NOTA IMPORTANTE NO FINAL DO TEXTO
Vou
comentar e brevemente resenhar a primeira parte, ao “Inferno” de Dante que,
seja por esse título, tem sido sempre referido – no cinema, em especial -, mas
pouco conhecido nas suas linhas.
Purgatório e Paraíso comentarei em outras próximas
oportunidades (*)
Estas minhas impressões, SÃO MINHAS. Não procurei nenhuma
referência à considerada obra prima do autor que se situaria entre as mais
importantes da literatura italiana.
Achei o “Inferno” uma leitura depressiva pouco a
acrescentar, só levada a termo porque assumi que as obras que leio ou releio tenho
que ter em mente pelo menos sua essência. Ou será que o inferno é assim mesmo, desagradável ao extremo?
Há que mencionar que correntes espíritas o veem com médium pela sua genealidade. Afinal, como teria imaginado essas imagens tenebrosas do inferno contidas em sua obra.
Há que mencionar que correntes espíritas o veem com médium pela sua genealidade. Afinal, como teria imaginado essas imagens tenebrosas do inferno contidas em sua obra.
Obscura como é a narrativa, me levou a pensar se o "inferno" de Dante não tem muito a ver com a doutrina católica da Idade Média, a inquisição brutal cujos
métodos de tortura e sacrifício infligidos aos “pecadores”, nos detalhes, causam
tanta emoção e perplexidade (!)
Sim, “O Inferno” de Dante é brutal. Ao identificar os
condenados ao fogo eterno (e até ao gelo eterno) há um momento em que ele,
autor, se vinga de desafetos. Mas, nesse bem descrito clima de horrores,
converte Deus num agente cruel, imperdoável, pelo que dominam os demônios e a
própria figura horrenda de Lúcifer.
“Ó justiça divina, quão dura sois que
tamanhos golpes desferis na punição extrema dos pecados!”
Pelo inferno, foi cunhada a palavra "dantesco" que significa toda tragédia repleta de incidentes, incêndios principalmente.
Pelo inferno, foi cunhada a palavra "dantesco" que significa toda tragédia repleta de incidentes, incêndios principalmente.
O título do livro, em princípio, fora “Comédia”, somente
mais tarde se tornado “Divina Comédia”.
Dante nascera em 1265 de família abastada e se tornou
membro da administração de sua cidade, Florença.
Talvez seja pelos dissabores políticos que Dante enfrentara
– ele nunca pode voltar a Florença, sua cidade natal, porque condenado - levou-o
que carregasse nas cores tenebrosas do inferno.
Faleceu em 1321, na cidade de Ravena.
O próprio Dante é o
personagem central do livro. Perdido numa local inóspito, uma selva e por ali
vaga sem possibilidade de dele se livrar, em desespero, num momento dado
reconhece à sua frente a figura do grande poeta Virgílio, uma sombra ou um
espírito como na obra é referido e passa a guiá-lo.
[Virgílio fora o poeta da obra “universal” Eneida. (*)]
Virgílio chegara até
Dante atendendo a um pedido da pura Beatriz, menina de nove anos de quem ele,
Dante, se apaixonara, pelo seu rosto angelical, pela sua pureza.
[Na “vida real”, Dante não a desposou, mas aquela imagem de pureza
feminina jamais esqueceu].
Virgílio, um pagão
não condenado ao inferno porque sua conduta não o levara a esse castigo extremo,
foi autorizado a conduzir Dante aos círculos do inferno e ao Purgatório. No
Paraíso, proibido o acesso do poeta, Dante fora conduzido pela própria Beatriz.
Logo na entrada do Inferno Dante se depara com um letreiro escuro que dizia: "Abandonai toda a esperança, ó vós que entrais."
Então à indagação de Dante, Virgílio responde: "Aqui convém deixar de lado toda suspeita, toda debilidade."
E porque "nos encontramos no lugar onde verás a gente atormentada que não pôde conservar a luz do bem"
Sobre as queixas e lamentos em meio à escuridão que Dante ouve:
"Queixa-se dessa maneira”, tornou-me ele,
“quem viveu com indiferença a vida, sem ter nunca merecido nem louvor nem
censura ignominiosa. Faz-lhes companhia um grupo de anjos mesquinhos, que a
Deus não manifestaram nem fidelidade nem rebeldia, expulsos dos céus; nem o
inferno profundo os acolhera, pois os anjos rebeldes se jactariam de lhes serem
superiores em algo.”
Então à indagação de Dante, Virgílio responde: "Aqui convém deixar de lado toda suspeita, toda debilidade."
E porque "nos encontramos no lugar onde verás a gente atormentada que não pôde conservar a luz do bem"
Sobre as queixas e lamentos em meio à escuridão que Dante ouve:
“Tal horror espicaçava-me a mente, e eu disse
a Virgílio: Mestre, que ouço agora? Que gente é esta, que a dor está
prostrando?
O inferno é
constituído por nove círculos seus abismos e fossos que destacam todos os tipos
de pecados e castigos eternos:
Ali, além de Virgílio estavam Platão, Sócrates, Hipócrates, Homero –
rei dos poetas.
“São os escolhidos, respondeu o mestre,
do Céu, que recompensou fama alta e preclara com que na Terra, foram
engrandecidos.”
Aqui cumprem o
castigo eterno homens e mulheres que se sofrem com vento fortíssimo, seus
vícios com a luxuria. Viram os poetas ali a libidinosa Cleópatra, também
Helena. Páris e Aquiles. “E mostrou-me mais um bando de sombras que o amor
conduzira à sepultura, nomeando-as”
Amor!
“Todos lá chamava-me Ciacco. Pelo vício da gula eu sofro à chuva,
miseravelmente, enregelado e fraco, Entretanto, não peno sozinho, pois os que
aqui estão com castigo foram punidos por igual pecado.”
Lá estavam também
clérigos, cardeais e papas que se dedicaram ao desperdício e todos aqueles
dominados pela avareza. Condenados a “rolar
enormes pesos e a se injuriarem mutuamente.”
“As almas que pela
ira foram vencidos”. Permaneciam sob água imunda. Tristes eram pela ira sob os
ares que o doce sol aquece e mais tristes agora imersos no negro lodo.
“Mestre”,
disse eu, “que gente é esta que desse modo deixa ouvir seu sofrer imenso?” E
ele: “Aqui estão reclusos os heresiarcas e seus seguidores. Bem mais do que
podes julgar, estão cheias estas tumbas. Aí se encontram iguais com iguais,
réus dos mesmos crimes; as tumbas queimam segundo a gravidade da heresia feita.”
A
violência contra o próximo; os assassinos, os tiranos cozinham no sangue
fervente: “São os tiranos, os que viveram da pilhagem e do sangue derramado.
Aqui são pagos impiedosos danos.
Num
outro recinto do 7º círculo foram encontrados os sodomitas que sob fogo
intenso, eram vítimas de “horríveis chagas”.
Os
pecadores andavam nus, sujeitos aos açoites de seres demoníacos corníferos.
“Fui
aquele que induziu sua irmã, a bela Gisola, a satisfazer os desejos do marquês...Ia
dizer mais quando um demônio o golpeou, gritando: “Em frente, rufião, aqui não
há mulheres a que possa explorar”.
Em
outras valas do 8º círculo, encontraram Dante e Virgílio enterrados de cabeça
para baixo...
Este
círculo, com diversas valas, contém todo tipo de fraudadores e falsários.
9º Traição
Com
muito rigor são punidos todos os traidores. Mas, esses pecadores não fiavam sob
calor e fogo dos infernos, mas sob frio intenso.
E
foi aí, nessas geleiras que se depararam Virgílio e Dante com Lúcifer e sua figura tenebrosa.
O “Inferno” de Dante não fica só nisso. Há descrições
horrorosas e em alguns momentos beiram realmente à comédia. Há muito de figuras mitológicas, monstros, que participam do inferno.
TODAS as criticas são bem vindas.
(*) "A Divina Comédia" edição em prosa da L&PM Pocket.
O quadro de Sandro Botticelli (Florença,
1445/1510)
...pintou esse quadro "horroroso" dos círculos e abismos do "Inferno" imaginando a obra Dante Alighieri.
Até hoje, séculos depois, estudiosos das artes se debruçam sobre esse quadro tentando desvendar seus detalhes.
(*) Resenhas:
Livro 41 - Purgatório / Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/03/41-divina-comedia-purgatorio-de-dante.html
Livro 46 - Paraíso / Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2018/07/46-divina-comedia-paraiso-de-dante.html
Livro - Eneida / Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/01/eneida-de-publio-virgilio-maro.html
NOTA IMPORTANTE DE DIRECIONAMENTO:
Esta resenha e comentários foram atualizados e republicados conforme o livro de Dante Alighieri num único texto, a saber: Inferno, Purgatório, Paraiso.
Acessar: A DIVINA COMÉDIA - Texto único
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