Livro 11
Desde logo se informe que o grau
do “fahrenheit 451” significa o calor suficiente para a queima de papeis.
Quando resenhei em outubro de 2010 os livros "1984"
de George Orwell e "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley fizera
a seguinte introdução:
“Estes tempos são empolgantes e não deixam de ser
preocupantes. Submeto, então, a resenha dos dois livros para reflexão daqueles
leitores que não os conhecem e mesmo àqueles que os conhecem.
Haverá pontos que tocam nos dias atuais: o cerceamento da informação em muitas regiões, o controle sobre os atos dos cidadãos, o consumo e a proliferação das drogas, pornografia, como forma de controlar a mente, a “alma”...”
Haverá pontos que tocam nos dias atuais: o cerceamento da informação em muitas regiões, o controle sobre os atos dos cidadãos, o consumo e a proliferação das drogas, pornografia, como forma de controlar a mente, a “alma”...”
Nunca
esquecera, então, a obra de Ray Bradbury, não tão divulgada como esses
mencionados acima, embora inspirasse o filme de François Truffault, de 1966.
Tantos
anos depois, li há pouco o livro que alguns tentam colocar ao lado das duas
obras acima mencionadas, de Orwell e Huxley.
Não sei
se cabível, embora tenha gostado do livro.
A
história ocorre num tempo não definido no qual os bombeiros não apagavam
incêndio, mas queimavam livros, as casas onde eram encontrados e os próprios
moradores.
Afinal,
havia um milhão de livros proibidos. E, ademais, para que serve a poesia, uma
obra de Tolstoi?
Fora uma
jovem, Clarisse McClellan que um dia se encontra com Montag, o personagem
principal da história, que o deixou intranquilo desconfiando de sua vida sem
sentido, porque ela revelara que conversava em casa, sempre falando do tio, dos
jovens que se matavam. E que gostava de ir às florestas olhar os passarinhos.
E
certamente não assistia àqueles programas sem conteúdo das televisões nas
paredes em todas as casas.
O
comandante de Montag, Beatty ao confirmar a morte da jovem pelas suas
excentricidades, num dado momento afirma:
“Se não
quer que uma pessoa seja politicamente infeliz, não lhe dê os dois lados de uma
questão para se preocupar. Dê-lhe um só. Melhor ainda, não lhe dê nenhum. Será
melhor ela esquecer que existe uma coisa como a guerra. Se o governo for
ineficiente, autoritário e perdulário, é melhor ser tudo isso sem que as
pessoas se preocupem com essas coisas. Paz, Montag.”
E por aí
vai o comandantes ensinando como desviar a atenção das pessoas. São princípios
reais de uma ditadura até hoje identificada no mundo contemporâneo.
Montag
esconde alguns livros em casa, é denunciado pela esposa. Os bombeiros para lá
vão. Montag constata que é a sua própria casa. A esposa escapa e sua casa é
incendiada.
Ele se
rebela, escapa de implacável perseguição após atirar e atingir com um tiro o
comandante Beatty e se une a outros segregados que preservavam obras na memória
para reeditá-las nos tempos vindouros com a erradicação da ditadura da
ignorância.
Gravura:
Cartaz do
filme de 1966 de François Truffault com o mesmo título tendo como atores principais,
Julie Christie e Oskar Werner.
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