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quarta-feira, 12 de julho de 2017

"1984" de George Orwell

Livro 12

Escrito no fim da década de 40, ainda sob a influência dos horrores dos crimes nazistas e mesmo do stalinismo, engendrou George Orwell um mundo no qual o ser humano estaria controlado, manipulado e submisso aos desígnios do "Grande Irmão".





















Ele nos leva a mentalizar, a cada página, o cinza chumbo, pesado, opaco e amargo da vida.

Uma "vida" sem perspectiva, sem aquela ambição pessoal que leva ao progresso e à aptidão da mente e da própria existência.

O que seria a "teletela", um aparelho que controlava até os pensamentos das pessoas, senão uma sofisticação da Gestapo e de outras polícias especiais dos regimes totalitários? O que seria o absurdo controle da opinião, em que a própria "história" era modificada segundo os desígnios do Poder — o "Times" era reescrito tantas vezes fosse necessário para registrar os interesses renovados do Partido —, uma versão da imprensa unilateral a serviço do totalitarismo?

E quais as consequências? O sistema de "tratamento psiquiátrico" aos que se rebelavam e aos que caem "em desgraça"; a autocensura, uma voz insuportável que reprime a manifestação, já que são nebulosos os limites permissíveis da expressão do pensamento. 

O herói de "1984" não tremeu diante de um simples volume de folhas em branco e, em pânico, começou a escrever? Lá fora, enquanto isso, desincentivava-se o amor (em todas as suas nuanças) em meio a uma propaganda política permanente e maciça onde eram ressaltados os "grandes feitos" bélicos do Poder (a "Teletela" nunca era desligada).

As comunicações se davam em "novilíngua", uma linguagem imposta pelo Poder, de limitado vocabulário com tendência a ser cada vez mais restrito.


Apagara-se para sempre sua interioridade que, alimentada, alerta para uma existência transcendente. Esse espaço fora preenchido pela máxima presente sempre: "O Grande Irmão zela por ti".

A proliferação de seitas religiosas ditas comerciais também não contribui para esse aprisionamento mental de seus adeptos?

Orwell não dá esperanças: Winston, o herói "dissidente", como desejado, submetido a todas as torturas e sofrimentos, "espontaneamente", com convicção, se convence que "dois e dois são cinco". O seu axioma antes fora: "A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são quatro; admitindo-se isto, tudo o mais decorre". 

No auge de sua "recuperação" passa a amar o "Grande Irmão".

Uma ténue esperança alimentada por Winston até ser recuperado" era a eventual revolta dos "proles", uma sociedade à margem do poder, desorganizada, mas também controlada por intensa espionagem e, quanto aos "divertimentos", um dos mais comuns era a proliferação de filmes pornográficos.

Os "proles", todavia, no percurso todo do livro, permaneceram alienados e impotentes.

Os abusos dos grandes irmãos atuais que fazem da política o meio da ambição e do acúmulo de riquezas pela corrupção sem a preocupação em melhorar a vida dos..."proles".

Embora o mundo não tenha mudado muito desde quando o livro foi escrito, é de se reconhecer a tendência à centralização do poder e o aperfeiçoamento inconteste dos recursos "formadores" da opinião, em especial a televisão.

É inequívoco que o quadro pintado por Orwell se assentara numa paisagem contemporânea que o inspiraria amargamente.

"1984" contém, então, uma advertência notória: a necessidade de estarmos atentos a qualquer forma de dominação, em qualquer nível que se manifeste, denunciando-a vigorosamente, até porque há, no planeta povos totalmente dominados pela vontade de um ditador e seus asseclas.


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