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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

O PAPA DE HITLER de John Cornwell.

 Livro 16

[Publicado nos primeiro meses de 2010]

Esta resenha e considerações que fiz suscitaram polêmicas e questionamentos sérios. Estou inserindo nestas resenhas os fundamentos do livro citado com muita vacilação, sobre Pio XII informando desde logo que ele era um religioso que não ia além da sua condição humana com suas contradições e vaidades.
Nunca foi canonizado pela Igreja Católica e tudo indica que não será.


A Igreja Católica, por sua cúpula, já se houve praticando crueldades inimagináveis como nos tempos da inquisição. Os tempos mudaram tudo é história embora alguns atos choquem demais, são incompreensíveis porque praticados sob a cruz cristã.

Vem há anos enfrentando série de denúncias de pedofilia praticadas pelos seus membros – tantas provadas e confessadas por religiosos sem escrúpulos – o que permite questionar fortemente, como vem ocorrendo, a instituição do celibato. O desvio da pedofilia constitui-se, sobretudo, num crime da maior gravidade, execrável, até porque atenta contra a confiança e inocência da vítima indefesa, submetida sabe-se lá sob quais subterfúgios ou ameaças.


Quantos papas santificados silenciaram sobre a pedofilia em suas catedrais?

Mas, há um tema também grave que passa ao largo da melhor análise, que vai e volta. Trata-se da beatificação do papa Pio XII, o religioso que dirigiu a Igreja nos tempos da 2° Guerra e do nazismo dominando a Europa.

Essa vacilação do Vaticano me leva a repensar o livro muito contestado pela Igreja: “O Papa de Hitler – A História Secreta de Pio 12” de John Cornwell.






Segundo esse autor, a personalidade de Pio XII no relacionamento pessoal impressionava os circunstantes que o consideravam, muitos, piedoso e verdadeiro candidato à canonização.

Mas, quais fatos se prestam a colocar em dúvida essas impressões naqueles dias sobremaneira conturbados segundo o Autor? Anticomunista fervoroso Pio XII, muito ligado à Alemanha, aproximou-se dos nazistas dando início a contatos diplomáticos diversos, especialmente aqueles que se referiam à implantação do código canônico, inserindo a autonomia da Igreja em administrar seus membros, sem a interferência do governo. Nesse passo, permitiria até mesmo a ascensão do nacional-socialismo de Hitler, ultranacionalista, anticomunista ao promover gestões e alianças que resultariam na extinção do Partido de Centro Católico alemão que exatamente fazia oposição ao nazismo.

Durante a Segunda Guerra, eleito papa em 1939, preocupado em preservar Roma e até mesmo o Vaticano de represálias de Mussolini, aliado dos nazistas, apelando aos ingleses para que não bombardeassem Roma, uma ameaça real como reação aos ataques nazistas na Inglaterra do então incontrolável Hitler e seus asseclas, pouco ou nada fizera para condenar o holocausto, porém. Nas ruas, sob as janelas do Vaticano, enquanto isso, muitos foram os judeus e outros rejeitados pelo nazismo conduzidos para o sacrifício e para os campos de concentração. As manifestações de Pio XII contra os excessos nazistas e fascistas constituíram-se apenas em reprimendas contidas que na realidade pouca repercussão tiveram, enquanto o extermínio abominável, segundo o autor, vitimava milhões de criaturas em pleno século 20.

Por isso, o autor não faz concessões ao papa Pio XII, concluindo com uma frase dura: “Ao chegar ao final de minha jornada pela vida e os tempos de Pacelli, estou convencido de que o veredito cumulativo da história o mostra não como um santo exemplo para as gerações futuras, mas sim como um ser humano de falhas profundas, de quem os católicos e nossas relações com outras religiões podem melhor se beneficiar se expressando um sincero pesar.”

Não farei do alto da minha ignorância qualquer outro comentário sobre o religioso. O Autor já foi suficientemente contundente aos atos praticados ou omitidos por Pio XII. Mas, me parece que o melhor é encerrar a “angústia” da beatificação de Pio XII – se assim já não ocorreu de modo tácito - atirando uma pá de cal na demanda e, no silêncio tumular do religioso, apenas um episódio na página da História.

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