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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

PARIS É UMA FESTA de Ernest Hemingway

Livro 19





Não me parece seja este livro daqueles mais festejados do grande escritor americano. São crônicas dos tempos, na década de 20 do século XX, em que vivia em Paris usufruindo das suas belezas e, sobretudo, da boemia. Gostei muito.





Ernest Hemingway reside, então, em Paris, levando vida modesta, escrevendo contos nem sempre aceitos ou publicados pelos jornais e revistas que ele remetia.

E essa dificuldade não era só sua. Os outros escritores – muitos dos quais se consagrariam mais tarde - naqueles dias também não tinham seus escritos publicados com facilidade. E quando ocorriam as publicações, os valores pagos não eram expressivos.

Relata o Autor que, para fazer economia, passava fome mas tinha o sentimento inspirador de que Paris era uma espiração:

“De qualquer maneira, éramos ainda muito pobres e eu vivia tendo que enganar minha mulher, dizendo que recebera convites para almoçar fora. Passava duas horas andando pelos jardins de Luxemburg e, depois, voltava para contar-lhe maravilhas dos tais almoços”.

Uma frase que abre o livro escrita em 1930 para um amigo:

“Se você teve a sorte de viver em Paris, quando jovem, sua presença continuará a acompanhá-lo pelo resto da vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa móvel.”

Tinha por hábito trabalhar, escrevendo seus contos num café, um dos melhores de Paris, o “Closerie des Lilas”. Ali, o encontro com os amigos escritores.

A escritora Gertrude Stein ao ouvir do patron de uma oficina que admoestava um mecânico que nada fizera no seu Ford exclamara:

- Vocês todos são uma génération perdue.

Ao que ela emendou tendo Hemingway presente:

- É isso mesmo o que vocês são. Todos vocês, essa rapaziada que serviu na guerra. Vocês são uma geração perdida.

Hemingway nunca aceitou essa expressão de “geração perdida”.

Mas, preservava sua amizade com a escritora Gertrude Stein e quando “já não era a mesma coisa” observou:

“Quando uma antiga amizade não se refaz por completo, é na cabeça que a gente sente mais. Mas do que servem essas palavras? A coisa era muito mais complicada do que isso, e jamais conseguirei explica-la direito.”

[Numa legenda sob a foto de Gertrude Stein no livro “Paris é uma festa” lê-se que fora autora de literatura experimental e influente nos círculos culturais de vanguarda, colocou Hemingway sob suas asas e lhe deu caloroso apoio].

O escritor Scott Fitzgerald, autor do livro “O grande gatsby” filmado pelo menos três vezes por Hollywood em épocas diferentes, certo dia revelou a Hemingway um comentário de sua esposa que se referira não ao desempenho mas ao volume do seu órgão genital.

Hemingway, o tranquilizou quanto ao tamanho, ressaltando que a esposa do amigo enlouquecia, recomendando que fosse ao Louvre e examinasse a proporção das estátuas:

- Depois, vá para casa e olhe-se um espelho de perfil.


Há muito mais...



.//. 

Ernest Hemingway suicidou-se em 1961. Filme relativamente recente, “Papa”, revela sua intimidade nos últimos anos de sua vida atribulada.

Era um suicida em potencial, diga-se.

Poucos anos antes do gesto extremo que consumou em 1961, ele se queixava de que não conseguia mais escrever e que se tornara um impotente sexual.

Recebia carinho dos amigos e da esposa, embora esta muitas vezes se revelasse agressiva e irascível comportamento que poderia ter-lhe enfraquecido a “força do seu espírito”.

















Jardim de Luxemburgo - Paris

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