LIVRO 116
EXPLICAÇÃO:
Há muito lera esse livro que dissera algo da minha infância / juventude. Nunca o esqueci totalmente. Naqueles tempos com pouca televisão, sem computador, sem jogos eletrônicos e, principalmente, sem celular as aventuras se davam pelas ruas, os jogos de taco, as peladas de futebol em terrenos baldios. Mas, a busca pelo "tesouro" escondido, se dava num barranco na Vila Bela (SP), divisa com São Caetano pelo rio Tamanduateí. Eu também tive uma espécie de forte. Tempos memoráveis.
O livro é considerado "juvenil". Nem sei se hoje, à idade da turma que compõe a história, em torno de 14 anos, com tantos recursos, será atrativo, despertará interesse. Para mim vale a pena.
O livro foi publicado em 1906. A historia transcorre bem no final do século XIX.
A turma da Rua Paulo, na Hungria tinha num terreno ocupado em parte por um serraria e montes de lenha, um barracão, seu reduto para o jogo da péla (jogo "ancestral" do tênis), No grund — um pedacinho de terra — , a turma era organizada em termos de padrões militares.
O presidente da turma era o Boka, um jovem com talento para liderar, muito ético, de poucas palavras muito respeitado pelos demais membros do... 'pelotão'.
O único soldado raso era Nemecsek, um loirinho franzino. Será em torno dele que a história terá seu epílogo.
Os meninos da rua Paulo tinham rivais, a turma dos "camisas vermelhas" cuja "base" era o Jardim Botânico.
Um dia, os "camisas vermelhas" resolveram declarar guerra à turma da rua Paulo porque queriam o grund para jogar péla.
Deu-se a batalha e, numa série de escaramuças, nas quais prevaleceram as bolotas de areia molhada, os rivais foram derrotados.
Havia um traidor Géreb, que se arrependeu amargamente, pediu perdão emocionado, sendo perdoado por Boka e pelo grupo e lutando ao lado do "exército" da rua Paulo.
Nemecsek não participou da batalha porque estava muito doente. Ele caíra na lagoa ao adentrar no barco quando já em fuga com Boka e Csónakos após a invasão no reduto dos "camisas vermelhas" uma retaliação à presença de Chico Áts comandante dos inimigos que estivera desafiante no grund. A segunda vez por ordem de Chico Áts quando Nemecsek enfrentou os inimigos no seu próprio reduto e, sendo franzino o soldado raso da rua Paula, determinou que fosse ele jogado na lagoa.
Com tais "banhos" — mal recuperado do primeiro —, adveio a grave doença que prostrou na cama com febre alta o franzino soldado raso.
Chico Áts presidente - general dos "camisas vermelhas" que demonstrara princípios éticos aproximou-se da casa de Nemecsek como uma forma de se desculpar do "banho" que ordenara, mas não teve coragem de o visitar.
Pela derrota, ele foi demovido da presidência pelos membros da turma dos "camisas vermelhas".
Mas, Nemecsek, inconformado em ser o único soldado raso do grupo, por seus atos de bravura foi promovido a capitão. E seu nome no livro de atas da sociedade do Betume (da rua Paulo), antes escrito em letras minúsculas, passou a ser escrito em letras maiúsculas: ERNESTO NEMECSEK.
E Nemecsek em desespero ao saber do resultado da batalha e a vitória da rua Paulo, no seu estado febril, disse agitado:
— O grund é um país inteiro! Vocês não sabem, porque nunca lutaram pela pátria."
Ele não acreditava na sua promoção a capitão e o nome escrito em maiúsculas no livro nem mesmo com o Boka confirmando.
Tudo num deslinde comovente naquela família modesta com a mãe carinhosa ao filho franzino e o pai, alfaiate, não menos modesto.
Eu acho que esse livrinho de 120 páginas foi bom pelas mensagens de verdadeira amizade e lealdade da turma da rua Paulo, para as festa de fim do ano de 2023.
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