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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

CAETÉS de Graciliano Ramos

 LIVRO 133












O título do livro tem a ver com os Caetés, "um povo indígena que habitou o litoral do Brasil, entre a Ilha de Itamaracá e o rio São Francisco, descendentes dos tupinambás, falavam a língua tupi antiga..."

O narrador e personagem principal do livro, João Valério, guarda-livros, esboçava escrever um livro no qual essa tribo constituía era a personagem principal:

"O que devia fazer era atirar-me aos caetés. Difícil. Em 1556 isto por aqui era uma peste. Bicho por toda parte, mundo traiçoeiro, a floresta povoada por juruparis e curupiras. Mais de cem folhas quase ilegíveis de tanta emenda, inutilizadas."

O romance

São muitos os personagens. Até a página cem do livro num andamento monótono da história, os personagens desfilam, se encontram nas praças, nas procissões, nas ruas, nos cafés, na igreja, em reuniões sociais frequentes...

Vou destacar estes personagens mas há muitos outros:

° João Valério, o narrador e personagem principal;

° Adrião e esposa Luísa, ele patrão de Valério;

° Padre Atanásio, dono do jornal "A Semana" em cuja redação se dava muitas reuniões;

° Dr. Castro, promotor.


João Valério era apaixonado por Luísa tanto que no começo da história numa oportunidade ele beijou-lhe o pescoço da mulher, sendo repudiado por ela: — O senhor é doido? Que ousadia é essa? 

Com toda repulsa da mulher ao assédio só se saberá que ambos tiveram um caso antes do casamento dela na metade final do livro.

Um dia Adrião se ausenta a trabalho. Aproveitando-se da ausência do marido, Valério visita a Luísa consumando-se o amor. 

E Luísa e Valério não são cuidadosos em esconder o romance.

Os encontros começam a ser notados pelos demais moradores a ponto de, numa reunião, o promotor Castro o ter acusado do consumar o adultério, dando-se discussão áspera.

Com todo esse inconformismo na sociedade, foi endereçada a Adrião uma carta anônima denunciando o romance entre João Valério e sua esposa Luísa.

Adrião pressiona João Valério que confessasse o romance mas ele nega.

Não demora muito e Adrião se dá um tiro no peito mas sobrevive por algum tempo.

O Autor nada diz se esse ato extremo se dera pela adultério da esposa que desconfiava ou se fora um distúrbio provindo da "vida dura".

Neste resto de vida, porém, Adrião chama João Valério, se desculpa, dizendo que ele e a esposa Luísa eram inocentes...

Depois da morte do suicida, amigos de Valério, com a "confusão" evidente do romance, diziam que ele deveria se casar com Luísa.

 Por dois meses João Valério e Luísa não voltaram a se ver. Quando isso se deu, ela se emocionou muito, mas resolveram pelo rompimento.

Valério se torna sócio da empresa e Luísa comanditária. 

E, por fim, se resigna Valério a se comparar aos caetés no romance que nunca termina:

"Que semelhança não haverá entre mim e eles! Por que procurei os brutos de 1556 para personagem da novela que nunca pude acabar?"

Mas, na sua timidez (?) ela casará com a Teixeira, de lindas pernas, olhos azuis e alegre como um passarinho?


Outras obras do Autor, acessar:

ANGÚSTIA

SÃO BERNARDO










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