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quarta-feira, 19 de julho de 2017

"ADMIRÁVEL MUNDO NOVO" de Aldous Huxley

Livro 13
ESTA RESENHA PASSARÁ POR REVISÃO E COMPLEMENTOS



O que dizer do instigante "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley, consumidor declarado de LSD? Muitas são as “morais” que ele sugere, como explano no final.

Trata-se de uma obra atual, mesmo escrita em 1932.

O denominado "mundo novo" situa-se no ano 600 da era de Ford (referindo-se a Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística nos Estados Unidos).

Feitas as contas, chega-se ao ano de 2.600 da nossa era.

Mas, do que trata o livro de Huxley?

Um novo mundo onde os seres humanos eram produzidos em série em laboratórios e, pela manipulação dos embriões, pertenceriam à elite dominante ou simplesmente à massa que fazia trabalhos braçais ou desagradáveis (ípsilones), o controle da individualidade pelo condicionamento no que denominou Centro de Incubação.

Nesses centros de condicionamento, certas "mensagens" eram repetidas milhares de vezes, para que se constituíssem verdadeiros valores da vida de homens e mulheres.

E nessa divisão de “classes” todos eram felizes, porque “o segredo da felicidade e da virtude, é gostar daquilo que se é obrigado a fazer.”


Mesmo sendo "imoral" a procriação natural, havendo por isso cuidados especialíssimos para evitar a gravidez, havia no "novo mundo" total liberdade sexual. A monogamia era objeto de repúdio e deboche. O casamento e o sentimento pais/filhos, uma vergonha.

O "soma" era a droga contra todos os males da "alma": da angústia, da depressão, da tristeza, da dúvida. Uma dose da droga anestesiava a mente do usuário, sobrevindo um estado de euforia, de felicidade, sem os mal-estares de outras drogas quando passasse seu efeito.

E se sobressai na história Bernard Marx um Alfa Mais - os membros superiores da sociedade - que tinha deficiências, era feio e mais baixo que os demais, em torno de oito cm. Diziam que, por erro, seu pseudo-sangue tivera dose maior de álcool.

Tinha ele por costume indagar-se sobre sua individualidade e costuma rejeitar doses do soma. Uma reação perigosa aos ditames da alta administração controladora.

Aproximara-se dele Lenina que tinha interesse em conhecer a reserva selvagem. Selvagens porque procriavam normalmente, casavam-se, preservavam a figura do país, seguiam religiões...

E viviam numa região imunda, sem higiene e de modo precário.

De lá, traz Bernard um Selvagem e sua mãe Linda que fora nascida nos laboratórios mas se perdera naquela comunidade isolada e pobre ao ficar grávida de um alto dirigente daquele seu mundo controlado após dar a luz a um filho de modo natural.

Mas, era rejeitada mesmo nessa comunidade porque não perdera o condicionamento da prática do amor livre. E, pelos excessos, consumindo drogas pesadas devastadoras quando passavam seus efeitos, envelhecera e engordara. Sentia falta do soma.

Naquele que chamava “admirável mundo novo”, o Selvagem causa espanto, porque lia Shakespeare e rejeitava aqueles manuais de condicionamento e aqueles filmes e programas vazios nas televisões.

Com princípios morais que poderiam ser classificados de “cristãos”, apaixona-se por Lenina e por ela é correspondido.

Lenina, então, dentro da liberdade sexual a que estava condicionada, tenta seduzi-lo retirando suas vestes. O Selvagem - que pensava em casamento para toda a vida - rejeita seus excessos e a expulsa.

Num diálogo entre o Selvagem e o dirigente máximo daquele mundo condicionado como Deus se manifestava: 

— Bem, ele se manifesta como uma ausência; como se absolutamente não existisse. 

— A culpa é sua. 

— Diga, antes, que a culpa é da civilização. Deus não é compatível com as máquinas, a medicina científica e a felicidade universal. É preciso escolher. Nossa civilização escolheu as máquinas, a medicina e a felicidade. Eis por que é preciso que eu guarde esses livros no cofre. Eles são indecentes. As pessoas ficariam escandalizadas se...

— O mal é uma irrealidade se se tomam dois gramas. 

Com o "soma", a "droga contra os males da alma", se se tomam dois gramas, o mal é uma irrealidade.

Mas, o Selvagem a evitava exatamente porque tirava sua liberdade de pensar livremente.

Depois da morte de Linda, sua mãe, ele foge daquele mundo que para ele não fazia sentido, não tinha liberdade de pensar, de ler e se isolar.

E assim faz. Encontra um farol abandonado e lá passa a viver. Ali, subindo nas escadarias apreciava pelas janelas, paisagem belíssima.

Havia na sua comunidade a prática religiosa do açoite. O Selvagem é surpreendido se autoflagelando com um chicote, por três membros daquele mundo que desprezara.

Dias depois, helicópteros o encontram, repórteres tentam entrevistá-lo e, a partir dai, não teve mais paz.

Suas imagens e as chicotadas eram passadas e repassadas nas telas do “cinema sensível”.

Os helicópteros chegavam em grande número.

Todos impressionados com o uso do chicote que aplicara em si mesmo e a uma mulher linda que dele se aproximara numa daquelas invasões.

Tantos os assédios, tantos os repórteres que perguntara na sua angústia:
                           
— O que querem de mim?

E a resposta:

— Nós-queremos-o-chicote! - gritou um grupo no extremo da linha. Nós-queremos-o-chicote!
                  
Num outro dia os invasores chegaram. O farol estava em silêncio. Eles nele entraram, subiram as escadas e viram os pés do Selvagem girando, girando.

              
“Moral da história”: muitas morais podem ser identificadas, como o desprezo pela pobreza sem ajuda, a descoberta da violência por aquelas mentes condicionadas que a transformam em diversão, o uso das drogas que afetam a própria consciência, a liberdade sexual se avolumando, o domínio da televisão de má qualidade, o excesso de seitas religiosas... e por aí vai.

Nestes tempos nos quais desponta um mundo nada admirável.


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