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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A DIVINA COMÉDIA (Inferno) de Dante Alighieri

Livro 36

NOTA IMPORTANTE NO FINAL DO TEXTO

Vou comentar e brevemente resenhar a primeira parte, ao “Inferno” de Dante que, seja por esse título, tem sido sempre referido – no cinema, em especial -, mas pouco conhecido nas suas linhas.

Purgatório e Paraíso comentarei em outras próximas oportunidades (*)

Estas minhas impressões, SÃO MINHAS. Não procurei nenhuma referência à considerada obra prima do autor que se situaria entre as mais importantes da literatura italiana.

Achei o “Inferno” uma leitura depressiva pouco a acrescentar, só levada a termo porque assumi que as obras que leio ou releio tenho que ter em mente pelo menos sua essência. Ou será que o inferno é assim mesmo, desagradável ao extremo?

Há que mencionar que correntes espíritas o veem com médium pela sua genealidade. Afinal, como teria imaginado essas imagens tenebrosas do inferno contidas em sua obra.

Obscura como é a narrativa, me levou a pensar se o "inferno" de Dante não tem muito a ver com a doutrina católica da Idade Média, a inquisição brutal cujos métodos de tortura e sacrifício infligidos aos “pecadores”, nos detalhes, causam tanta emoção e perplexidade (!)

Sim, “O Inferno” de Dante é brutal. Ao identificar os condenados ao fogo eterno (e até ao gelo eterno) há um momento em que ele, autor, se vinga de desafetos. Mas, nesse bem descrito clima de horrores, converte Deus num agente cruel, imperdoável, pelo que dominam os demônios e a própria figura horrenda de Lúcifer.

“Ó justiça divina, quão dura sois que tamanhos golpes desferis na punição extrema dos pecados!”

Pelo inferno, foi cunhada a palavra "dantesco" que significa toda tragédia repleta de incidentes, incêndios principalmente.


O título do livro, em princípio, fora “Comédia”, somente mais tarde se tornado “Divina Comédia”.

Dante nascera em 1265 de família abastada e se tornou membro da administração de sua cidade, Florença.

Talvez seja pelos dissabores políticos que Dante enfrentara – ele nunca pode voltar a Florença, sua cidade natal, porque condenado - levou-o que carregasse nas cores tenebrosas do inferno.

Faleceu em 1321, na cidade de Ravena.


O próprio Dante é o personagem central do livro. Perdido numa local inóspito, uma selva e por ali vaga sem possibilidade de dele se livrar, em desespero, num momento dado reconhece à sua frente a figura do grande poeta Virgílio, uma sombra ou um espírito como na obra é referido e passa a guiá-lo.

[Virgílio fora o poeta da obra “universal” Eneida. (*)]

Virgílio chegara até Dante atendendo a um pedido da pura Beatriz, menina de nove anos de quem ele, Dante, se apaixonara, pelo seu rosto angelical, pela sua pureza.

[Na “vida real”, Dante não a desposou, mas aquela imagem de pureza feminina jamais esqueceu].

Virgílio, um pagão não condenado ao inferno porque sua conduta não o levara a esse castigo extremo, foi autorizado a conduzir Dante aos círculos do inferno e ao Purgatório. No Paraíso, proibido o acesso do poeta, Dante fora conduzido pela própria Beatriz.

Logo na entrada do Inferno Dante se depara com um letreiro escuro que dizia: "Abandonai toda a esperança, ó vós que entrais."

Então à indagação de Dante, Virgílio responde: "Aqui convém deixar de lado toda suspeita, toda debilidade."

E porque "nos encontramos no lugar onde verás a gente atormentada que não pôde conservar a luz do bem"

Sobre as queixas e lamentos em meio à escuridão que Dante ouve:

“Tal horror espicaçava-me a mente, e eu disse a Virgílio: Mestre, que ouço agora? Que gente é esta, que a dor está prostrando?

"Queixa-se dessa maneira”, tornou-me ele, “quem viveu com indiferença a vida, sem ter nunca merecido nem louvor nem censura ignominiosa. Faz-lhes companhia um grupo de anjos mesquinhos, que a Deus não manifestaram nem fidelidade nem rebeldia, expulsos dos céus; nem o inferno profundo os acolhera, pois os anjos rebeldes se jactariam de lhes serem superiores em algo.” 

O inferno é constituído por nove círculos seus abismos e fossos que destacam todos os tipos de pecados e castigos eternos:


Ali, além de Virgílio estavam Platão, Sócrates, Hipócrates, Homero – rei dos poetas.

“São os escolhidos, respondeu o mestre, do Céu, que recompensou fama alta e preclara com que na Terra, foram engrandecidos.”   
    

Aqui cumprem o castigo eterno homens e mulheres que se sofrem com vento fortíssimo, seus vícios com a luxuria. Viram os poetas ali a libidinosa Cleópatra, também Helena. Páris e Aquiles. “E mostrou-me mais um bando de sombras que o amor conduzira à sepultura, nomeando-as”

Amor!


“Todos lá chamava-me Ciacco. Pelo vício da gula eu sofro à chuva, miseravelmente, enregelado e fraco, Entretanto, não peno sozinho, pois os que aqui estão com castigo foram punidos por igual pecado.”


Lá estavam também clérigos, cardeais e papas que se dedicaram ao desperdício e todos aqueles dominados pela avareza. Condenados a “rolar  enormes pesos e a se injuriarem mutuamente.”


“As almas que pela ira foram vencidos”. Permaneciam sob água imunda. Tristes eram pela ira sob os ares que o doce sol aquece e mais tristes agora imersos no negro lodo.


“Mestre”, disse eu, “que gente é esta que desse modo deixa ouvir seu sofrer imenso?” E ele: “Aqui estão reclusos os heresiarcas e seus seguidores. Bem mais do que podes julgar, estão cheias estas tumbas. Aí se encontram iguais com iguais, réus dos mesmos crimes; as tumbas queimam segundo a gravidade da heresia feita.”


A violência contra o próximo; os assassinos, os tiranos cozinham no sangue fervente: “São os tiranos, os que viveram da pilhagem e do sangue derramado. Aqui são pagos impiedosos danos.
Num outro recinto do 7º círculo foram encontrados os sodomitas que sob fogo intenso, eram vítimas de “horríveis chagas”.


Os pecadores andavam nus, sujeitos aos açoites de seres demoníacos corníferos.
“Fui aquele que induziu sua irmã, a bela Gisola, a satisfazer os desejos do marquês...Ia dizer mais quando um demônio o golpeou, gritando: “Em frente, rufião, aqui não há mulheres a que possa explorar”.
Em outras valas do 8º círculo, encontraram Dante e Virgílio enterrados de cabeça para baixo...
Este círculo, com diversas valas, contém todo tipo de fraudadores e falsários.


Com muito rigor são punidos todos os traidores. Mas, esses pecadores não fiavam sob calor e fogo dos infernos, mas sob frio intenso.
E foi aí, nessas geleiras que se depararam Virgílio e Dante com Lúcifer e sua figura tenebrosa.


O “Inferno” de Dante não fica só nisso. Há descrições horrorosas e em alguns momentos beiram realmente à comédia. Há muito de figuras mitológicas, monstros, que participam do inferno.
TODAS as criticas são bem vindas.

(*) "A Divina Comédia" edição em prosa da  L&PM Pocket.

O quadro de Sandro Botticelli (Florença, 1445/1510) 

O pintor Sandro Botticelli, autor de obras primas, como é o caso da delicadeza refletida no “Nascimento de Vênus”...










...pintou esse quadro "horroroso" dos círculos e abismos do "Inferno" imaginando a obra Dante Alighieri. 
Até hoje, séculos depois, estudiosos das artes se debruçam sobre esse quadro tentando desvendar seus detalhes. 





(*) Resenhas:



NOTA IMPORTANTE DE DIRECIONAMENTO:
Esta resenha e comentários foram atualizados e republicados conforme o livro de Dante Alighieri num único texto, a saber: Inferno, Purgatório, Paraiso.




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