Sócrates que nasceu e morreu em Atenas (470 – 399 a.C.) não
deixou nada escrito. Tudo o que dele se sabe provém de seu
discípulo, Platão (Atenas, 428 – 348-7 a.C.). Em suas obras divulgou diálogos nos quais se sobressaem ensinamentos de seu mestre. Há questionamento constante nesses textos, o que seja de Sócrates ou o que seja de Platão que, no caso, se valeria de seu mestre para explanar suas próprias ideias. O método de Sócrates
fora a maiêutica que consistia em obter do discípulo e de quem mais se houvesse com ele todo o
conhecimento a partir dos questionamentos que fazia.
Os diálogos abaixo, obras de Platão, resumidos e comentados neste trabalho, apresentam princípios do pensamento de Sócrates de um modo ou outro tendo relação direta ou indireta com o julgamento e pena de morte que lhe fora imposta.
Meditando um pouco encontra-se em Sócrates algo de crístico.
A íntegra dessas obras são encontradas facilmente em plataformas de buscas, gratuitas.
EUTÍFRON
Reverência aos deuses mesmo nos excessos
Eutífron
encontra Sócrates próximo ao Pórtico dos Reis e o questiona o que
lá fazia indagando se teria ele, também, alguma ação judicial.
Sócrates diz que respondia a uma ação criminal pública porque fora
acusado por um certo Meleto que teria proposto acusação vil, a de corromper a juventude. Diz Sócrates que ele instrui os
jovens na idade mesmo do acusador, para “torná-los virtuosos, da
mesma maneira que o bom lavrador se preocupa primeiramente das
plantas tenras e depois das outras”.
Essa
sua habilidade e sabedoria na instrução dos jovens teriam suscitado a cólera de muitos pela inveja ou alguma outra razão.
Então,
Eutífron, um adivinho, diz a Sócrates que pouco sabia de Meleto e que lá estava como
acusador do próprio pai, um homem velho, qualificando-o de homicida. E ele explica que um servo embriagado degolou outro. Então, seu pai deteve o criminoso, o acorrentou e o "encarcerou" num fosso e esqueceu o prisioneiro que morreu de fome, de frio e pelas correntes. E disse mais que essa sua decisão era contestada porque o assassino de um ou outro modo fora castigado e também "afirmam ainda que é cruel um filho acusar seu próprio pai de homicídio. Mal sabem eles, Sócrates, o que é piedoso ou cruel aos olhos dos deuses."
Sócrates, demonstrando assombro pelo que ouviu de Eutífron o indaga se ele estava certo do que pensavam os deuses, até porque eles se digladiavam no panteão o que poderia ensejar posições contraditórias entre a piedade e a crueldade.
Ora, Eutífron já era criticado pela fragilidade de seus argumentos para acusar o próprio pai. Mas, ele dizia que é piedoso exatamente aquilo que todos os deuses aprovam, enquanto é ímpio tudo o que os deuses rejeitam.
E Sócrates: "Compreende que talvez eu te pareça mais infame que os juízes, já que é evidente que pretendes provar-lhes que o que foi feito por teu pai é injusto e, mais, execrável aos olhos dos deuses."
E, ademais, o que é piedoso aqui pode ser execrável lá...
E a partir daí, a cada argumento, o filósofo demonstrava a fragilidade do posicionamento de Eutífron no tocante ao conceito de "piedade".
E pede que o acusador defina o que é ser piedoso sem considerar a opinião dos deuses. Mas, Eutífron, mantém sua crença.
E, então, segue Sócrates embaraçando os conceitos de Eutífron aproveitando suas vacilações quanto aos "piedosos" afirma não haver razão para acusar seu próprio pai além de desprezar a opinião dos homens.
Eutífron, então, se retira, dizendo que estava apressado ao que Sócrates lamenta porque tinha esperança de se livrar das acusações de Meleto pelo que poderia ter aprendido com ele sobre "assuntos divinos" e levar dai por diante uma vida melhor...
MÊNON
Questões sobre a virtude
Mênon pertencera a uma família da nobreza originária da cidade de Farsalo, na Tessália. Esse diálogo pode ser situado no ano 402 a.C.
O diálogo entre Mênon e Sócrates se refere à virtude. O que é virtude?
Tudo começa ao indagar, Mênon, a Sócrates se a virtude é coisa que se ensina ou que se adquire pelo exercício ou algo que advém aos homens por natureza ou por alguma outra maneira.
Sócrates responde que não sabe dizer se é coisa que se ensina ou de que maneira ela se produz. Então, diz ele, "estou longe de saber se ela se ensina ou não, que nem sequer o que issoé, a virtude, possa ser, me acontece saber, absolutamente."
Então, Mênon, dá sua primeira definição que consistira, a virtude, em ser capaz o homem de gerir as coisas da cidade e nessa gestão fazer bem aos amigos e mal aos inimigos e cuidar ele próprio de não sofrer alguma coisa assim e, quanto às mulheres, cuidar bem da casa, de seu interior e sendo obediente ao marido.
Claro que Sócrates condena essa definição que não contemplaria, num único conceito "o que é virtude".
Depois de tantas indagações de Sócrates, Mênon reclama que o filósofo caia em aporia, fato que na visão dele, Mênon, já não sabia mais ele próprio, o que era virtude, E ouvira dizer que o próprio Sócrates constantemente caia em aporia.
(Aporia: duas opiniões divergentes sobre o mesmo tema, dando-se um "impasse" dificultando o aprendizado).
E a partir daí Sócrates indaga se a virtude é ciência ou "coisa". Se for ciência se a ensina; se não for ciência ninguém a ensina. Ademais, não há mestres que a ensinam.
Sócrates depois de tantas proposições próprias do seu modo de obter conhecimento, se refere a estudiosos que dizem ser imortal a alma do homem e depois do que se chama morrer, sucede o nascer de novo, muitas vezes e mantém conhecimentos obtidos nas vidas passadas mas necessitando serem relembrados.
Com um escravo de Mênon que chama ao acaso, para provar conhecimentos sem ter sido ensinado, um escravo que vai respondendo testes geométricos com acerto de modo a comprovar conhecimentos de outras vidas.
(Não seria intuição, fenômeno que se define mas não se explica...convincentemente? Intuição não foi mencionada no texto; e outro ponto: Sócrates acreditava nos renascimentos sucessivos? Alma imortal? Sobre isso esse tema voltará em outros diálogos).
"E se a verdade das coisas que são está sempre na nossa alma, a alma deve ser imortal, não é?" pergunta Sócrates. E, nesse raciocínio, aquilo que acontece e não se lembra, "é necessário, tomando coragem, tratares de procurar e de rememorar".
Essa mudança de rumos no diálogo, no meu modo de ver, é uma preparação para uma mudança de Sócrates nesse debate sobre a virtude.
No meio desse diálogo, agora na presença de Ânito, que hospedava Mênon, provocado por Sócrates diz, Ânito, que todo homem de bem de Atenas é virtuoso e superior aos sofistas que cobram para transmitir sua sabedoria mesmo aos jovens. E Ânito critica os sofistas de modo exacerbado mesmo sem nunca ter se aproximado de de nenhum deles. Então Sócrates, percebendo-o exaltado lhe pergunta como pode ter esse juízo dos sofistas sem os conhecer.
Ânito seria depois um dos principais acusadores de Sócrates no processo crime proposto por Meleto, participação que teria resultado em sua pena de morte.
Por fim, Sócrates aceita o valor de uma opinião correta, que ensina os bons caminhos a ser trilhados e diz que a virtude é uma concessão divina que "nos aparece como advindo, àqueles a quem advenha".
Mas, não fica afastada a necessidade de empreender a pesquisa para o que é "afinal a virtude em si e por si mesma".
Em outros diálogos Sócrates se refere à virtude como conduta digna, justa e honesta.
APOLOGIA DE SÓCRATES
A defesa e uma pena injusta
Vimos no diálogo entre Sócrates e Eutífron que o filósofo fora denunciado por Meleto perante o júri de Atenas. Eutífron também não conhecia Meleto diante do questionamento de Sócrates que, naquele momento, não deixava de revelar alguma preocupação
Mas, a acusação que haveria Sócrates que enfrentar era esta:
"Sócrates é culpado de não aceitar os deuses que são reconhecidos pelo Estado, de introduzir novos cultos, e também é culpado por corromper a juventude. Pena: a morte".
As razões, todavia, que mais explicam, talvez, o ódio que amealhou o filósofo, eram a sua inteligência e sabedoria, a ponto de ter revelado, o Oráculo de Delfos, ser ele o mais sábio entre todos em Atenas.
Fora seu amigo Querefonte quem consultara o Oráculo sabendo se em Atenas havia alguém mais sábio que Sócrates. A resposta fora pela negativa, mas Sócrates sempre diria que o verdadeiro sábio é aquele que sabe que não sabe.
Essa referência do Oráculo fez com que Sócrates pesquisasse entre vários sábios se seriam mais sábios do que ele. Mas, Sócrates concluiu que nenhum daqueles o superavam.
Para essa conclusão, buscara os supostos sábios políticos. Mas, constatou que entre eles não havia sábios; buscou os sábios poetas concluindo que o expressado na poesia era uma inspiração natural como os adivinhos e os vaticinadores mas deles se afastou porque não eram sábios e, por fim, buscou os artesãos famosos e entre eles também não encontrou sábios.
Diz Sócrates:
- Este é o motivo pelo qual, finalmente lançaram-se contra mim Meleto, Ânito e Licon: Meleto profundamente irado por causa dos poetas. Ânito por causa dos artesãos e políticos e Licon por causa dos oradores.
Então, na continuidade de sua defesa, frente a frente com Meleto, o acusador se mantem retraído quando questionado sobre a acusação de que Sócrates corrompia os jovens.
Não havia provas formais, não havia testemunhas. Sócrates pôs-se a desmentir simplesmente Meleto, alegando que fez melhores os jovens e o interpela:
- Vês, Meleto, como ficas calado, sem saber o que dizer? E isto não te se afigura vergonho e prova suficiente de que afirmo que nunca te preocupaste com estes assuntos?
Meleto simplesmente respondeu que são as leis que fazem melhores os jovens...
Meleto reafirma que Sócrates não acredita nos deuses porque afirma que o sol é uma pedra e a lua feita de terra.
Sócrates se refere a Anaxágoras que nos seus livros tem esses mesmos ensinamentos e diz:
- Ninguém acredita em ti, ó Meleto, e naquilo que afirmas, creio que não consegues persuadir nem a ti mesmo
Platão informa que a condenação de Sócrates não se dera por questões religiosas mas políticas por sua repulsa aos governos democráticos". Não colhi informações se as ideias de Sócrates se sua crença na imortalidade da alma e renascimentos sucessivos como ele parece admitir no diálogo com Fédon, tiveram influência no julgamento.
Sócrates informa que não trouxe seus filhos para emocionar o tribunal e obter sua absolvição e que não queria misericórdia, mas justiça atribuindo as acusações a falsidades dos acusadores.
E afirma amar os atenienses, mas que obedecerá primeiro o deus do que a eles e que "enquanto tiver ânimo, e enquanto for capaz não pararei de filosofar, estimular-vos e censurar-vos..."
Mas, chega a admitir a condenação em multa. Quanto a ele poucos recursos teria para responder a essa pena, mas informa ao júri que Platão, Críton. Critóbulo e Apolodoro, homens dignos de crédito e confiança serão garantidores da quantia, de 30 minas.
Mas, com todo o esforço de sua defesa, de sua coerência fora injusta a condenação à pena de morte pela ingestão da cicuta.
Palavras finais de Sócrates aos juízes que absolveram:
"Bem, chegada a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem segue melhor destino, se eu, se vós, é segredo para todos, exceto para a divindade."
CRÍTON
Cumprimento da lei
Este diálogo se dá entre Críton e Sócrates quando já condenado o filósofo à morte.
Críton se aproxima do leito de Sócrates e se surpreende com a serenidade do seu sono, a poucas horas do cumprimento imposta pelo julgamento.
Então, Críton, que tinha verdadeira admiração pelo filósofo, propõe que fugisse da morte e se refugiasse na Tessália, porque "ali possuis amigos que te distinguirão com honrarias como mereces e de protegerão contra qualquer investida".
E diz Críton que a saída de Atenas, não teria grandes complicações porque não diz mas a prática que propõe é subornar de modo a facilitar a fuga porque o valor nem seria alto - os subornados tinham limitações econômicas - e porque dispunha de bens para tanto, inclusive, se o caso, contaria com a ajuda estrangeira que colocaria renda à disposição de Sócrates.
Críton dissera a Sócrates para não se preocupar com eventual perseguição que poderia sofrer pela sua fuga.
Ademais, lembrava a Sócrates que sua entrega à morte traria problemas aos seus filhos pela sua obrigação em alimentá-los e educá-los que sofreriam com a orfandade.
Fora Sócrates quem, afinal, se submetera ao juízo da República? Como lhe criticara Críton: "Sócrates, sinto vergonha por ti e por nós, teus amigos; além de acusarem a nossa covardia por permitir a consumação diante desse tribunal, o que poderias ter evitado, depois pela vergonha do teu processo..."
Mas, vai Sócrates rejeitando a proposta de fuga porque em Atenas sempre cumprira as leis, leis que lhe davam liberdade. E lembra a Críton que a proposta de fuga seria louvável se estivesse em linhas com as normas da justiça pelo que seria desonroso quanto mais se distanciasse delas.
E, ademais, "não devemos cometer injustiças contra quem as cometem contra nós", não é justo praticar o mal a uma pessoa ou por causa do que pensa o povo, pagar o mal com o mal e também porque "não existe diferença entre praticar o mal e ser injusto."
E se é ímpio praticar violência contra o pai ou a mãe, "é muito mais ímpio praticá-la contra a pátria. E, assim, todos aqueles que amam a pátria na qual se fixou pela fuga, certamente que olharão o fugitivo como "adúltero" das leis...
E, em Tessália que tem menos ordem, certamente que muitos dirão: "Eis um velho que, já com pouco tempo para viver e por ser de tal maneira apaixonada pela vida, não hesitou, a fim de conservá-la, em transgredir as leis mais sagradas".
E quanto aos filhos, em Tessália, pergunta Sócrates, sendo eles estrangeiros em sua própria pátria e estando longe de Atenas seriam melhor educados? E se fosse ele para Hades (mundo inferior, dos mortos) com a morte?
E depois de toda essa preleção, Sócrates pede a Críton que se separassem e que seguissem "pelo caminho por onde o deus nos guia."
FÉDON
Imortalidade da alma e renascimentos
Este, o ultimo diálogo antes da ingerir o veneno mortal, teve a presença de diversos dos discípulos de Sócrates, mas não Platão, adoecido.
Fédon explica que houve demora na execução da pena porque houvera uma solenidade de barco coroado que iria até Delos aguardando sua volta a Atenas. Esse barco seria o mesmo "no qual Teseu embarcou para Creta os sete moços e sete moças que ele salvou, salvando-se também". E a promessa feita a Apolo, por isso, fora de todo ano, oferecer uma oferenda a Delos. Essas homenagens atrasaram o cumprimento da pena porque nesse lapso ela ficaria suspensa.
Xantipa, a esposa de Sócrates - "conhecida pela suas implicâncias", mas o que diria do marido? - lá estava ao seu lado tendo um dos seus filhos nos braços. Ela foi afastada do grupo por um dos escravos de Críton.
A Equécrates, Fédon promete relatar da melhor maneira todos os diálogos entre Sócrates e alguns dos seus discípulos sobre a vida, o suicídio, sobre renascimentos sucessivos e a imortalidade da alma.
No tocante ao suicídio, há que se lembrar do diálogo com Críton que propusera pagar a fuga do seu mestre para Tessália mas obtendo a pronta rejeição de Sócrates.
Não fora aí, ao respeitar as leis que o condenaram, um julgamento injusto, mas aceitando a pena de morte, um modo de "fugir" da vida?
Até que ponto se deve negar o suicídio?
Sócrates rejeita o suicídio, todos devendo aguardar que o deus "nos envie uma ordem formal para sairmos da vida, como a que hoje me envia."
Sócrates, em algumas passagens fala em Hades - um local de acolhimentos dos mortos, normalmente considerado, um mundo inferior - para se recolher após ingerir o veneno ou algum outro local para o acolhimento de uma alma como a dele.
E, prosseguindo, sobre o corpo físico, diz Sócrates que é ele que impõe mil obstáculos, que provoca enfermidades, ilusões, receios e amores desejos de toda ordem e, principalmente, pela paixão, a eclosão de guerras que visam apenas o poder e riquezas, afastando a todos da busca pela verdade.
Por isso o filósofo se prepara para a morte e pelo seu trabalho, ela não se afigurará horrível. E com a morte "seja (a alma) em si mesma" e "por si mesma" o que pode afligir àqueles que chegam a esse momento mesmo com a promessa de se verem livres e encontrar o que aspiraram, um pensamento de pureza.
Mesmo com questionamentos feitos por Símias e Cebes sobre a imortalidade da alma, ao morrer e se daria naquele dia, pelo seu modo de vida, de filósofo, de vida simples, sem vícios, esperava Sócrates juntar-se a homens justos, bons senhores e deuses muito bons pelo que seus discípulos não devem se preocupar, E, depois, "é uma opinião muito antiga que as almas ao deixarem este mundo pela morte, vão para o Hades e que dali voltam para a Terra e retornam à vida..." Porque os vivos nascem dos mortos e estes daqueles.
E um ponto importante: muitos conhecimentos são trazidos dessas vidas passadas, pois "não afirmamos que esse homem lembra o que surgiu em sua imaginação"?
(V. diálogo com Mênon).
E essa consciência entre outros princípios inclui também, a beleza, a bondade, a justiça, a santidade.
Na sua primeira existência, as almas que se afasta do corpo, maculada pelo vício, impura, acreditando que nada existe além do físico receiam ingressar no mundo invisível do Hades, ficam vagando pelos cemitérios, pelos túmulos, na verdade fantasmas medonhos que podem se tornar visíveis.
E assim ficam, até que pelo amor que se dedica a essa massa corpórea (pergunto: quem dedica amor a essa massa corpórea?) Sócrates se refere à metempsicose qual seja a de encarnar essas almas que se comportaram sem comedimento, sem pudor, renascerem em asnos e animais semelhante as que se dedicaram à injustiça, à tirania, à corrupção reviverem em corpos de animais como lobos, gaviões, falcões.
E os bons, virtuosos, na sua primeira existência, renascem em locais mais agradáveis incorporam animais pacíficos como abelhas e formigas, porque são espécies trabalhadoras ou então regressarão em corpos humanos "a fim de serem homens de bem". (*)
Segue Sócrates nas suas lições, respondendo aos seus discípulos sobre a imortalidade da alma:
- Logo, meu estimado Cebes, a alma é um princípio imortal e indestrutível, e nossas almas resistirão ao Hades.
(E em assim sendo, renasce seguindo em outras vidas, mantendo na alma a memória do conhecimento adquirido que precisa ser relembrado).
Sócrates profere longo discurso defendendo essa sua crença.
Nas últimas páginas do relato de Fédon, parece ter descrito Sócrates, a visão dum paraíso a partir da possibilidade de ver a Terra do alto e, desse modo, ver sua curvatura e toda a sua beleza. E também se refere a um tipo de inferno que se daria no rio Tártaro no qual serão precipitados os pecadores graves, homicidas, ladrões do qual nunca sairão.
Sob muita emoção, chega a hora fatal, a hora do cumprimento da pena. Muita emoção de todos os que lá estava, inclusive do carcereiro.
Sócrates de despede dos filhos e da mulher. Críton diz que cuidaria deles.
Momentos depois de ingerir a cicuta, já não sentia as pernas e quando o líquido chegasse ao coração ele faleceria,
Mas, Sócrates fez um último pedido:
- Críton, devo um galo a Asclépios. Por favor, paga a minha dívida, não te esqueças.
Fédon diz a Equécrates que fora Sócrates "o melhor homem entre todos que conhecemos, o mais sábio e o mais íntegro".
(*) Esse texto, nas minhas limitações, vou confessando, me complicou. Li diversas vezes e não consegui atinar bem com o que quis dizer o filósofo; o que posso dizer é que para mim, mesmo falando em "primeira existência", a aceitação da metempsicose me pareceu uma contradição a tudo o que dissera Sócrates. Se um mito, que seja, mas ela está expressada no texto. Correntes espiritualistas explicam reencarnações às almas desvirtuadas pela "lei da causa e efeito" e sofrem "os efeitos".