiço. 

Eu não tenho dúvidas de que é embora haja a predominância branca.

No tocante ao preconceito racial aos negros e mesmo aos mulatos, tenho que será difícil superar esse preconceito tão prejudicial, tão negasto.

Ele faz parte da maldade humano porque este não é um Planeta santo, não é o paraíso.

E há a imagem da escravidão, do castigo bárbaro infligido aos escravos, estes chamados de "elemento servil". 

Para minorar esse preconceito, a educação antirracial deve começar no berço num longo processo de ensino sobre a tolerância humana entre iguais.

E não será fácil porque há os registros históricos da escravidão.

TRECHOS E COMENTÁRIOS

(Textos com aspas são do Autor; sem aspas são baseados no livro, mas sem responsabilidade do Autor)

Do livro, extraí pontos que achei darão algum sentido ao que defendeu o Autor:

 Posicionamento do Autor o qual não tenho como preocupante: 

"O grande desafio político em muito países hoje, o Brasil entre eles, é voltar a encontrar um termo de equilíbrio capaz de conciliar liberalismo e democracia". 

Qual o desequilíbrio constatado entre o liberalismo e a democracia?

Não se constata esse desequilíbrio pela definição simples de liberalismo que, no meu modo de ver está intimamente ligado à democracia:

Liberalismo é uma corrente política e moral garantindo a liberdade individual aí incluída a das minorias, de imprensa, liberdade econômica, a livre iniciativa, obrigando cidadãos governados e governantes ao cumprimento igualitário das leis. 

⁕ "A polarização político-afetiva é, portanto, o modo em que os sujeitos gozam com o ódio do adversário e com os laços de identificação grupal..." / E nessa linha, assim se engendrou "o populismo sádico do bolsonarismo?"

⁕ Com a vitória de Lula em 2002 o PSDB foi caricaturado pelo PT e pela esquerda em geral. Daí veio o segundo mandato de Dilma um excesso (a opinião é minha), deu no que deu. O PT odiado por parcelas elevadas da população, os atos da lava jato, a prisão de Lula e, nesse quadro, surgiu Bolsonaro.

⁕ Na lava jato um procurador proclamara que o sítio de Atibaia era de Lula, "porque a roupa da mulher era muito brega. Decoração horrorosa..." Delton Dallagnol, aquele do powerpoint vergonhoso, se referia  a Lula como "9" (nine). Foi por aí que a lava jato "fez água". O Autor faz dura crítica ao juiz Moro por aceitar o convite de Bolsonaro para o Ministério da Justiça, porque fora exatamente ele, Bolsonaro, o principal beneficiado da lava jato, com a prisão de Lula. 

⁕ Bolsonaro se notabilizou pelos ataques "às instituições fundamentais do liberalismo — o Supremo Tribunal Federal a imprensa o Parlamento — (...)" governo formado por uma mentalidade religiosa, preconceituosa, antiglobalista, permitindo concluir ter um caráter de conservadores iliberais.  

⁕ As ditas igrejas neopentecostais enriqueceram, o dono de uma delas é também dono de uma rede de TV, professam a filosofia da prosperidade (pague o dizimo e a riqueza virá); alguns desses autodenominados pastores fazem discurso de ódio em prol de Bolsonaro, tratado como "eleito divino" por eles.

⁕ Para a direita, "havia uma ameaça real de o país se tornar comunista" que remontara ao golpe contra João Goulart. A ditadura pós 64 não foi branda como querem alguns contando o número "baixo" de mortos e desaparecidos. A direita, mesmo golpista, dá a entender que é a guardiã da liberdade.

⁕ E o "centrão" conservador? "O espírito do centrão seria doravante o guardião da governabilidade". A que preço?

⁕ "Eu, entretanto, estou entre os que consideram correto comparar stalinismo e nazismo pelo denominador comum do totalitarismo".

Stalin foi ditador perverso matando de fome ou em nome de expurgos para garantia do regime milhões de russos. (*)

⁕ "Para Montesquieu , "a liberdade é o direito de fazer tudo o que é permitido pelas leis. Para Rousseau, "liberdade significa obediência à lei que nós prescrevemos". Esse nós introduz a exigência da soberania popular na experiência política moderna".

⁕ Uma proposta do Autor para negociação dos conflitos religiosos?

"O conflito entre religiosos e todos os demais cidadãos que defendem políticas públicas liberais (que previnam a homofobia e garantam os direitos das minorias, por exemplo) não parece ter solução nos termos em que se encontra. O que chamo de solução seria um processo politico de negociação com o objetivo de encontrar propostas capazes de acolher os interesses de ambos os lados".

A questão toda nem é tanto esses conflitos religiosos mas as negociações entre o Executivo e o Congresso perdulário, com a bancada evangélica, da bala, do centrão, a grande maioria pensando em seus interesses eleitorais. Nesse campo nada é fácil, máxime para um governo de esquerda que comete erros ideológicos primários, mas não graves, até agora.

O livro tem 349 páginas (não incluídas as das citações e bibliografia). 

Como disse, o Autor não apresentou proposição sobre o "diálogo possível"


Referência:

(*) Acessar: STALIN NOVA BIOGRAFIA

Nenhum comentário:

Postar um comentário