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domingo, 26 de janeiro de 2020

ENEIDA de Públio Virgílio Maro

Livro 68



















(V. obs. no final)

A ENEIDA é um poema épico que conta a história de Enéias, troiano que escapou da guerra de Troia, como herói mesmo sendo seus exércitos derrotados pelos gregos que conseguiram entrar na cidade com o famoso cavalo de madeira ("o presente de gregos").

Nesse cavalo de madeira, de proporções, se escondiam militares gregos que praticamente destruíram Troia.


O exemplar que tenho de Eneida é em prosa, não em verso, como se constitui a obra de Virgílio, edição dos primeiros anos da década de 1940.


A obra de Virgílio foi publicada há mais de 2000 anos, pouco tempo antes do surgimento do cristianismo.


Concluí como mero ledor, não estudioso das obras gregas, que de Homero há dois livros fundamentais, Pela ordem os interessados deveriam começar pela Ilíada (*), obra densa, com cerca de 500 páginas, depois a Odisseia (**) e, por fim, o obra Eneida.


Isso porque pelo que constato, na Ilíada se encontra o relato da guerra de Troia, sua origem e mesmo a tragédia dos embates. 

Na Odisseia a obra relata os dissabores de Ulisses após a vencida a guerra de Troia até conseguir voltar ao lar depois de 20 anos ausente. 

E na Eneida, a figura de Enéias, guerreiro heroico de Troia e suas lutas para se instalar no Lácio, Itália.

Também ele vence obstáculos de toda natureza, o ódio e as ciladas da deusa Juno. 


Mas, o livro tem cenas de amor, de suicídio por amor e muitas lutas violentas, a poder de lanças e flechas. Essas lutas ou guerras tinham por objetivo, além de conseguir extensões da Itália para fundarem os troianos comandados por Enéias uma nova cidade também, por elas  a conquista de Lavínia noiva que lhe fora prometida pelo rei Latino mas que seria depois seu inimigo na guerra por injunção de Turno.

Na obra Eneida há também, como na Odisseia de Homero, monstros. Destaco as harpias que voando dos montes, batendo suas asas com "horripilante ruído", roubam as iguarias "sujam  tudo com seu imundo contato" e exalam mau cheiro e seus gritos selváticos.

A heroína: Camila, de peitos nus, luta bravamente ao lado de Turno, mas é morta em combate. 



Virgílio na "Divina Comédia" de Dante Alighieri, foi seu guia 

e instrutor quando da "visita" ao "Inferno" e ao Purgatório" 

(***)

Enéias com a ajuda de sua mãe, a deusa Vênus, escapa de Troia devastada pela gregos. No trajeto da fuga, na qual o acompanha seu filho Ascânio, desaparece sua esposa Creusa por ordem dos deuses do Olimpo.

Mas, qual a causa central dessa guerra? O rapto pelo troiano Páris, da linda espartana Helena, esposa de Menelau. Teria sido rapto ou fora uma decisão dela em fugir com o amado? São perguntas que os estudiosos fazem até hoje.

Na obra Eneida, se lê:

"Não lances a culpa à formosa e odiada Helena nem a Páris tampouco; foi a inclemência dos deuses que destruiu a poderosa Troia."

Quando conseguiu, com seus navios se afastar da região de Troia devastada, por má influência da deusa Juno, os ventos soprados pelo deus Eólio fazendo o mar revolto, os troianos aportam sem o saber nas terras Líbias, na cidade de Cartago na qual a bela Dido, a rainha, vinha construindo.

Enéias e seu grupo são bem recebidos em Cartago. Enéias  relata a Dido todas as suas aventuras, as batalhas em Troia destruída e incendiada, evitado o reino de Ítaca, berço do cruel Ulisses, a morte brutal do velho Priamo, rei troiano...

Por obra de Citereia (Vênus), atacada por Cupido disfarçado, Dido se apaixona por Eneias e pensa em retê-lo para com ele viver. Se entrega a ele, mas Júpiter ordena que seja Enéias, avisado pelo mensageiro Mercúrico que não seria Cartago o seu destino e o obriga a viajar nos rumos do seus destino (fados) a Itália.

Eneias se emociona em deixar Dido. Esta, perdida de amor e  pela fuga de seu amante, envergonhada, se suicida.

















Chegando à Sicília, em homenagem a seu pai, Anquises, promove jogos fúnebres mas as mulheres troiana, cansadas das viagens e por sugestão de Juno, incendeiam navios. Então Eneias, funda a cidade de Acesta, deixando lá as mulheres e os inválidos, seguindo seu destino.

Aporta então Cumas e lá se encontra com Sibila, aquela que "inspira o furor divino e revela o futuro". Com ela desce aos infernos para ver a sombra" do pai, Anquises. Nesse ambiente sombrio constata todo o sofrimento daqueles que em vida pecaram gravemente, as desgraças que afetam os mortais, horríveis monstros...

Chegam na caminhada num ambiente mais sereno, nos "Campos Fortunados" onde se reúnem aqueles  heróis, "dos que em peleja morreram pela pátria, os sacerdotes puros durante a vida, os vates piedosos, que disseram coisas dignas de Apolo, os que inventaram artes para  melhorar a vida..."

Eneias encontrou a sombra do pai. Tenta abraçá-lo mas sendo uma sombra escapa pelos seus braços.

Anquises então explica ao filho o modo de renascer na terra, muita semelhança com os que pensam em reencarnação. São "almas depuradas" as que voltam à vida, "para que deslembrados do passado, tornem a ver a face da terra e queiram voltar aos novos corpos".

Prosseguindo na viagem chega à foz do Rio Tibre.

O rei Latino percebe a presença de estrangeiros e que pretendiam se apossar de extensões da Itália.

Nessa perspectiva estava Lavínia acendendo as chamas dos altares dos deuses ao lado do seu pai quando um prodígio se realizou ampliando-se o fogo por todo o recinto e queimando parte dos longos cabelos dela.

Foi considerado um presságio.

Então Latino consultou um oráculo. Este confirmou que um estrangeiro ilustre  chegaria e deveria desposar sua filha Lavínia.

Latino recebeu Enéias e sua comitiva muito bem. Ofereceu área para que construísse uma cidade e ofereceu sua filha em casamento.

Eis que Juno, esposa de Júpiter que odiava os troianos, interveio para, por uma divindade do mal, "envenenar" Amata que cuidava do casamento de Lavínia com Turno.

Ela não convence Latino a romper com o prometido a Enéias e então o ódio e transferido a Turno que declara guerra os troianos, buscando somar ao exército italiano outros facções de reinos vizinhas.

Enéias, por sua vez, ao saber da guerra declarada também busca outros aliados. Orientado pelo deus Tiberino busca Arcade e pede o apoio do rei Evandro.

Evandro aceita ajudar destacando seu filho Palante para comandar o seu exército em apoio a Enéias.

Os combates violentos são descritos por Virgílio de modo realista, como neste trecho:

"Ouvem-se os gemidos dos moribundos, na sangueira rolam armas, cadáveres e cavalos a morrer acende-se áspera batalha".

Latino se arrepende muito de não ter mantido a promessa feita a Enéias, aceitando a guerra proclamada por Turno também pretendente de sua filha Lavínia.

Turno é auxiliado por sua irmã Juturna que pode ter ferido Enéias com uma flecha (a obra não revela isso) mas ele se recupera logo com a ajuda de Vênus.

Enéias e Turno eram exímios lutadores e praticamente venciam todos os adversários a frente.

Na luta final entre Enéias e Turno, havia a sensação de que este seria ele morto pelo adversário.

Turno permanece indeciso, medroso e a distância. Enéias, então, atira de longe a lança que trespassa a coxa de Turno que se ajoelha indo ao chão aquele corpo avantajado (v. a imagem da capa do livro).

Ao se aproximar do adversário caído, Enéias até vacilava em matá-lo, ouve dele que Lavínia lhe pertence, que ele vencera a guerra,  mas vê nos ombros despojos do jovem Palante - filho de seu aliado Evandro - morto por Turno e, então, cheio de ira, "impetuoso embebe a espada no peito do inimigo".

MORAL DA HISTÓRIA

Não se subestime a fé dos mortais nesses poemas épicos aos seus deuses pagãos, porque as orações nos momentos difíceis eram as mesmas de hoje nas quais os crentes rezam para Deus ou suas Divindades: as orações dos mortais gregos e troianos pediam aos deuses, a vitória, a preservação da vida nas batalhas e nas intempéries, realização de desejos...

Então, nem se estranhe a presença permanentes dos deuses do Olimpo muitas vezes se relacionando com os mortais, porque tantos são os que creem que Deus e as Divindades de hoje também agem respondendo orações piedosas.

Há inclusive o cumprimento dos fados (do destino) que Júpiter reluta em mudar ao pedido que ajudasse Enéias nas batalhas.


Referências


Observação: Esta resenha / comentários está melhor desenvolvida no reunião das três obras, Ilíada e Odisseia de Homero e Eneida de Virgílio. Os textos foram revisados e ampliados.

Acessar: ILÍADA, ODISSEIA E ENEIDA