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quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

TRÓPICO DE CÂNCER de Henry Miller

LIVRO  102



Esse livro vinha me desafiando havia anos. 

Estava bem posto a espera que eu me encorajasse a lê-lo, nesse exercício que tenho feito de ler de tudo (ou quase) e, se começada a leitura, o compromisso de não a abandonar até o final.

Por isso, li muito livro que considerei ruim, como este. Porém, o livro foi enredo dum filme com o mesmo nome de 1970.

Eu precisava conhecer o Autor. Henry Miller era americano de Nova York (1891-1980).

De modo muito distante ouvira que nos Estados Unidos esse livro fora censurado, desde o seu lançamento em 1934 perdurando até 1961.Qual o nível dos conceitos morais mesmo na longínqua década de 30 e seguintes do século passado?

O Autor usa alguns nomes para se identificar no livro, inclusive o seu próprio.

À medida que lia constatava o forte apelo pornográfico, aquela linguagem da boemia, da vulgaridade. 

As mulheres, conseguidas facilmente naqueles cantos e becos sórdidos de Paris, a boemia, as prostitutas que não eram chamadas como "mulheres", mas identificadas pelo Autor e seus amigos, pelo seu órgão genital, mas naquele termo, digamos, vulgar.

Pouco trabalho, vadiagem, refeição e sexo constante com prostitutas.

As mulheres, no relato do livro, não são respeitadas. Aquela de "objeto sexual", no livro, cai bem ... demais.

São relatos da vida precária em Paris, jornalistas sem jornal ou pouco definidos, escritores que não escrevem, como o caso do Autor, pintores com pouco talento, todos sem ou pouco dinheiro, a cata permanente de alguns trocados para pagar um quarto precário e, especialmente, para se alimentarem.

No caso do Autor, a busca diária por refeições era uma prioridade.

Paris os encantava, mesmo com aquela vida precária. Até os moradores de ruas pareciam felizes segundo o Autor quando o dia amanhecia e lá estava, a recepcioná-los por mais um dia a grande cidade, mesmo que frequentassem ruas de periferia, sórdidas, sujas:

"Esta Paris, cuja chave só eu possuo, não se presta bem a uma excursão, mesmo com a melhor da intenções; é uma Paris que tem de ser vivida, que tem de ser experimentada cada dia em mil formas diferentes de tortura, uma Paris que cresce dentro da gente como um câncer e cresce e cresce até nos devorar". 

Os amigos do Autor se sucedem. Eles são personagens ocasionais da obra e desaparecem, significando, de regra, que fazem parte de capítulos que não aparecerão em outros.

Um detalhe notável: raramente alguém se "salva" da vida precária e do mau conceito. O Autor, de todos os personagens, realça o lado negativo de cada um, predominantemente, todos um tanto desequilibrados, carentes. Há o desrespeito figuras sacras por misturá-las sistematicamente com aquele linguajar descontrolado, sujo, com o chulo.

Sobre um jovem hindu, discípulo de Gândi, ele o desmoraliza ao levá-lo a um prostíbulo no qual ele confunde o bidê com a privada. Parede engraçado, mas não é.

As coisas são nesse nível. E tendo em conta esse jovem que conheceu os Estados Unidos, diz o Autor sobre o seu próprio país:

"O inimigo da Índia é o espirito do tempo, o ponteiro que não pode ser virado para trás. Nada servirá para vencer esse vírus que está envenenando o mundo inteiro. A América é a própria encarnação da ruína. Arrastará o mundo inteiro para o poço sem fundo." (!)

Outro caso de escárnio que o Autor apresenta se trata de um corcunda servidor de uma escola na qual fora contratado para ministrar aulas de inglês. Num dado momento, para não perder o costume da zombaria, o chama de Quasímodo, aquele personagem deformado de Victor Hugo, no romance "O Corcunda de Notre Dame".

Uma frase: 

"Mas esses imundos mendigos deitados na chuva, a que propósito servem? Que em nos podem fazer? Eles nos fazem sangrar durante cinco minutos, mais nada."

                                            ● ● ●
Tudo bem que o corpo humano tem reações naturais, mas a menção constante dessas reações fisiológicas representam o desencanto, a mente perdida na falta de um sentido com um mínimo senso da condição humana.
                                           ● ● ●

Quando o Autor se propõe a explanar sobre suas reflexões, o que pensaria sobre a própria vida, digamos, constitui-se um amontoado de frases confusas que não levam a um sentido mínimo de lógica, e que não seja lógica, pelo menos alguma consistência no que pensa de sua existência, ainda que precária naqueles dias em Paris. 

A falta de trabalho ou a pouca vontade em trabalhar, jornalistas medíocres, escritores que pouco escreviam a angústia por uma refeição parece que no final da obra o Autor se daria bem.

Sim,

Ele encontra o amigo Fillmore no momento em que saíra do Banco após tirar "algum dinheiro". Estava angustiado esse amigdo com a opressão que a esposa Ginette lhe fazia, explosiva, controlando-o muito de perto. É nessa conversa o Autor o convence a fugir da esposa, viajando para Londres com a roupa do corpo.  

Mas, não era algum dinheiro, que Fillmore sacara, era muito dinheiro. Nervoso com a fuga iminente, de trem,  deixa importância significativa aos cuidados do Autor para ser entregue à esposa Ginette ... mas o livro não revela que ele isso tenha feito. 

O leitor que decida.

Um livro sem luz mesmo em Paris. Taciturno. 
O livro é ruim mas circula por aí até hoje há quase 90 anos de seu lançamento.


domingo, 27 de novembro de 2022

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS de Markus Zusak

 LIVRO 101




Achei o livro bonito. Quase uma fantasia.

Trata-se a edição que esta aqui comigo esmerada com 480 páginas mas pelas páginas divisórias em branco deve ter cerca de 450.

A contracapa avisa o seguinte: "Quando a Morte conta uma história você deve parar para ler."

Com efeito ela explica o modo como eram recebidas as almas que se "libertavam" do corpo físico. 

E, então, vai alertando: "você vai morrer."

"- Insisto - não tenha medo. Sou tudo, menos injusta." 

Para quem ignora tudo sobre o que se passa neste planeta das diferenças e penitências, posso discutir, porém, a justiça de muitas mortes.


PERSONAGENS


LIESEL MEMINGER

A menina que roubava livros. No trem ela vira a morte de seu irmão por crise de tosse. Ela e o irmão estavam sendo conduzidos pela mãe aos pais adotivos em Munique.

No cemitério ela "roubou" um livro caído na neve, "O Manual do coveiro". Ela guardou aquele primeiro livro como um tesouro. Depois, o segundo, junto com seu pai de criação, "roubou" um livro duma fogueira acendida por nazista na qual, as vítimas eram... livros.

E esses "roubos" tiveram a ajuda de seu amigo Rudy.

Ah, sim, a história se situa durante os horrores da Alemanha nazista. Adolf Hitler, o Fürher passou a ser seu pesadelo e o pesadelo de sua família de criação.

A obra dá a entender que a mãe de Liesel pode ter sido executada por ser "comunista". 

Foi difícil a separação de sua mãe quando Liesel foi deixada com os pais adotivos.

A cidade onde passaria a morar era pequena, Molching (fictícia), vizinha de Munique. na rua Himmel, 33 (Himmel = céu, paraíso).


HANS E ROSA HUBERMANN (Os pais adotivos de Liesel)

Moravam numa casa modesta na rua Himmel, 33 [himmel = paraíso, céu].

Rosa era uma mulher desbocada, impaciente e o marido Hans, o oposto, calmo e músico porque era exímio acordeonista. Ele que fora soldado na1ª Guerra, com o acordeão "enfeitava" a vida dura dos tempos nazistas que ia se firmando.

Ele era pintor de parede mas também obtinha algum dinheiro se apresentando com o acordeão.

E a perseguição aos judeus.

Rosa exigiu de Liesel ser chamada de "mamãe". 

O papai Hans se afeiçoara muito à menina, ensinando-a ler, lendo para ela e tocando o acordeão. A menina que roubava livros, por sua vez, em pouco tempo passou a amar os país adotivos, mesmo Rosa, com suas imprecações. 

Hans não era nazista embora tivesse pedido inscrição no partido sempre sem resposta, mas um dia houve a confirmação.

Numa "marcha" de judeus pela sua cidade, penalizou-se ao ver um idoso com dificuldades de seguir o grupo de farrapos. Tentou dar-lhe um pedaço de pão, auxiliá-lo em se aguentar nas próprias pernas. Ao presenciar a cena o militar nazista, aplicou-lhe fortes chicotadas ficando a marca do açoite. Até pensou que seria preso por essa solidariedade ao judeu idoso, mas isso não ocorreu.

Hans e Alex Steiner (pai de Rudy, amigo de Liesel) foram convocados para a guerra, mas não foram remetidos aos locais das batalhas sangrentas, na Rússia por exemplo.

Mas, um dia os Aliados bombardearam a cidade, arrasam a rua Himmel mas Liesel sobreviveu porque estava no porão lendo e escrevendo seu livro.

Seus amados pais, Hans e Rosa...

Mas, o livro de Liesel foi salvo dos escombros.


MAX

Um jovem judeu em fuga, filho de um soldado que "salvou a vida" de Hans, na Primeira Guerra. Sua família perseguida pelo nazismo não teria condescendência.

Sua mãe deu o endereço dos Hubermann e ele chegou à rua Himmel, tendo como passaporte o livro de Hitler, Mein Kamph ("Minha Luta").

Foi alojado precariamente nos porões da pequena moradia, sem sair sequer para ver o tempo lá fora, sendo alimentado pela sempre mencionada sopa de ervilhas de Rosa.

Fez amizade com a família e se tornou muito querido, especialmente por  Liesel, com quem trocava histórias a ponto de desenhar ele em páginas do livro de Hitler arrancadas e depois pintadas de branco (Hans era pintor) uma historieta na qual contava sua presença no porão, a amizade com a menina, os sonhos. 

"Agora acho que somos amigos, essa menina e eu."

Max fugiu após com medo de ser capturado pela polícia nazista após a tentativa de Hans em ajudar o idoso judeu na marcha que assistira. Hans, esperava a polícia nazista no número 33 da rua Himmel para o prender por ter se revelado "amigo dos judeus. 

Mas, tal não se deu.

A toda "marcha" de judeus presos, Liesel se aproximava para o encontrar entre as vítimas das crueldades nazistas. Um dia ela o reconhece...

Mas, ele sobreviveu... e procurou Liesel.  


RUDY STEINER 

Vizinho de Liesel, na mesma idade, era o principal amigo dela. Jogavam bola na rua Himmel, faziam travessuras, roubavam frutas e, em tudo, eram cúmplices naqueles tempos em que havia recato nas amizades.

Era briguento para alguns meio maluco.

Rudy, se inspirando no atleta americano, negro, Jesse Owens - e chegara a se pintar de preto com carvão para se parecer com o ídolo (*) - havia se tornado um atleta destacado no âmbito da Juventude hitlerista.

Ele inclusive a ajudou a "roubar" com Liesel livros da biblioteca do prefeito mas ele constatou, mais tarde, que a esposa Ilsa dele sabia dos "roubos", facilitava o acesso da menina na sala dos livros chegando mesmo a deixar, disponível, um dicionário na janela.

Sempre que Rudy fazia alguma coisa positiva à sua amiga, lhe pedia um beijo nunca concedido.

Mas, o bombardeio à rua Himmel reduzindo as casas a escombro vitimou Rudy mortalmente. Teve, então, o carinho e o beijo de Liesel.

(*) Atleta americano que participou dos Jogos Olímpicos de Verão em 1936 em Berlim, na Alemanha Nazista ganhando quatro medalhas de ouro nos 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4 x 100.


ILSA HERMANN

Esposa do prefeito.

Rosa, a mamãe de Liesel lavava e passava roupas de vários moradores da cidade, inclusive das da casa do prefeito.

Então Liesel ia frequentemente bater nas portas do prefeito.

Ilsa vira um dia Liesel roubar um livro da fogueira nazista e a convida para visitar a biblioteca.

A menina que roubava livros ficou deslumbrada e, com a aquiescência de Ilsa, ficava um tempo sentado no chão, folheando e lendo os livros que escolhia.

Até que um dia ela rompe com a mulher quando é avisada que, pelos tempos difíceis, deixaria de entregar suas roupas para sua mãe lavar e passar.

Mas, então, junto com Rudy ela resolve roubar os livros da biblioteca do prefeito pela facilidade em vencer a janela da biblioteca sempre aberta.

Claro que um dia Ilsa visita a menina na rua Himmel e lhe diz que deveria interromper esse modo de obter os livros sendo mais fácil usar a porta da casa.

Bom, após o trágico bombardeio na rua Himmel, Ilsa foi buscar Liesel que ficara sozinha. Ela era já uma adolescente com seus 14 anos. 

Mais tarde Liesel foi residir na Austrália.


Vou evitar o "spoiler"

Eu não vou prosseguir. Não vou dar os detalhes do seu epílogo, não vou revelar o final do livro nos pormenores de modo a tirar o impacto de quem não o leu ainda, mas que pretenda fazê-lo.

(*) "Spoiler" é o ato de contar episódios ou o final de um filme, uma peça, um livro a quem não assistiu nem o filme, nem a peça e nem leu o livro, estragando a surpresa e as emoções que poderiam essas obras provocar.

Eu disse que esse livro tem mais de 480 páginas. Não é pouco. As linhas acima dão uma pálida ideia do que se haverá de ler, mas quem se puser a lê-lo e eu recomendo, que relate suas próprias emoções.











terça-feira, 1 de novembro de 2022

A ILHA de Aldous Huxley

 LIVRO 100



Este livro é de 1962.

Os outros livros do Autor que li, são "Admirável Mundo Novo" (*) e "Às Portas da percepção - Céu e Inferno". (**) 

Nestes últimos o Autor relata sua experiência ao consumir LSD e a mescalina.

Na obra "Céu e Inferno" diz ele:

"O Autor, então, revela que até aquele momento se dedicara à projeção visionária bem-aventurada de sua experiência com a mescalina, referindo-se à teologia e a arte como manifestações, digamos, "celestes", desse "outro mundo".

Mas, no tocante ao inferno, a mescalina terá efeito perverso quando o paciente apresenta emoções negativas, falta de confiança, o ódio, a ira  e a maldade - "que elimina o amor" - fazem a experiência se tornar aterradora".

Nessa linha, o livro "A Ilha" vai revelar, no final, que o personagem Will - que tendo naufragado chega à ilha fictícia de Pala - "toma" o moksha, um suposta droga alucinógena.

Mas, isso é simbólico, me parece, porque a "definição" simplificada de "moksha" é esta:

Moksha ou Mukti refere-se, em termos gerais, à libertação do ciclo do renascimento e da morte e à iluminação espiritual. Na mais alta filosofia hindu, é visto como a transcendência do fenômeno de existir, de qualquer senso de consciência do tempo, espaço e causa.

Então não se trata de uma droga consumível, mas uma conquista espiritual. Mas, não ficam afastados os prazeres que a vida oferece, como o sexo. 

Maithuna é a ioga do amor. Isso significa a liberdade sexual, prática muito bem explanada por um casal de jovens amantes que explicaram ao personagem Will quando ainda hospitalizado. Busca de uma vida feliz com a prática do budismo.

Mas há, no outro extremo, o apelo à  vida virtuosa. 

O enredo do livro tem muito do uso do moksha até pelas crianças.

Frase: 

● “O conceito “Faça aquilo que gostaria de receber” se aplica em nossas relações com todas espécies de vida nas várias partes do mundo. Somente teremos permissão de viver neste planeta enquanto tratarmos a Natureza com inteligência e compaixão. A Ecologia elementar nos leva diretamente ao Budismo elementar”.


ENREDO

Will Farnaby é um jornalista inglês famoso que aporta na ilha Rendang para artigos do novo regime ditatorial, implantado pelo coronel Dipa.

A localização dessa ilha fictícia que o livro não dá as coordenadas de sua localização. A contracapa fala em "mares do Sul".

Pois bem, provavelmente explorando a área de barco, ele é vítima de um naufrágio provocada por uma tempestade.

Ele consegue chegar na Ilha de Pala, muito ferido escala um monte sendo encontrado pela menina Mary que providência o socorro de seu avô médico Dr. Robert MacPhail.

Enquanto espera o socorro ele ouve repetição da palavra "atenção" e "karuna". Era a "voz" do pássaro mainá.



   Mainá

O evento morte estará sempre presente no romance. O "horror fundamental".

Enquanto prostrado, sujo, ferido, rosto na lama, lembra-se da esposa Molly a quem traíra e de certo modo se culpando pela sua morte num acidente de automóvel.

Com grave ferimento no joelho, sua perna é imobilizada e a partir daí começa a se inteirar da cultura de Pala.

Conhece Susila, nora do Dr. MacPhail, viúva, que tendo talento em técnicas de relaxamento se aproxima do paciente Will e o conduz, nesse processo, a o afastar da realidade em algo próximo do hipnotismo:

- Flutuando sem esforço - disse para si mesmo - Flutuando sem esforço - E essas palavras lhe deram uma profunda satisfação.

E a partir daí que ele vai se inteirando da budismo praticado na Ilha.


Pala era administrada pela rami assim chamada, mãe do futuro rajá Murugan, ainda sem idade para assumir o governo.

Rami meditava no seu oratório para aumentar sua espiritualidade chegando mesmo, segundo ela a sentir a "presença" do mestre Koot Hoomi que seria um mestre espiritual. 

Tanto rami como o filho eram influenciados pelo ditador Dipa, de Rendang.

Havia, aí, interesses em reservas de petróleo em Pala e a preocupação de que o ditador a invadisse.

A ideia era promover o progresso material e tanto a rami como o filho veladamente aceitavam essa "nova" Ilha.

[Não sei, talvez até baseado nisso, mas me lembra um pouco a ocupação do Tibete pela China em 1950 - até hoje a China tem ambições expansionistas pela pressão que faz sobre Taiwan]

Murugan era filho único, mimado, com alguma vacilação sexual o que o tornava crítico de aspectos do modo de vida de sua própria Ilha. 

Me parece que, sobre a educação do futuro rajá, há uma discussão sobre o complexo de Peter Pan, exposto pelos personagens dr. Robert MacPhail e Vijaya.

Hitler teria esse "distúrbio" porque fora um fracasso na escola, incapaz de competir e de cooperar, invejando os meninos bem sucedidos, desprezando-os, um mau pintor  e quando chegou à puberdade atrasou-se sexualmente e não tinha como os jovens tinham  relacionamento com as garotas. A Humanidade pagou caro por esse perfil de Hitler.

Já Stalin seria um tipo de "homem músculo" tão cruel e incontrolável quanto Hitler mas com um perfil extrovertido de domínio, em obter o poder, rodear-se de bajuladores que muitas vezes ele não poupou. Ocupou-se em exterminar os fazendeiros, criou cooperativas, voltou-se à indústria bélica, a par de deslocar os camponeses para as fábricas. (***)

Com perfis diferentes, ambos  foram monstros, antes, durante e depois da guerra, nesse caso, Stalin que a ela sobreviveu vitorioso.


A experiência de Will "tomando" moksha

Muita intensa, "numa sucessão de revelações, a luz ficou mais intensa, a compreensão se aprofundou e o êxtase atingiu tal intensidade que se tornou insuportável".

E no seu êxtase inimaginado:

- Meu Deus! - disse para si mesmo - Oh, Deus meu!

Nesse êxtase, ao se referir à Luz, diz que ela estava nele.

A música de Bach que tocava se incorpora à sua Luz.

Mas, quando volta ao seu estado "normal", olha para o rosto de Susila, que o assistia na experiência e diz:

- Você é tão incrivelmente bela.

E já refeito Will, aproximam-se da janela e ouvem a voz de Murugan num alto-falante instalado num carro, gritando que fora constituído o Reino Unido de Rendang e Pala. 

O Primeiro Ministro desse Reino  "é o grande político e líder espiritual Coronel Dipa". Tudo pelo progresso.

Susila cobre o rosto com as mãos. Will passou o braço em volta de seus ombros. "Todo o trabalho de cem anos destruído numa noite."


FRASES

● “Sabe também que, se as preces algumas vezes são atendidas, é porque neste nosso estranho mundo psicossomático os desejos têm tendência a se realizarem, quando neles nos concentramos”.

● "Com exceção do peixe a comida e toda  budista (...) Decidimos que os peixes são vegetais, no sentido estrito do termo".

● "Que acontece quando se está doente ou quando ferido? Quem promove a cicatrização? Quem trata dos ferimentos e debela a infecção? É você".


O LIVRO

O livro é denso, tem outras abordagens, achei maçante as páginas sobre a educação infantil, há críticas contundentes sobre a educação sexual calvinista do passado, há o controle da natalidade proporcional à produção de alimentos. E por aí vai.

O livro contém 358 e penso que não seja para todos os gostos.

Mas, há muitos aspectos positivos. 


REFERÊNCIAS

(*) Acessar: ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

(**) Acessar: AS PORTAS DA PERCEPÇÃO /CÉU E INFERNO

(***) Acessar: STALIN NOVA BIOGRAFIA








domingo, 9 de outubro de 2022

O HISTORIADOR de Elizabeth Kostova

LIVRO 99


Esse livro tem 900 páginas, mas regulando o tamanho delas, numa edição convencional creio que chegaria a umas 700 páginas.

Nunca dele ouvira falar embora traduzido em vários idiomas. Pensei em desistir da leitura mas assumi que livro começado tem que ser terminado. E, por isso, andei lendo livros ruins nestes tempos.

Por isso, vacilei muito em falar aqui sobre a obra porque ela trata do vampirismo, de Drácula que, no fundo, no modo de tratar o personagem, ele se confunde com o próprio demônio. 

Nas páginas finais as descrições do personagem Vlad III (Drácula)  num tempo em que poupara por um fio a vida e convivendo "amistosamente" com o professor Rossi, já combalido porque fora vítima da sanha por sangue do vampiro, são muito convincentes a ponto de mexer um pouco com aquilo que costumo chamar de "porão do psiquismo" ao soprar "poeira tóxica assentada" na interioridade, afetando o equilíbrio espiritual.

Há filmes que a mim tiveram esse efeito de modo mais intenso.

O livro não é destituído de interesse. Há suspense, literatura - a descrição das belezas de Budapeste, capital da Hungria - de vilas remotas da Bulgária, viagens e impressões outras que dão valor ao livro.

No tocante ao enredo propriamente dito, a própria Autora, "não consegue" estabelecer as razões que motivaram o personagem professor Rossi a se interessar pela vida de Drácula, encontrar seu túmulo e se fora ou não decapitado.

Alguns motivos disponíveis: por que fora um forte combatente à invasão otomana na Europa? Pelos seus atos de crueldade infligidos aos inimigos e desafetos?

Sobretudo, claro, o interesse literário de contar uma boa história o quanto possível.

Não diz o livro mas digo eu: a busca pelo mal de modo tão intenso faz com que se conviva muito com ele. Assim com o personagem Rossi. As drogas podem ser tomadas como exemplo: começam como experimento e depois ela simplesmente destrói a saúde mental / espiritual do viciado.

Pois Vlad III (Drácula) que reinou na Valáquia, na Romênia entre 1450 e 1460, ao fazer prisioneiros nas batalhas contra os otomanos, era de extrema crueldade. Esses infelizes eram empalados e permaneciam pendurados nessas estacas enfrentando sofrimento atroz até que a morte ocorresse.

O conde Drácula faleceu em 1476

A fama de Drácula vampiro não fica muito clara o que parece ser, rigorosamente, um mito.

Há momentos sutis no livros que ocasionalmente a Autora o compara com Stalin e Hitler.

ARGUMENTOS DA OBRA

O professor Bartholomeu Rossi era famoso historiador e professor, especialista na história medieval que sem um motivo claro, passou a se interessar pela vida de Drácula.

Aproximando-se demais desse personagem, um dia recebeu sem saber a origem um estranho livro no qual entre páginas em branco, havia um desenho bem elaborado de um dragão.

Seu aluno Paul, que fazia doutorado sob sua orientação sobre assunto diferente do vampirismo, também recebeu esse livro misterioso passando a haver aí uma identidade de pesquisa entre orientador e orientado: onde estaria o túmulo de Vlad, ele fora decapitado ao ser derrotado pelos otomanos?

Nesses envolvimento todo, há pelo menos uma morte, um aliado de Rossi, com um corte profundo na garganta. E outro em Istambul.

Nessa pesquisa, um dia, Paul,  na biblioteca se depara com um mulher jovem, que descobre ser antropóloga, que se interessara pelo mesmo assunto. Buscando na biblioteca, descobre que o nome dela era Helen Rossi.

Ambos se aproximam. Certo dia, Helen é atacada por um estranho bibliotecário que vigiava seus passos a os de Paul, um vampiro que consegue feri-la com breve sucção de sangue em sua garganta.

Ela tinha uma arma de fogo e atinge o vampiro não "mortalmente" que foge.

Um aliado de Paul e Helen, Turgut morador de Istambul - que pertencia  à "Guarda do Crescente do sultão" (!) agora com poucos membros -  inimigo secular de Drácula - também o perseguia chegando a dizer que quando criança fora ele, o vampiro,  exposto à tortura praticada por soldados inimigos, seus "mestres" que o vigiavam. Drácula fora entregue por seu pai aos inimigos numa troca de guerra.

Ora, Helen era húngara e não poderia ser a filha do professor. Mas, na Bulgária Paul que viajara com ela descobrira que realmente Rossi era o pai  de Helen que a negara porque poderia ter ingerido uma droga em suas andanças que afetavam a memória.

Para evitar a vergonha na família no lugarejo, a jovem mãe que tivera por pouco tempo um relacionamento apaixonado, foge para a casa da irmã, na Hungria, onde nasceria Helen.

Mas, o professor Rossi desaparece e ambos viajam juntos em busca do paradeiro do professor e pai e, estabelecendo-se uma correlação com a busca do próprio túmulo de Drácula.

Eles se apaixonam aumentando o interesse pelas buscas. Mais tarde se casam.

Nasce uma filha.

Chegam numa remota localidade da Bulgária, num mosteiro medieval no qual alguns monges habitavam, depois de escaparam por um tempo de Renov, guia "obrigatório" e agente do governo autoritário (soviético).

"Na Bulgária nunca se esta longe das montanhas... - Balkan é uma palavra turca que significa montanha."

E no mosteiro na escuridão e à luz de velas descobrem um "relicário", um túmulo, um sarcófago entreaberto mas com tampo pesado e lá estava o professor Rossi, já transformado por Drácula num vampiro.

Rossi explica com muita dificuldade que Vlad o havia dominado para ser bibliotecário do imenso acervo de livros que possuía, mas pela sua relutância, fora transformado num morto-vivo. Então, Paul e Helen providenciam sua morte nos rituais consagrados para casos daquela natureza (a introdução de uma estaca no coração do vampiro). 

O que disse Vlad sobre o bem e o mal:

- A História nos ensina que a natureza do homem é perversa, de uma perversão sublime. O bem não é aperfeiçoável o mal sim.

Tempos depois, Paul e Helen visitam o velho mosteiro em Les Bains na França e lá se hospedam. Pela manhã ele constata que ela havia desaparecido. 

Só saberia mais tarde. Ela revelaria que fora atacada pela segunda vez pelo vampiro. Não cuidara em ter dentes de alho em suas roupas e o crucifixo havia caído do seu pescoço. Dai o ataque.

A terceira sucção a transformaria, também, numa morta-viva. 

Haveria, então, que destruir o inimigo demoníaco.

Tendo a pista de cartões postais da mãe, a filha e seu namorado Barley viajam para a França, se dirigindo também para Les Bains e ali buscam o antigo mosteiro. Ela procurava por seu pai que havia dias não dava notícias.

Paul também estava dentro da cripta do mesmo mosteiro a procura de Drácula que poderia ter se mudado para lá fugindo da Bulgária - ele se escondia nesses mosteiros porque em vida , a despeito de sua crueldade, ajudara na construção deles.

Helen também estava no mesmo local. Tudo coincidência...

E é nessa cripta que todos se encontram, até mesmo o mestre James diretor da Universidade que apoiava as pesquisas de Paul e naquele ambiente sem iluminação, a luz de velas, se deparam com Drácula. Tem início uma luta corporal. James na luta é jogado longe mas Drácula abre a guarda o que permite que Helen, eximia atiradora, com arma carregada com balas de prata acerte o coração de Drácula. A bala de prata (tinha que ser desse metal, para ser mortal) faria o vampiro se reduzir ao pó? 


O livro não é só isso. O volume contém  900 páginas. Sobretudo um passatempo para quem gosta de "cenas" de terror e suspense.




segunda-feira, 5 de setembro de 2022

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS de Lewis Carroll

 LIVRO 98



Esse livro é ou não é infantil?  Ele foi escrito em 1865. A história  inspirou filmes e desenhos animados. (*)

O enredo descreve um sonho infantil e com ele, no desenvolvimento, o que há de confuso, de fantasias (aqueles imagens oníricas). O sonho de Alice apresenta "aventuras" próprias de sua idade naqueles idos há quase 160 anos e ela acaba por ter algumas lições de vida. A história tem forte apelo ecológico, mesmo que o Autor no seu tempo não tivesse se dado conta disso.

                                         /●/

Os sonhos me empolgam e me desafiam. Quem "escreve" os enredos do que assistimos e participamos durante o sono - não apenas reflexos do cotidiano? Aquelas situações desencontradas: num pântano aparece um braço estendido, esse braço é puxado, parece que alguém foi salvo, mas quem e do quê? "Viajando" a um local remoto, precário, rodeado de pessoas amáveis ou reticentes sem saber como voltar para o "lar"...onde deixei o carro? "E onde encontramos os mortos" (**).

                                            /●/    

Bom, se algum interessado chegou até aqui, certamente não está interessado nas variáveis dos sonhos que explano. 

Então, Alice começou a se cansar do livro lido por sua irmã que não tinha gravuras.

Ela estava sobre um galho de uma árvore com sua gatinha Dinah e de repente vê um coelho apressado com um relógio repetindo apressado, "estou atrasado..."

Surpresa, ela persegue o coelho até sua toca e quando lá entra, cai suavemente  num vosso até alcançar o mundo das maravilhas.

Nesse mundo assim que chega chora copiosamente preocupada em não sair dali a ponto de alagar tudo em sua volta.

E todos molhados, Alice começa a se relacionar com um rato e com outros animais de modo harmônico. Principalmente com o dodô. No livro a ave é tratado no masculino, o Dodô.

Dodô, uma ave da "família" dos pombos que não voava que vivia na Ilha Maurício - localizada no Oceano Índico - e não fugia dos seres humanos porque não ameaçada por predadores (logo de quem essas aves não fugiam!). Presas fáceis dos marinheiros holandeses famintos que se alimentavam de suas carnes, "saborosas", cruéis, sem qualquer ato de preservação essas aves foram extintas pelos idos de 1668.

Então, o que faz o dodô na história, ave extinta há cerca de 200 anos antes da publicação do livro?

A lembrança dum personagem num sonho bom? Uma homenagem do Autor à ave indefesa extinta pela insânia do homem?

Mas, é com o gato Cheshire que Alice recebe, digamos, uma lição de determinação, mas não tanto "filosófica". 

O diálogo:

- Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui? pergunta Alice.

- Isso depende muito de para onde que ir - respondeu o gato.

- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.

- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o gato.

- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice para se explicar melhor.

- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.

Afinal de contas, qual caminho, mesmo aquele que leve a algum lugar determinado ou não, não exige longa caminhada? E quantos sem saber qual caminho trilhar não chegaram a algum lugar compensador?

Alice naquele país dos sonhos, mudava de tamanho e passou a controlar sua altura a conselho da lagarta, com pedaços de cogumelo que de um dos lados dele aumentava sua altura e do outro lado, a diminuía. 

Essa lagarta, lacônica meio arrogante era fumante de um ...narguilé...

E assim vai Alice se relacionando com diversos animais amistosos: com dois coelhos, cachorro, com uma pomba preocupada com seus ovos achando que a menina fosse uma cobra e os devoraria, com um porco, com a "lebre de março" e o chapeleiro, num chá maluco...

Com o grifo (uma figura mitológica - metade águia metade leão), com a "tartaruga falsa" e a "quadrilha" das lagostas. 

Então, Alice adentra no "reino" das cartas (de baralho) e se depara com a rainha  e o rei de Copas. A rainha, muito mandona, a qualquer contrariedade, não perdoava a vítima e gritava aos guardas:

- Cortem-lhe a cabeça.

Assim com os jardineiros que pintavam de vermelho rosas brancas que a rainha não gostava.

Mas, claro, tudo um sonho.

Nos contatos com a rainha, Alice foi colocada a jogar croquet num campo cheio de protuberâncias e buracos. As bolas eram ouriços vivos e os bastões flamingos vivos. A menina teve muita dificuldade em controlar tanto o seu "bastão" como a "bola".

No reino das cartas, a própria Alice foi condenada pela pena máxima ao criticar os  procedimentos do tribunal que julgava o roubo de tortas (?) - presidido pelo rei - houve risos. A rainha furiosa grita:

- Cortem-lhe a cabeça. 

Mas, Alice desprezou a ordem da rainha:

- Vocês não passam de cartas de baralho!

E acordou de um sono pesado aos apelos de sua irmã.

E Alice: 

- Nossa tive um sonho tão esquisito.

No geral, esse o sonho da Alice no país das maravilhas, um sonho como todos os sonhos, geralmente, confusos, sem sentido que, de regra se o esquece assim que se acorda.

O Autor Lewis Carroll, inglês, nasceu em 1832 e faleceu em 1898.

As ilustrações da edição são originais de autoria do inglês John Tenniel (1820-1914). 


Referências

(*) Para mencionar, o desenho animado de 1951 de Walt Disney bem feitinho. Não sei se nos dias de hoje, as crianças para as quais foi o filme produzido há mais de 70 anos, despertaria interesse. O filme tem  duração de 75 minutos. Há outros filmes.



(**) Marguerite Yourcenar no livro "Memórias de Adriano". Acessar:

MEMÓRIAS DE ADRIANO

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

A PAIXÃO SEGUNDO G. H. de Clarice Lispector

    LIVRO 97




Outro livro que li da Autora, "A Hora da Estrela" eu não gostei porque, embora consagrado e virou filme, da ironia sem concessões e o fim da personagem Macabéa, a datilógrafa alagoana. (*)

Este, menos ainda. E não gostar como NÃO GOSTEI, não afeta a legião de fãs que tem a Autora. Um deboche.

Pelo que vi há dissertação sobre essa obra.

Não me cabe no emaranhado de frases desencontradas, contraditórias e desconexas, encontrar um significado, o que quis dizer a Autora porque essas interpretações podem ir muito além da própria intenção dela. 

O livro é difícil de ler não pelo que ele contém, mas pela paciência em chegar até o fim dele.

Ela fala logo no começo de um terceira perna que nasce como capim... coisa sem sentido salvo pretendera a Autora fazer de sua personagem uma figura mentalmente afetada alucinada por imagens insanas.

Uma manhã ensolarada a personagem G. H. resolve limpar um cômodo de seu apartamento de luxo, onde vivera sua empregada Janair e o encontra praticamente limpo. Ja-na-ir?


No quarto arrumado ele encontra malas com suas iniciais G. H. e nada mais.

A partir daí elabora suposta sabedoria filosófica: estaria ela ao falar em "remorrer" lembrando de alguma outra vida? E para isso teria que "assassinar a minha (dela) alma humana?"

"Para que continue humana meu sacrifício será o de esquecer?"

E, então, no quarto ela encontra mal rabiscado na parede a figura de um homem, de uma mulher e de um cachorro.

Nas suas lucubrações paranoicas num dado momento G. H. se insere nessa figura feminina desenhada, mas fica meio sem significado a figura masculina, embora ela dissesse admirar afetuosamente os hábitos e jeitos masculinos. Mas, e o cão rabiscado, seria algum sinal de fidelidade? Se sim, a quem?

G. H. se considerava uma mulher bonita e atraente aos homens. 

E, então, abrindo o guarda-roupas, ela se depara com uma barata - a barata mais que G.H. passa a ser protagonista do livro.

G. H. lembra que a barata vive há milênios e sua sobrevivência se manteve superando todas as transformações e mudanças do planeta.

Ela incorpora a barata, pensa na boca do inseto, a prensa na porta, liberando de suas entranhas aquele composto branco que compõe o organismo do inseto.

Essa intimidade entre ela e a barata, naquele quarto onde batia o sol, me fez lembrar e muito o livro Metamorfose de Franz Kafka no qual o personagem Gregor Samsa acorda um dia transformado num inseto horroroso sem que houvesse qualquer explicação para o fenômeno.

"Já então eu talvez soubesse que não me referia ao que eu fizera à barata mas sim a que fizera eu a mim?"

E, então, G. H. afirma que sabia que teria que comer a massa branca da barata e esse gesto seria o antipecado, "porque assassino de mim mesma". 

E diz:

"O antipecado mas a que preço. Ao preço de atravessar uma sensação de morte."

E, ao colocar a massa branca da barata na boca G.H. se aproximaria do... divino?

E afirma: 

"Oh, Deus, eu me sentia batizada pelo mundo. Eu botara na boca a matéria  de uma barata, e enfim realizara o ato ínfimo."

"... não haveria diferença entre mim e a barata. Nem aos meus próprios olhos nem aos olhos do que é Deus."

"... a barata podia morrer esmagada, mas eu estava condenada a nunca morrer, pois se eu morresse uma só vez que fosse, eu morreria."

 Sobre Deus com algumas afirmações descabidas, no meu modo de considerar:

"Não é para nós que o leite da vaca brota, mas nós o bebemos. A flor não foi feita para ser olhada por nós nem para que sintamos o seu cheiro, e nós a olhamos e cheiramos. A Via-Láctea não existe para que saibamos da existência dela, mas nós sabemos. E nós sabemos Deus. E o que precisamos Dele, extraímos. (Não sei o que chamo de Deus, mas assim pode ser chamado.) Se só sabemos muito pouco de Deus, é porque precisamos pouco: só temos Dele o que fatalmente nos basta, só temos de Deus o que cabe em nós. (A nostalgia não é do Deus que nos falta, é a nostalgia de nós mesmos que não somos bastante; sentimos falta de nossa grandeza impossível - minha atualidade inalcançável é o meu paraíso perdido),


E a última frase do livro:

"Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? como poderia dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro."


► PAIXÃO: E qual a paixão de G. H.? Na sua loucura, uma barata da qual ingeriu aquela massa branca que dela verte quando amassada. Há outras paixões? Talvez, mas me recuso a ir em frente porque receio dizer o que a Autora no seu texto mesmo desencontrado não disse ou se disse... fica por isso mesmo.


FRASES:

"E solidão é não precisar. Não precisar deixa um homem muito só, todo só. Ah, precisar não isola a pessoa, a coisa precisa da coisa: basta ver o pinto andando para ver que seu destino será aquilo que a carência fizer dele, seu destino é juntar-se como gotas de mercúrio a outras gotas de mercúrio, mesmo que, como cada gota de mercúrio, ele tenha em si próprio uma existência toda completa e redonda."

"E o inferno não é a tortura da dor! é a tortura de uma alegria."

"O mistério do destino humano é que somos fatais (...) De nós depende realizarmos o nosso destino fatal."

"Também não se pode violentar Deus diretamente, através de um amor cheio de raiva."


Referência:

(*) Acessar:




 




quinta-feira, 4 de agosto de 2022

JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA - Projetos para o Brasil - Textos reunidos e comentados por Miriam Dolhnikoff

LIVRO 96 


 


 











O livro não explana com detalhes os precedentes da proclamação da Independência por D. Pedro em 7 de setembro de 1822 às margens do riacho do Ipiranga.

Em poucas linhas, então. 

Dom João VI voltara a Portugal por injunções políticas que lá espocaram, deixando aqui Pedro como príncipe Regente da Colônia.

Mas, Portugal passou a pressionar as atividades comerciais que mantinha a Colônia especialmente com a Inglaterra.

Pedro, foi chamado a Portugal. Sua ida significaria o enfraquecimento da aspiração da independência da Colônia que era alimentada no meio político mais esclarecido.
A princesa Leopoldina, esposa de D. Pedro de certo modo aliada a José Bonifácio o convencera em janeiro a permanecer no Brasil. 

Com o agravamento da pressão da coroa portuguesa que exigia a volta do príncipe a Portugal, Dom Pedro em viagem a São Paulo, em setembro, por cartas dirigidas a ele pela esposa e por José Bonifácio — que fora em janeiro nomeado ministro do Império e Negócios Estrangeiros —,  não só reafirmavam que deveria ele permanecer no Brasil e, por outra conta, proclamar a independência.

Este o trecho da carta da princesa Leopoldina:

 “O Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio, ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece. Pedro, o momento é o mais importante de vossa vida.

Dia 7 de setembro:
Então, D. Pedro proclama a independência afirmando mesmo que qualquer tropa portuguesa que estivesse no Brasil ou para cá viesse seria considerada inimiga.

José Bonifácio pela sua participação nos atos da independência, influenciando D. Pedro, seria proclamado o "patriarca da independência". 

Esse título seria alterado para patrono quase dois séculos depois, pela Lei nº 13615 de 11.01.2018 que estabeleceu no artigo 1º: "O estadista José Bonifácio de Andrada e Silva é declarado Patrono da Independência do Brasil."

O texto acima tem por objetivo dar um breve trato histórico não explanado no livro. Excertos do livro começam nas linhas a seguir.

Em meados de 1823 se indispõe com D. Pedro e pede demissão do ministério.

Eu imagino, pelos projetos que revela o livro, as ideias de Bonifácio, que não seriam difíceis desentendimentos com um monarca jovem como era D. Pedro. 

Nesse mesmo ano fora instalada a Assembleia Constituinte, na qual José Bonifácio como deputado constituinte apresenta dois projetos: o da libertação dos escravos e o outro o de civilizar os índios bravos do país. 

No caso do projeto da libertação dos escravos, a defesa de Bonifácio até surpreende pelos argumentos que usou. No período de 65 canos entre a proposição de José Bonifácio e abolição em 1888 houve muitos abolicionistas mas creio que Joaquim Nabuco foi o mais destacado deles.

Um trecho longo extraído da exposição de motivos de seu projeto abolicionista:

"Foram os portugueses os primeiros que, desde os  o tempo do infante d. Henrique, fizeram um ramos de comércio legal de prear (fazer prisioneiro) homens livres, e vendê-los como escravos nos mercados europeus e americanos. Ainda hoje perto de quarenta mil criaturas humanas são anualmente arrancadas da África, privadas de seus lares, de seus pais, filhos e irmãos, transportadas às nossas regiões, sem a menor esperança de respirarem outra vez os pátrios ares, e destinadas a trabalhar toda a vida debaixo do açoite cruel de seus senhores, elas, seus filhos, e os filhos de seus filhos para todo o sempre."
  
Quão terrível essa análise: os escravos no Brasil só seriam libertados 65 nos depois o que dá para entender o racismo atávico de tantos até hoje.

No que se refere aos indígenas, seu projeto de integração deles na sociedade brasileira foi bastante extenso, cuidadoso propondo câmaras em cada aldeia para controlar a vida social nessa linha catequista. sempre com a presença de um juiz, vigário.

O projeto, em 1823 fora por demais avançado. Havia os indígenas mais "aculturados" mas havia aqueles que ele chamava de "bravos".

E, então, para esses os missionários deveriam estudar a sua língua e costumes, seu caráter...

Mas, não civilizá-los à força.

E depois, eram os selvícolas "vagabundos" e "voluptuosos" que tinham um modo de vida com nenhuma ou poucas exigências materiais.

"Apesar da indolência excessiva dos índios, são em geral robustos, e amam a guerra, mas detestam o trabalho".

E muitos se perdiam no excesso de consumo de cachaça.

Relata José Bonifácio a presença do padre Vieira quando em 1615 se conquistou o Maranhão quando havia mais de 500 aldeias, em 1652 tudo se consumara. As aldeias eram poucas, cerca de 800 indígenas:

"Calcula o padre Vieira que em trinta anos, pelas guerras, cativeiros, e moléstias, que lhes trouxeram os portugueses, eram mortos mais de dois milhões de índios.

E, pondera, José Bonifácio que "o único favor que nos devem os índios é deixarem de comer carne humana."

Nos dias de hoje, os indígenas que sobreviveram a tudo isso continuam num processo lento de extinção adiada por causa das reservas que lhes foram garantidas, mas que vão sendo invadidas por grileiros, trapaceiros e devastadores das florestas.

José Bonifácio defendia, pode-se dizer, uma raça brasileira com a união de negros e brancos (nascendo os mulatos) e índios:

"Misturados os negros com as índias, e teremos gente ativa e robusta - tirará do pai a energia e da mãe a doçura e bom temperamento".

Em novembro de 1823 Dom Pedro extingue a Assembleia Constituinte por discordar dos seus rumos. Bonifácio é preso e exilado para a França onde permanece até 1829 ano em que volta ao país.

Mas, sobre esse gesto de violência política disse Bonifácio que "todas as tropas que dissolveram a Assembleia são criminosos de lesa-nação e como tais deveriam ser punidos" incluindo aqueles que prenderam os deputados invioláveis..

Informa o livro que José Bonifácio tinha facilidade em arrumar inimigos palacianos inclusive dos Castros, Domitila de Castro e Mello,  Marquesa de Santos, a mais notória entre as amantes de D. Pedro.

Por tudo isso José Bonifácio profere ofensas pessoais contra D. Pedro, do tipo: "soberbo sem estímulo de glória", "sensual sem delicadeza", "cruel por insensível", "sem amigos",  "invejoso e desconfiado"... e por aí vai. 

 ▼

● Literatura: José Bonifácio envereda ea literatura, faz análises de diversos autores anteriores ao seu tempo, discorre sobre a literatura portuguesa e espanhola e para ser poeta:

"A minha veia poética foi aguada pelo amor na primeira mocidade, depois pela vista e contemplação das grandes belezas da natureza em minhas viagens e estudos - para ser poeta é preciso ser namorado ou infeliz." 

 ● Filosofia

Força primordial: "A vontade é a força primordial verdadeira do universo, a que só pode morar nos grandes espíritos."

"Ao ser humano só foi dada uma ou outra faísca da verdade, mas não a plena luz, todos devem buscá-la sincera e zelosamente."

 ● Religião

"O clero, quando não pode ser amo, é escravo dos reis."

"A religião que convida à vadiação e faz do celibato uma virtude é uma planta venenosa no Brasil. Demais o catolicismo convém mais a um governo despótico que a um constitucional."

 ● Miscelânea

"Por que motivo as mulheres devem obedecer as leis feitas sem sua participação e consentimento?"

"Os homens desejam e depois amam; as mulheres amam e depois desejam."

"A verdade é um dos dons mais preciosos que o homem obscuro pode fazer ao homem poderoso."

"Boa regra de viver: fugir de grandes, e cortesãos, sobretudo de frades e clérigos."

 ● Pessoal

"Sempre gostei de passar de um livro a outro diferente, assim como de uma ocupação a outra."

"A fdp ( baixo calão grafado literalmente no texto) da morte,  pois pelo pecado entrou no  mundo, ainda que pouco me importa saber de onde entrou. Enquanto estas duas pernas de aranha puderem mover-se, buscarei fugir-lhe, pondo-me em marcha a grão galope."


FINALIZANDO...

● José Bonifácio, estudou em Coimbra, especializou-se em mineralogia e, por causa dessa especialidade viveu na Europa dos 20 aos 56 anos;

 ● Ecológico. Destruição da matas segundo Bonifácio, já em 1823: preciosas matas desaparecendo pelo machado e e pelo fogo destruídas pela ignorância e pelo egoísmo... "com o andar do tempo faltarão as chuvas fecundantes que favorecem a vegetação e alimentem nossas fontes e rios... "em menos de dois séculos ("nosso belo Brasil") ficará reduzido aos páramos e desertos áridos da Líbia. Virá então esse dia  (dia terrível e fatal), em que  a ultrajada natureza se ache vingada de tantos erros e crimes cometidos". 

● O livro contém 212 páginas, é denso com alguma dificuldade de interpretação mas tem o mérito de trazer algumas informações preciosas do modo de vida daqueles tempos pós independência, da escravidão, dos índios, perfil de D. |Pedro e do próprio José Bonifácio que seria proclamado o "Patriarca da Independência";

● O livro não é só isso. É MUITO mais. Um precioso documentos histórico pelo qual se se conhecerá, fora o âmbito político, um pouco do cotidiano nos tempos pós independência.



sexta-feira, 24 de junho de 2022

O VERMELHO E O NEGRO de Stendhal


LIVRO 95

O AUTOR

Stendhal é o pseudônimo do escritor francês Marie-Henry Beyle (1783-1842)

O LIVRO

Lançado em 1830 há quase 200 anos e está sendo publicado até hoje. A edição que tenho é de 1981, bem caprichada, pela Abril Cultural.

Em fonte minúscula (tamanho das letras), difícil de ler, então,  essa edição contém 488 páginas, Se adotada a fonte 11 ou 12, o tamanho normalmente utilizada em edições a quantidade de páginas alcançaria, calculo, cerca de 700.

O livro tem páginas maçantes, até contraditórias às vezes, mas o Autor o escreveu, pelo que pesquisei, com pena de ganso. É muita coisa!

O livro me interessou para tentar desvendar alguma coisa dos costumes da época, sem eletricidade, poucos divertimentos. Então, o que mais li foram "tédio", bailes, óperas, reuniões. Nos dias quentes à noite algumas horas nos jardins nas casas de gente abastada. Sob o luar...

Ninguém nunca me disse, mas eu faço uma trilogia desse livro com outros dois, a saber:

● O Vermelho e o Negro de Stendhal (1830)

● Madame Bovary de Gustave Flaubert (1856) (*)

● Anna Karenina de Liev Tolstoy (1877) (**)

A trilogia trata do adultério com final trágico. Esses três livros acima, todos 

publicados no século XIX como se vê.


O TEMA

O romance, posso dizer, chega a ser tumultuado.


Tudo se passa na cidade fictícia de Verrières, O prefeito da cidade, Sr. de Rênal, por indicação do cura da cidade, o padre Chelan que estava sendo afastado da cidade, indicou um jovem latinista - recitava em latim o novo testamento -  noviço ou seminarista, mas nunca além disso, de nome Julian Sorel filho de um carpinteiro que muito o maltratava na serraria.

Julian foi contratado como um tipo de preceptor dos três filhos do prefeito para viver na mesma residência suntuosa passando a ter contato com todos da famílias, com a Sra. de Rénal, muito bonita e mais a criadagem.

O Autor descreve Julian com um jovem muito bonito, depressivo, angustiado pelas diferenças que se dava (ou ainda dá) pelo seu nível social, obrigado a conviver com aquelas pessoas abastadas, com outros costumes, modo, interesses e... a hipocrisia.

Os filhos dos Rénal se afeiçoaram muito a Julian, mas não só eles. Também a mãe, a Sra, de Rénal.

Aquela convivência diária, encontros constantes pela casa, à noite após o jantar, os passeios nos jardins nem mesmo a luz de velas, o luar muitas vezes, um roçar nos braços, nas mãos, chegando ao ponto de que ambos assumiram uma paixão desbragada.

E a paixão incontida costuma não ter limites. Ela clama pela intimidade e, a partir dai, mais paixão, até mesmo assumindo riscos que podem pôr tudo a perder tanto nos laços familiares como sociais.

Num dado momento da obra, Julian e a Sra. de Rénal passam a se encontrar no quarto dela, porque o marido dormia num quarto ao lado.

A paixão se torna voluptuosa.

Mas, esse relacionamento chama a atenção da camareira Elisa, que recebera uma herança e tinha pretensões de se casar com Julian.

Vendo frustrada sua pretensão, ela relata ao sr. Valenod, rival do prefeito inclusive quanto à sua esposa a quem assediara no passado, o suposto adultério da Sra. de Rénal com Julian.

Dai uma carta anônima inevitável. O prefeito perturbado a lê, perde o senso, desconfia, a esposa se sentindo uma pecadora diante da febre alta de seu filho mais velho, imaginando um castigo divino tenta confessar ao marido a traição mas ele não leva a sério a cena emocionada que criara a mulher.

Com o tempo, sendo transferido como seminarista para Besançon e depois num em Paris, por intervenção do Abade Pirard ele foi aceito passando a secretariar o rico Marques de La Mole.

O Marques, além da esposa, Sra. de La Mole, tinha dois filhos, Norbert, um jovem educado e a lindíssima Matilde,  Srta. de La Mole.

Mas, nesse meio tempo, Julian volta a casa da Sra. de Rénal, à noite e por uma escada alcança seu quarto... 

Numa segunda vez, ela o rejeita mas acaba por ceder ao amor. Na fuga, Julian é confundido com um ladrão e quase alvejado pelos criados da casa.

No castelo dos La Mole Julian começou a desenvolver para o Marquês um trabalho eficiente, escrevendo cartas, passando a conviver naquele ambiente sofisticado, participando de conversas, frequentando óperas, passeios a cavalo com Norbert mas sempre se sentindo depressivo pela sua origem.

E havia no seu contato diário, a linda Srta. de La Mole, que tratava Julian com indiferença até porque recebia com frequência pretendentes muito ricos. Quem era, afinal, Julian que não um serviçal de seu pai?

Mas, com o tempo ela se encanta e se apaixona por ele, desprezando todos os pretendentes.

Aqui também uma escada leva o amante ao quarto dela.

E então, mesmo com esses encontros o Autor não se cansa de remeter a pergunta que ambos fazem, "ela me ama", "ele me ama".

Num certo dia ela revela sua gravidez e por carta informa esse estado ao seu pai, dizendo amar Julian e que fora ela quem o seduzira.  O Marques de La Mole se desespera.

Eram trocadas cartas mesmo morando na mesma moradia...

Procura informações de Julian diretamente com a Sra. de Rénal que por carta relata o romance adúltero que tivera com o ele.

Matilde, diante do desaparecimento de seu pai depois dessa carta, chama Julian que estava em Strasburgo e ao saber que fora autora sua ex-amante, resolve assassiná-la em plena missa em Verrières.

Dois tiros não fatais: somente um tiro atinge a Sra, de Rénal no ombro que logo se cura.

Julian é preso e confessa a premeditação. Em meio a muita emoção, o júri de Besançon o condena à morte na guilhotina.

Recusa-se a recorrer da sentença de morte. Mas, depois recorre (?)

Matilde e Sra. de Rénal o visitam gerando ciúmes da primeira que tudo faz para libertá-lo.

Julian, desesperado, pede à Sra. de Rénal que cuide de seu filho porque acreditava que, com sua morte, Matilde o abandonaria.

Até que chega o dia da execução que se consuma. O Autor nada fala do recurso. 

Matilde retém a cabeça do amado e na presença de Fouqué, amigo leal de Julian, que tudo acompanha, a sepulta numa gruta que mandara enfeitar.

O Autor sobre Sra. de Rénal dá um final inesperado. Três dias depois da morte do amado, ela também falece, mas não por suicídio porque prometera a Julian não executar esse ato extremo. 


► O livro não é só isso. Há muito mais em suas quase 500 páginas que como disse, na edição em meu poder foi composto em fonte minúscula

Referências

(*) Acessar: MADAME BOVARY


(**) Acessar: ANNA KARENINA