LIVRO 142
Neste texto vou usar os apelidos comuns de cada personagem e não o nome russo completo. Os personagens principais também relaciono expondo o que cada um representou n história.
O príncipe Michkin vinha da Suíça depois de quatro anos de tratamento psicológico na busca de cura de suas deficiências mentais, de seus ataques epiléticos. Por tudo isso, antes do tratamento, ele era o "idiota" e ele próprio assim se qualificou.
Mas, com o tratamento havia melhorado e se revelaria um amigo de todos, sem maldade, cheio de reverências aos que dele precisavam, incapaz de ofender, sendo muito respeitado.
Então, voltou para a Rússia e, apenas com um pacote e uma ideia que não foram reveladas, ele procurou a casa do general Epantchín cuja esposa, a "generala" Lizavéta, seria sua parente distante.
O Autor não aprofunda, na obra, esse parentesco entre o príncipe e a "generala".
Num primeiro momento, a família do general recebe com restrições o príncipe e acabam o amando. A família Epantchín era composta de três filhas. a mãe Lizavéta Prokófievna, as filhas Aleksandra, a mais velha, Adelaída e Agláia. Esta, a mais jovem teria papel forte na história.
Ele conquistou a família ao relatar casos de condenados à beira da execução (o Autor passou por essa experiência). Num deles, de um condenado à execução que passa a viver cada minuto antes do ato extremo que levaria à sua morte; ao se livrar da execução, tudo da vida dele volta à "perda de tempo".
À medida que a história se desenvolve e os personagens vão sendo desvendados o príncipe Michkin vai sendo envolvido na vida mundana, nas angústias desses personagens, nos mitos, mas sempre agindo de modo sereno, demonstrando compaixão, fazendo comentários apropriados e sensatos sendo admirado por isso.
Michkin herdou uma fortuna de uma tia tornando-se milionário, mas mantendo suas relações normais, a mesma de sua chegada na Rússia, em Petersburgo.
Há aqui uma "variável" na obra que preencheu páginas e páginas. Sua herança foi contestada por Burdóvskii e seus aliados, porque seria ele também herdeiro não de uma tia, mas de seu pai Pavlíchitchev (!?). Mas, essa filiação entre esses personagens não se confirmou e nada afetou a herança de Michkin...
Míchkin se relacionou bem com o personagem Evguénii Pávlovitch ex-militar, rico, que se interessara por Agláia (?). Mas, além da amizade com Míchkin esse personagem na história, não se destaca.
general Epantchín
Mas, tendo aqueles problemas mentais que vez por outra se manifestavam, teria ele suficiente maturidade e firmeza para enfrentar os desafios e suas próprias angústias?Os seus amores relutantes, suas decepções o poupariam de um desfecho trágico?
Personagens
Nastássias Filipovnas: ela e uma irmã (que faleceu), abandonadas pelo pai viúvo que enlouqueceu foi tutelada pelo milionário Tótskii (que tentou conquistar Aleksandra, a filha mais velha do família Epantchín, mas o livro não leva avante esse quase romance). Nastássias que era cuidada por uma mulher sem filhos, se revelou personagem desequilibrada, a ponto de destratar seu próprio tutor quando soube de suas intenções de se casar.
Ela terá na obra, com esse seu temperamento irascível, papel de destaque. Ela teria, na sua inconstância, vivido um tempo com Míchkin.
Porfion Rogójin: Ele conheceu Michkin no mesmo trem no qual viajavam. Ele vinha para obter o que lhe cabia de uma herança vultosa. Ele amava Nastássias e a obra vai revelando uma certa rivalidade entre ele e o príncipe. Mas, depois de um relacionamento áspero ambos se irmanam numa amizade, a despeito de Nastássias.
Família do general Ívolguin: Gavril (Gania) que era apaixonado por Agláia e também por Nastássias, mas nada resulta desses seus amores, salvo atos intempestivos desta última em relação às suas pretensões num episódio traumático. A esposa e mãe Nina Aleksándrovna, a filha Várvara (que se casou com Putsin) e o filho Kólia um jovem muito prestativo e humano.
O general Ívolguin era dado à bebida, considerado mentiroso, mitômano, desprezado pela família mas não por Kólia. Em longas páginas relata ao príncipe seus tempos de jovem quando era pajem de Napoleão quando da invasão à Rússia em 1812 a ponto de influenciar decisões do francês, naqueles dias de clima difícil de seu país. Nessas suas revelações confessa que amava Napoleão.
Liébediev: proprietário do quarto onde se hospedou Michkin e onde ocorreram episódios diversos. Ele tinha uma jovem filha, Vera, que gostava do príncipe e o acolhia de modo carinhoso assistindo-o em momentos diversos. O pai Liébediev tinha profundo respeito pelo príncipe, dado a bebida com o amigo general Ívolguin, e foi autor de páginas e páginas relatando o sumiço de uma carteira com 400 rublos que pensava tivesse sido apropriada pelo amigo de bebidas. E o príncipe ouvindo toda aquela história de uma carteira que por fima fora achada embaixo duma cadeira.
Eu lembro disto para mostrar quantas páginas foram preenchidas com esse episódio. Talvez Dostoiévski quisesse demonstrar as vacilações e fraquezas humanas ao desconfiar sem qualquer juízo.
Ippólit: personagem coadjuvante entrou na história para, em páginas e páginas expor seu sofrimento com a tuberculose, suas angústias da vida, das pessoas, que por fim tenta o suicídio, mas a arma falhou. Morreria mais tarde, "decerto mais cedo do que calculava".
ENREDO
O príncipe Míchkin se apaixonou por Agláia e também por Nastássias. Há um confronto entre ambas.
Mas, na recepção na qual poderia ser anunciado o noivado do príncipe Michkin com Agláia, ele fala demais contrariando recomendações da suposta noiva para se manter reservado, critica o catolicismo, e derruba vaso chinês raro que a moça observara tivesse cuidado.
Tudo se encerra com um ataque epilético, ouvindo-se que Míchkin era um "homem doente".
Dá-se por interesse de Nastássias o casamento com Míchkin. No momento de a noiva chegar na igreja, ela se desespera, nada surpreendente mais uma atitude desequilibrada, corre até Regójin que a leva embora.
Passado o trauma, o príncipe sai a procura de Nastássias e com muito silêncio, Regójin à noite muito escura, o leva até o seu apartamento e num quarto e lhe mostra uma cama onde dormia alguém com o corpo totalmente coberto.
Míchkin se aproxima e mesmo na escuridão ouviu o zunido de uma mosca que "voou sobre o leito e foi pousar no travesseiro" (?).
Ele percebera o que se passara, o ato extremo de Rogójin.
Suportaria tudo isso Míchkin com seus traços de "idiota"? Suas deficiências voltariam com esse grau de emoções?
Prefiro parar por aqui. No epílogo de poucas linhas tudo se esclarece incluindo os personagens que deram vida à vida de Míchkin.
Concluindo...
O livro é árduo de ler. Dostoiévski usa nomes "de família" dos personagens e os apelidos tudo em russo, dificultando se acostumar com quem é quem.
Páginas é páginas de episódios que não afetam a história embora deva reconhecer quis ele, talvez, mostrar a personalidade russa duma época, suas contradições e fraquezas. Trata-se de livro com 670 páginas em fonte pequena (a minha edição) o que deu para cansar.
O livro é recomendado para quem gosta realmente de ler.
Livros do Autor resenhados:
NOTA DE DIVULGAÇÃO
O IDIOTA de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski
O príncipe Míchkin tinha distúrbio mentais, epiléptico; ele mesmo se qualificava de "idiota".
Curado o quanto possível na Suíça, após tratamento de quatro anos, volta à Rússia em busca de uma parente distante, Lizavéta Epantchín, esposa de um rico general, pais de três filhas.
O príncipe é recebido com restrições mas logo a família do general passa a amá-lo. Ele se revelaria amigo de todos, sem maldade, cheio de reverências aos que dele precisavam, incapaz de ofender, sendo muito respeitado.
Mas, a sua doença "curada" poderia se manifestar diante dos personagens à sua volta, com os amores que devotou a Agláia (filha mais nova do general) e Nastássias, esta uma desequilibrada? E diante da tragédia?
Isso tudo será descoberto no livro com 670 páginas que me cansou muito mas que vale a pena para os que gostam realmente de ler.
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