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domingo, 9 de outubro de 2022

O HISTORIADOR de Elizabeth Kostova

LIVRO 99


Esse livro tem 900 páginas, mas regulando o tamanho delas, numa edição convencional creio que chegaria a umas 700 páginas.

Nunca dele ouvira falar embora traduzido em vários idiomas. Pensei em desistir da leitura mas assumi que livro começado tem que ser terminado. E, por isso, andei lendo livros ruins nestes tempos.

Por isso, vacilei muito em falar aqui sobre a obra porque ela trata do vampirismo, de Drácula que, no fundo, no modo de tratar o personagem, ele se confunde com o próprio demônio. 

Nas páginas finais as descrições do personagem Vlad III (Drácula)  num tempo em que poupara por um fio a vida e convivendo "amistosamente" com o professor Rossi, já combalido porque fora vítima da sanha por sangue do vampiro, são muito convincentes a ponto de mexer um pouco com aquilo que costumo chamar de "porão do psiquismo" ao soprar "poeira tóxica assentada" na interioridade, afetando o equilíbrio espiritual.

Há filmes que a mim tiveram esse efeito de modo mais intenso.

O livro não é destituído de interesse. Há suspense, literatura - a descrição das belezas de Budapeste, capital da Hungria - de vilas remotas da Bulgária, viagens e impressões outras que dão valor ao livro.

No tocante ao enredo propriamente dito, a própria Autora, "não consegue" estabelecer as razões que motivaram o personagem professor Rossi a se interessar pela vida de Drácula, encontrar seu túmulo e se fora ou não decapitado.

Alguns motivos disponíveis: por que fora um forte combatente à invasão otomana na Europa? Pelos seus atos de crueldade infligidos aos inimigos e desafetos?

Sobretudo, claro, o interesse literário de contar uma boa história o quanto possível.

Não diz o livro mas digo eu: a busca pelo mal de modo tão intenso faz com que se conviva muito com ele. Assim com o personagem Rossi. As drogas podem ser tomadas como exemplo: começam como experimento e depois ela simplesmente destrói a saúde mental / espiritual do viciado.

Pois Vlad III (Drácula) que reinou na Valáquia, na Romênia entre 1450 e 1460, ao fazer prisioneiros nas batalhas contra os otomanos, era de extrema crueldade. Esses infelizes eram empalados e permaneciam pendurados nessas estacas enfrentando sofrimento atroz até que a morte ocorresse.

O conde Drácula faleceu em 1476

A fama de Drácula vampiro não fica muito clara o que parece ser, rigorosamente, um mito.

Há momentos sutis no livros que ocasionalmente a Autora o compara com Stalin e Hitler.

ARGUMENTOS DA OBRA

O professor Bartholomeu Rossi era famoso historiador e professor, especialista na história medieval que sem um motivo claro, passou a se interessar pela vida de Drácula.

Aproximando-se demais desse personagem, um dia recebeu sem saber a origem um estranho livro no qual entre páginas em branco, havia um desenho bem elaborado de um dragão.

Seu aluno Paul, que fazia doutorado sob sua orientação sobre assunto diferente do vampirismo, também recebeu esse livro misterioso passando a haver aí uma identidade de pesquisa entre orientador e orientado: onde estaria o túmulo de Vlad, ele fora decapitado ao ser derrotado pelos otomanos?

Nesses envolvimento todo, há pelo menos uma morte, um aliado de Rossi, com um corte profundo na garganta. E outro em Istambul.

Nessa pesquisa, um dia, Paul,  na biblioteca se depara com um mulher jovem, que descobre ser antropóloga, que se interessara pelo mesmo assunto. Buscando na biblioteca, descobre que o nome dela era Helen Rossi.

Ambos se aproximam. Certo dia, Helen é atacada por um estranho bibliotecário que vigiava seus passos a os de Paul, um vampiro que consegue feri-la com breve sucção de sangue em sua garganta.

Ela tinha uma arma de fogo e atinge o vampiro não "mortalmente" que foge.

Um aliado de Paul e Helen, Turgut morador de Istambul - que pertencia  à "Guarda do Crescente do sultão" (!) agora com poucos membros -  inimigo secular de Drácula - também o perseguia chegando a dizer que quando criança fora ele, o vampiro,  exposto à tortura praticada por soldados inimigos, seus "mestres" que o vigiavam. Drácula fora entregue por seu pai aos inimigos numa troca de guerra.

Ora, Helen era húngara e não poderia ser a filha do professor. Mas, na Bulgária Paul que viajara com ela descobrira que realmente Rossi era o pai  de Helen que a negara porque poderia ter ingerido uma droga em suas andanças que afetavam a memória.

Para evitar a vergonha na família no lugarejo, a jovem mãe que tivera por pouco tempo um relacionamento apaixonado, foge para a casa da irmã, na Hungria, onde nasceria Helen.

Mas, o professor Rossi desaparece e ambos viajam juntos em busca do paradeiro do professor e pai e, estabelecendo-se uma correlação com a busca do próprio túmulo de Drácula.

Eles se apaixonam aumentando o interesse pelas buscas. Mais tarde se casam.

Nasce uma filha.

Chegam numa remota localidade da Bulgária, num mosteiro medieval no qual alguns monges habitavam, depois de escaparam por um tempo de Renov, guia "obrigatório" e agente do governo autoritário (soviético).

"Na Bulgária nunca se esta longe das montanhas... - Balkan é uma palavra turca que significa montanha."

E no mosteiro na escuridão e à luz de velas descobrem um "relicário", um túmulo, um sarcófago entreaberto mas com tampo pesado e lá estava o professor Rossi, já transformado por Drácula num vampiro.

Rossi explica com muita dificuldade que Vlad o havia dominado para ser bibliotecário do imenso acervo de livros que possuía, mas pela sua relutância, fora transformado num morto-vivo. Então, Paul e Helen providenciam sua morte nos rituais consagrados para casos daquela natureza (a introdução de uma estaca no coração do vampiro). 

O que disse Vlad sobre o bem e o mal:

- A História nos ensina que a natureza do homem é perversa, de uma perversão sublime. O bem não é aperfeiçoável o mal sim.

Tempos depois, Paul e Helen visitam o velho mosteiro em Les Bains na França e lá se hospedam. Pela manhã ele constata que ela havia desaparecido. 

Só saberia mais tarde. Ela revelaria que fora atacada pela segunda vez pelo vampiro. Não cuidara em ter dentes de alho em suas roupas e o crucifixo havia caído do seu pescoço. Dai o ataque.

A terceira sucção a transformaria, também, numa morta-viva. 

Haveria, então, que destruir o inimigo demoníaco.

Tendo a pista de cartões postais da mãe, a filha e seu namorado Barley viajam para a França, se dirigindo também para Les Bains e ali buscam o antigo mosteiro. Ela procurava por seu pai que havia dias não dava notícias.

Paul também estava dentro da cripta do mesmo mosteiro a procura de Drácula que poderia ter se mudado para lá fugindo da Bulgária - ele se escondia nesses mosteiros porque em vida , a despeito de sua crueldade, ajudara na construção deles.

Helen também estava no mesmo local. Tudo coincidência...

E é nessa cripta que todos se encontram, até mesmo o mestre James diretor da Universidade que apoiava as pesquisas de Paul e naquele ambiente sem iluminação, a luz de velas, se deparam com Drácula. Tem início uma luta corporal. James na luta é jogado longe mas Drácula abre a guarda o que permite que Helen, eximia atiradora, com arma carregada com balas de prata acerte o coração de Drácula. A bala de prata (tinha que ser desse metal, para ser mortal) faria o vampiro se reduzir ao pó? 


O livro não é só isso. O volume contém  900 páginas. Sobretudo um passatempo para quem gosta de "cenas" de terror e suspense.